Adultos de volta ao comando – menos no Afeganistão

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Os olhos do mundo estão voltados para os acontecimentos no Afeganistão. Não teria como ser diferente. A tomada do país pelo Talibã acende o alerta para um recrudescimento do terrorismo islâmico, além de despertar uma preocupação desesperadora com o destino dos cidadãos que vivem em uma terra dominada por um grupo terrorista.

Tal investida do Talibã só foi possível graças a retirada das tropas americanas do Afeganistão, iniciativa do presidente Joe Biden. Mal elas saíram e lá estavam os terroristas ganhando terreno, conquistando cidades e avançando até chegar ao ponto de ter o país sob seu controle. Biden pode não ser o único culpado por isso, mas de longe é o maior responsável por essa situação.

Como vocês podem imaginar, nenhuma palavra desabonadora contra Biden foi dita pelos ditos especialistas da grande mídia. Alguns até lembraram da ideia do ex-presidente Donald Trump de retirar as tropas americanas do Afeganistão, como se uma saída organizada seguindo os ditames de um plano fosse a mesmíssima coisa da maluquice ordenada pelo atual ocupante da Casa Branca. Não custa nada lembrar que Trump coordenou algo semelhante na Síria – sem incidentes ou algo sequer parecido com a presente catástrofe afegã.

Diante dos acontecimentos trágicos que ele mesmo foi responsável em grande medida, o que fez o presidente dos Estados Unidos, o líder do mundo livre? Acredite se quiser: tirar férias.

Pressionado por todos os lados, Biden interrompeu suas ‘’férias’’ e voltou para fazer um pronunciamento oficial. Falou da crise no Afeganistão, dos americanos que estão lá correndo perigo ou de como a América vai ajudar os afegãos que fogem desesperadamente do país? Nada disso. Em mais uma prova da sua megalomania, Biden repetiu suas corriqueiras groselhas sobre a pandemia, além de fulminar os governadores republicanos por causa do recente aumento de casos. Se Biden tem alguma especialidade, certamente a desconversa é uma delas.

Para além da reconhecida incompetência de Biden, outros aspectos chamam bastante atenção. Os neocons apoiaram os governos dos Bush e foram os arquitetos das guerras e invasões americanas durante esse período.

Eles rejeitaram Donald Trump por sua política externa isolacionista, com muitos deles votando em Hillary Clinton e Joe Biden – alguns até abandonaram o Partido Republicano por ojeriza ao trumpismo. Pois bem, o desastre afegão representa o Waterloo para o neoconservadorismo por demonstrar a estupidez da ideia de alcançar a paz mundial levando a democracia no porrete a países com culturas e modos de vida tão divergentes. Os EUA gastaram trilhões de dólares e perderam milhares de vidas durante vinte anos para o Talibã acabar com a ‘’festa’’ em apenas um dia.

Prometendo levar a democracia ao resto do mundo, os neocons iniciaram uma série de conflitos inúteis que serviram apenas para debilitar os EUA. Com exceção da preferência direitista em alguns aspectos culturais, eles estão presentes nos dois grandes partidos da política americana. Tanto democratas quanto republicanos – com exceção dos partidários de Trump – pensam dentro da caixinha neoconservadora quando o assunto é política externa.

Quanto aos inimigos da América, a comemoração mal disfarçada diz tudo. A vitória do Talibã foi entendida como uma derrota americana, mesmo com as consequências óbvias que a tomada de poder por um grupo terrorista irá provocar. A nata da militância progressista exige no Ocidente mutações culturais e legais para alcançar os sonhados objetivos da sociedade multicultural para logo em seguida apoiar radicais islâmicos que matam homossexuais e espancam as mulheres recalcitrantes aos ditames da Sharia.

Ion Mihai Pacepa – o desertor de mais alta patente do bloco soviético – relatou em seu livro Desinformação como era fácil ensinar aos jovens ocidentais a odiarem a América. Pacepa falava da Guerra do Vietnã, uma derrota americana facilmente evitável se o governo não tivesse cedido aos protestos contra o conflito. Os EUA saíram do Vietnã e deixaram o caminho aberto para o genocídio comunista, mas disso ninguém do beautiful people fala, pois além de ser mais um podre da esquerda, sua simples menção colocaria os histéricos denunciadores dos ‘’crimes de guerra americanos’’ em total descrédito – dentre ele gente como John Kerry e Hillary Clinton. A virulência na hora de acusar a América do que os comunistas sempre fizeram não foi vista na ocasião, como também não é vista agora contra os inimigos do Ocidente.

Quando Joe Biden tomou posse o clima de euforia era latente no mainstream. Alguns falavam em ‘’volta ao normal’’, ‘’retorno da civilização’’ e ‘’fim do pesadelo’’ com a saída de Donald Trump da Casa Branca.

Um certo jornalista falou que os ‘’adultos estavam de volta ao comando’’.

Pois bem, em sete meses de governo o presidente Biden propiciou aos americanos mais inflação, restrições intermináveis com a desculpa de combater a pandemia, uma crise sem precedentes na fronteira com o México e aumento desenfreado da criminalidade.

Se a coisa não estava ruim o suficiente, o renascimento do terrorismo islâmico após anos de marasmo lembrou que o enfraquecimento dos EUA perante seus inimigos é parte da plataforma democrata. Os adultos estão de volta ao comando, menos no Afeganistão.

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Carlos Júnior

Jornalista

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