Caos no Afeganistão: os militares dos EUA lutaram, a CIA informou, o Presidente Biden falhou

19/08/2021 às 11:29 Ler na área do assinante

O mundo vive um momento dramático: a queda do Afeganistão para os Talibãs não significa apenas a perda de um país ou uma derrota militar.

No primeiro caso, estaríamos diante de uma tragédia para o povo afegão: os danos seriam geograficamente circunscritos e as forças do Mundo Livre poderiam controlar os danos facilmente e garantir os direitos humanos mais elementares dos afegãos.

No segundo caso, estaríamos diante de uma humilhação que ficaria para os livros de História, mas que não inviabilizaria a nossa oportunidade de escrever uma História no presente capaz de salvaguardar uma História ainda melhor para as gerações vindouras.

Por muito difícil que possa parecer, este não é o momento para desesperar nem para nos entregarmos a exercícios de dramatismo fatalista – este é o momento para refletirmos racional e seriamente sobre o curso que estamos deixando que o mundo tome.

A vitória dos Talibãs no Afeganistão representa uma expressiva reconfiguração da geopolítica internacional.

Em Outubro do ano passado, escrevemos em publicação portuguesa que a China e o Irã estavam negociando uma parceria estratégica que visava (e visa) unir os dois extremos do mundo num grande corredor, quebrando a influência internacional dos EUA e provocando a sua divisão interna.

A China e o Irã formalizaram este Pacto estratégico internacional (para o mundo ver!) em Janeiro transato. Com a tomada do Afeganistão pelos Talibãs, o Pacto China-Irã ganha nova preponderância internacional – ou, noutra perspetiva, a (re)conquista de poder político pelos Talibãs é (mais) uma manifestação do Pacto China-Irã.

Passamos a explicar.

Antes, porém, cumpre esclarecer aspetos que consideramos essenciais. Tem-se dito e escrito nos últimos dias, que os EUA saem humilhados do Afeganistão devido a uma falha épica dos seus serviços de intelligence. A CIA teria, assim, demonstrado a sua falta de efetividade operativa e deficiências analíticas que não seriam aceitáveis para a nação líder do mundo livre. Ora, isto é simplesmente uma gigantesca fake news repetida uma e outra vez sem contraditório – e até, para nosso espanto, foi aparentemente acolhida pelo Presidente Biden no seu discurso à Nação Americana. Deixemos as fantasias – e passemos à realidade. A CIA alertou várias vezes os para o erro que seria uma retirada militar apressada, sem planejamento estratégico, dos EUA do Afeganistão.

De acordo com os relatórios de inteligência elaborados pelos corajosos e perspicazes patriotas norte-americanos que serviram a sua (nossa) causa em território tão hostil, defendendo a democracia e a liberdade – os Talibãs acabariam por tomar a capital Cabul muito facilmente até à terceira semana de Agosto. A CIA e a comunidade de Intelligence norte-americana fez chegar aos políticos em Washington D.C vários relatórios – descritivos e prospetivos – antecipando tudo o que estamos assistindo e apelando, enfim, a uma ponderação da decisão de retirada (no timing e nas circunstâncias fixadas). As mulheres e os homens da CIA provaram mais uma vez a sua enorme competência e fidelidade à Liberdade – por elas e por eles, o Afeganistão nunca teria caído para os Talibãs. Não se inventem agora estórias para culpar a CIA por erros alheios.

Temos, no entanto, que elogiar o Presidente Biden por ter (corajosamente) assumido a sua decisão e dar a cara por ela (o que começa sendo raro na política internacional…). No entanto, o Presidente Biden não pode, sob pena de faltar à verdade ao povo norte-americano, afirmar que era impossível antecipar as consequências de uma retirada pouco cuidada; bastava ler os relatórios de intell. Qualquer pessoa em Cabul sabia que os Talibãs entrariam e tomariam o poder sem dificuldade.

