Diz o ditado popular que “o pior cego é aquele que não quer ver”. Isto também vale para a política.
“Cegueira” e “miopia” são duas “patologias” que, comumente, atingem protagonistas do ambiente político, corrompendo o seu habitual desempenho.
A primeira, via-de-regra, procede de duas causas principais: doutrinação ideológica ou fixação obsessiva (pelo poder) – incidentes, respectivamente, em prosélitos ingênuos e líderes sectários.
A segunda, é típica de atores desmedidamente vaidosos (ególatras), incapazes de enxergar um palmo além do próprio espelho (ou “bolha”), traídos pelo reflexo desfocado da realidade à sua frente.
São “anomalias” da visão que, a despeito do grau de deformação, podem ser agravadas ainda mais, desde que associadas a outro prejudicial componente “patogênico”, este de incontornável natureza “congênita”: o mau-caratismo – que se revela em sintomas comportamentais, tais como: cinismo, desfaçatez, hipocrisia, presunção.
Todos estão sujeitos a algum desses tipos de “distúrbio ocular”: políticos de carreira, artistas, analistas midiáticos, jornalistas, influencers, acadêmicos, religiosos – e demais “videntes”.
É a cegueira ou a miopia política que, usualmente, impedem seus portadores de visualizar, com maior nitidez, o significado fidedigno dos fatos e fenômenos que se precipitam, circunstancialmente, no horizonte da polis, por esses distorcidos (voluntária ou involuntariamente) em pérfidas e furtivas interpretações.
Este é o caso dos acontecimentos ligados à figura de Jair Bolsonaro – e mais, particularmente, às massivas manifestações populares que, com assiduidade e persistência, insistem em sancionar a sua imagem.
Não enxergam, nossos “deficientes visuais”, que a ascensão e mitificação de seu abominado “capitão” é fruto não de seus dotes ou poderes pessoais – como na tradição do “caciquismo” político (à qual estão amoldados) –, mas, fundamentalmente, do sentimento popular de aversão à “velha ordem” e seus tradicionais condôminos, inexoravelmente sentenciados em sua decadência imagética. É isto – e apenas isto – que ancora, até hoje (na ausência de outra alternativa), o crescimento da popularidade do Presidente e responde pela florescente mobilização da sociedade, em sua pessoa simbolizada, contra a ordem cleptocrática vigente.
Para “cegos” e “míopes”, todas essas manifestações – inclusive a do dia 7 de setembro (que tem assombrado a “intelligentsia”) – não passariam de “aparições artificiosas” ou “alucinações midiáticas”, supostamente ocasionadas ora pelo emprego viciado de postiços “robôs”, ora pela manipulação estúpida de imbecilizado “gado” – assim pretensiosamente desqualificadas tanto a empiricamente inconteste vontade popular, quanto a sua correspondente capacidade de discernimento.
Sem terem aprendido a lição de 2018, e repetindo os mesmos erros de antanho, tais petulantes “iluminados” (ou “iluministas”, como o ministro Barroso) ainda não se aperceberam que sua patologia visual vem de longe, desde o patético negacionismo das comprovadas revelações da Operação Lava Jato, passando por aquele do impeachment de Dilma Roussef, da perceptível derrocada do lulismo e, mais recentemente, pela obtusa denegação da democrática e legítima eleição de Jair Bolsonaro e do reconhecimento de sua notória (ainda que “incômoda”) popularidade.
São todos fenômenos interligados e associados a uma mesma e medular motivação, propositadamente, pelos sens-lunettes, ignorada: a repugnância e a revolta popular contra o tradicional establishment (status quo), hoje integralmente desvendado em sua repulsiva índole delituosa, e simbolicamente contestado através da exaltação de personalidades que se declaram, abertamente – encarnando o sentimento majoritário –, seus renhidos oponentes: outrora, Sérgio Moro; presentemente, Jair Bolsonaro.
Sim, o povo está exausto! De “saco cheio”! Já percebeu o jogo traiçoeiro e sórdido do “mecanismo”! Já desvendou e demarcou os seus contumazes artífices e beneficiários! Já entendeu que foi historicamente ludibriado e usado pelas ardilosas oligarquias (da “direita” à “esquerda”), travestidas de “democratas”. E vem demonstrando – esta é a novidade na ribalta (!) – que não aceita mais, daqui em diante, o simples e inócuo papel de coadjuvante da cena política – como, costumeiramente, no passado.
Ao que tudo indica, o “gigante” acordou. Parece que levantou, finalmente, de seu “berço esplêndido” – aturdindo quem estava acostumado, em zona de conforto, a se aproveitar de seu sono profundo e, amiúde, ingênuo e inofensivo.
Agora, na moldura do novo quadro em conformação, só os “cegos” e “míopes” ainda não decifraram (ou fingem ignorar) a crua e áspera realidade que, efetivamente, os cerca – e, terminantemente, os condena. E por isso pagarão caro pela incurável deficiência do “olhar”.
Alex Fiúza de Mello. Professor Titular (aposentado) de Ciência Política da Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Ciência Política (UFMG) e Doutor em Ciências Sociais (UNICAMP), com Pós-doutorado em Paris (EHESS) e em Madrid (Cátedra UNESCO/Universidade Politécnica). Reitor da UFPA (2001-2009), membro do Conselho Nacional de Educação (2004-2008) e Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Pará (2011-2018).
Quebraram as nossas pernas!
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“Velhas raposas” da política, através da malfadada CPI, comandada por figuras nefastas como Aziz, Renan e Randolfe quebraram nosso sigilo bancário. Nada irão encontrar.
O TSE, por sua vez, determinou a desmonetização do JCO. Uma decisão sem fundamento, sem qualquer intimação e sem o devido processo legal. Quebraram nossas pernas!
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