Marcha da Família: A maior mobilização da história do País pode servir de contribuição para o Dia 7 de Setembro

03/09/2021 às 20:44 Ler na área do assinante

O período era conturbado. Instabilidade política, flerte com o comunismo chinês, falta de liberdades individuais, crescimento de movimentos de esquerda, reforma agrária e enfraquecimento da propriedade privada e as ideias progressistas sendo inoculado no coração da sociedade. Reconheceu alguma semelhança?

“A Marcha da Família com Deus pela Liberdade” aconteceu em 1964, em um clima de forte polarização política e intensificação da mobilização das instituições civis, e empregou um importante ponto de inflexão para o país.

Foi promovida por grupos conservadores e contrários às reformas de base propostas pelo então presidente da República, João Goulart. Essas reformas tinham como “verniz” promover o desenvolvimento econômico e social, mas no seu DNA era forte a influência de ideias socialistas, como centralização econômica, retomadas de refinarias para o setor público, distribuição de terras e populismo.

Houve várias “Marchas”, mas a maior aconteceu no Rio de Janeiro, em abril, e contou com aproximadamente 1 milhão de pessoas. Um número expressivo, já que a população brasileira na época era de cerca de 80 milhões de pessoas.

A Marcha reivindicava a Constituição de 1946, a “democracia” liberal, a intervenção estrangeira na economia nacional e a defesa da propriedade privada; pautas que na concepção dos organizadores estavam postas em xeque pelas reformas do governo de Goulart.

Com o impacto do movimento e outros fatores de conotação político-partidária, o presidente da época foi deposto em uma manobra do parlamento.

Os gritos da mobilização eram de “Reformas sim, Comunismo não” e "Verde e amarelo, sem foice nem martelo". A Marcha foi um importante catalisador de instituições civis receosas por uma possível implantação de ditadura comunista, aos moldes da China (50 milhões de mortes e repressão de todas as liberdades) e Cuba (65 mortos por 100 mil habitantes e anulação da participação popular na política).

7 de setembro

Ao olhar para o retrovisor da história, é possível tirar muitas contribuições da Marcha da Família. Entre elas estão a forte articulação de setores civis; decisiva participação popular no processo político; fortalecimento dos valores conservadores; oxigenação da democracia; esclarecimento sobre o retrocesso político, social e econômico promovido pelos países que aderiram (a força) ao socialismo; o combate ao espírito revolucionário e ao itinerário marxista na cultura; e, principalmente, de que o poder do povo existe.

A mobilização de agora, no dia da Independência, pode servir como uma catapulta para o povo ter mais penetração nas decisões políticas e de reduzir o poder do establishment político e do judiciário.

Apesar da previsão constitucional (portanto não é golpe), a intervenção militar é um risco. Qual o controle dos efeitos civis desta medida? Hoje existem várias forças políticas e ideológicas que tornarão os resultados desta medida imprevisíveis. Podemos ter uma tempestade de verão, mesmo que muitos achem que será uma leve brisa de primavera. O mais importante do feriado de Independência é imprimir uma força popular; e não confiar em outras forças.

As armas devem ser as camisas em verde e amarela, as bandeiras do Brasil, o rosto das crianças pintado e um coração aberto para entender que mudanças são necessárias, mas podem ser demoradas. Como disse o presidente dos EUA, Abraham Lincoln.

“A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo.”

Que o povo, cada vez mais, assuma seu poder.

Thiago Lagares - Siga nas redes sociais, CLIQUE AQUI!

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