E, na verdade, o Presidente Biden tinha até a tarefa facilitada – o Presidente Trump, graças ao trabalho soberbo de seu Secretário de Estado Mike Pompeo, havia deixado firmado um compromisso dos Talibãs com a administração dos EUA em que se garantia a sua integração no regime democrático e jogando de acordo com as regras da democracia (deixando, portanto, a sua natureza de organização terrorista). Os Talibãs seriam parte do novo regime afegão que se construiu (ou, pelo menos, tentou-se…) – e não do regime afegão anterior, que se destruiu. Os EUA desempenhariam um papel mediador entre os Talibãs e as forças do poder político afegão – caso não cumprissem o acordo, os EUA aplicariam consequências devastadoras para os Talibãs. Pelo menos numa primeira fase, os EUA manteriam um pequeno contingente militar e seria adotada uma estratégia de contraterrorismo e inteligência suscetível de garantir os interesses permanentes dos EUA e do Mundo Livre naquela região.

Ora, o Presidente Biden, em detrimento de trabalhar com base neste quadro (salutar) deixado pela Administração Trump, melhorando o que achasse que não estava bem e introduzindo as modificações que jugasse acertadas – optou por simplesmente rasgar o acordo. Constata-se, assim, que as fake news têm mesmo consequências: criou-se a ideia de que o acordo entre os EUA e os Talibãs não passara de uma precipitação, de um impulso do Presidente Trump – ora, na verdade, foi exatamente o contrário. O acordo foi apenas o resultado de um meticuloso trabalho encetado por Mike Pompeo enquanto diretor da CIA e depois como Secretário de Estado, sob a liderança do Presidente Trump, e das mulheres e homens da CIA e do Departamento de Estado. Não foi um impulso; foi um acordo trabalhado a pulso.

Resultado: com a (re)emergência dos Talibãs, teremos, numa zona do globo tão importante quanto sensível, um verdadeiro Estado islâmico governado pela shariah com o apoio estratégico do Irã e do Qatar – ou seja, uma conciliação, por razões geoestratégicas, entre Sunitas e Xiitas.

Quem é o padrinho desta conciliação? A China comunista – a qual vai aproveitar para um massivo exercício de propaganda mostrando que faz das fraquezas do mundo ocidental as suas forças.

A mídia ligada ao regime chinês já iniciou a paródia aos EUA para denunciar a incapacidade dos EUA em resolver questões internacionais. Por contraponto, a China comunista é capaz, de acordo com a narrativa do regime bárbaro chinês, de fazer as pontes mais exóticas, de conseguir o impossível com base na sua doutrina (pseudo) confuciana de evitar o conflito, a discórdia, o dissenso.

Sucede, porém, que o apoio da China tem um preço. Importa registrar que a China há muitos meses que está em negociações com os Talibãs, tendo, inclusive, equipado as suas “forças operativas”: os Talibãs entraram em Cabul com SUVs chinesas e armados com AK47 de fabricação chinesa. Há muito que a China prepara a insurreição talibã no Afeganistão para humilhar os EUA e o Mundo Livre.

Em troca, os Talibãs aceitaram conceder à China o monopólio da exploração de minério e de recursos energéticos pelo período mínimo de vinte anos. Por outro lado, a China, executando o chamado “Pacto Eterno”, quer que o regime Talibã faça pressão junto dos EUA e da União Europeia para restabelecer o Acordo Nuclear com o Irã, permitindo que os Ayatollahs possam ter acesso a bombas nucleares. Como o Afeganistão é um ponto estratégico das redes de narcotráfico , os Talibãs irão indiretamente pressionar a Administração Biden a autorizar o Irã a desenvolver a bomba nuclear em troca de impedirem o tráfico de droga para o Ocidente. Como? O Irã irá surgir como a resposta para os problemas do Ocidente: os Ayatollahs irão jogar com a Administração Biden no sentido de assumirem a responsabilidade de impedir a passagem de droga para os EUA e o Ocidente em troca da permissão do Ocidente quanto aos seus projetos de desenvolvimento de armas nucleares. Como elemento intermediador desta negociação estará Recep Erdogan, Presidente da Turquia – este assumirá o papel de zelador do acordo, falando diretamente com os Ayatollahs. Desta forma, Erdogan reforçará o seu papel na cena internacional: a Turquia será decisiva quer para a contenção do tráfico de droga para os EUA e a Europa, quer para o controlo dos fluxos migratórios para a Europa que começarão em breve em função do caos vivido no Afeganistão, quer como ponto estratégico que está no meio do corredor que liga os dois extremos do mundo e a sua relação privilegiada com a China e o Irão.

Quem terá recebido esta informação com entusiasmo foi a Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, a qual quer obsessivamente reactivar o (desastrado e desastroso) Acordo Nuclear com o Irão – isto para terminar com as sanções ao regime iraniano, o que permitirá às empresas alemãs aceder a um mercado que consideram importante e vasto. A Alemanha é o país europeu que mais exporta para o Irão. E Merkel já adocicou a sua relação com Erdogan nas últimas semanas: a Alemanha é aliada da Turquia, por exemplo, na questão da Líbia…

No entanto, Israel já fez saber que não permitirá que o Irão detenha uma bomba nuclear – Israel fará tudo o que for necessário para manter o regime diabólico iraniano longe de ter uma arma poderosíssima que utilizará em função das suas conveniências políticas. Os Ayatollahs iranianos não se importam de lançar o caos e a destruição apenas para sobreviverem politicamente. É um regime que não conhece limites para a sua maldade.

Isto mesmo foi comunicado pelo Primeiro-Ministro de Israel, Naftali Bennett, e pelo Diretor da Mossad, David Barnea, ao atual Diretor da CIA, William Burns, na passada semana (William Burns visitou Israel na terça-feira da passada semana, já na posse de informações sensíveis sobre a situação no Afeganistão).

A estratégia dos Talibãs será a de chantagem permanente com os EUA e o Ocidente em geral – com a China a mediar, reforçando o seu papel no quadro das instituições internacionais. China incrementará sua estratégia de moldar as instituições internacionais à sua medida. E os líderes chineses – o chefe dos serviços de intel chineses visitou, em segredo, o Afeganistão há cerca de duas semanas – garantiram aos Talibãs que, com o suporte de Erdogan, transformarão o Afeganistão numa potência regional econômica e militar. Com o ressurgimento do Afeganistão, controlado pelos Talibãs, o regime chinês pretende ajudar o regime dos Ayatollahs (com o seu novo Presidente ainda mais radical, Ebrahim Raisi) reerguendo o Império Persa.

Sabemos bem que o Irã dá enorme relevância à História e a Religião para ler e interpretar as dinâmicas geopolíticas – este Império Persa que Raisi quer construir com a ajuda da China comunista e dos Talibãs corresponde ao que aprendemos lendo a Torah sobre Gog e Magog: o inimigo maléfico que pretende invadir a Terra Santa e Eterna de Israel para destruir os Filhos de Israel. Se analisarmos bem as declarações dos Ayatollahs e, em especial, de Ebrahim Raisi estão cheias de mensagens subliminares, recordando Gog e Magog… No entanto, Israel nunca se deixará destruir – e os Filhos de Israel nunca se distraem, nem baixam suas defesas.

Uma última palavra para evocar o heroísmo, a dedicação à liberdade, ao patriotismo e a fidelidade a valores que transcendem a nossa existência individual dos bravíssimos homens e mulheres que lutaram no Afeganistão. Graças ao seu trabalho, as forças militares dos EUA podem, hoje e sempre, sentirem-se orgulhosas do seu trabalho – sem elas e eles, o nosso mundo estaria bem pior. Bendita seja a grandiosa bandeira dos EUA que tem a sorte de ser desfraldada por tão valentes heróis!

E a guerra, a guerra decisiva para a nossa existência, essa, só agora começámos verdadeiramente a lutar: trata-se da guerra contra a China comunista e o Irão terrorista. Vivemos numa guerra total, irrestrita e híbrida. Quanto mais tarde aceitarmos esta realidade evidente, pior será para todos nós. E aqui a nossa estratégia é bem clara: citando o Presidente Ronald Reagan, nós ganhamos, eles perdem.

Todos os inimigos da Liberdade, todos os que advogam o terrorismo, serão recordados, mais uma vez, que a Paz é mais elevada aspiração do Povo norte-americano – nós negociaremos, nós lutaremos por ela, mas nunca capitularemos por ela. Nós somos Americanos! – Presidente Ronald Reagan, Discurso de Inauguração, 1981.

A liberdade no Brasil está em risco!

O Jornal da Cidade Online está sofrendo ataques escancarados.

“Velhas raposas” da política, através da malfadada CPI, comandada por figuras nefastas como Aziz, Renan e Randolfe quebraram nosso sigilo bancário. Nada irão encontrar.

O TSE, por sua vez, determinou a desmonetização do JCO. Uma decisão sem fundamento, sem qualquer intimação e sem o devido processo legal. Quebraram nossas pernas!

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João Lemos Esteves

Articulista. Nascido e residente em Portugal. 

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