Cada vez que um ministro do Supremo Tribunal Federal interfere politicamente em outros Poderes, atraiçoando os fundamentos básicos da Constituição e do Estado de Direito;
Ou usa indevidamente a sua condição de juiz para tomar medidas arbitrárias e inconstitucionais, instituindo um quadro de insegurança jurídica e de persecutório totalitarismo;
Ou se manifesta de forma indecorosa, fora dos autos, revelando publicamente uma índole antiética, de pernóstica arrogância e exacerbado pedantismo.
Cada vez que o Congresso Nacional instaura CPIs com propósitos nada republicanos, dirigidas por parlamentares de ignominiosa biografia, sem moral para julgar ou acusar quem quer que seja, expondo a instituição ao deboche e à repulsa popular;
Ou que políticos e partidos de oposição, descontentes com votações no Parlamento ou incapazes de ali aprovar, por maioria, seus ardilosos fitos, apelam sistematicamente à Suprema Corte para lograr decisões da alçada estrita do Poder Legislativo, instaurando a perniciosa e fascistóide cultura da judicialização da política;
Ou mudam abruptamente de posição a respeito de matérias que outrora costumavam apoiar (como no caso do voto impresso auditável), demonstrando, perante toda a sociedade (a quem devem o próprio mandato), patente hipocrisia e vergonhoso casuísmo.
Cada vez que a grande mídia desrespeita as evidências dos fatos e, traindo despudoradamente a ética jornalística, investe em fake News e revela a sua absoluta e execrável parcialidade, auto descredenciando-se perante o público leitor e a massa de espectadores.
Cada vez que conluios e campanhas são orquestrados e executados visando à desestabilização do quadro de normalidade democrática para, em seguida, ser desmascarados e desmoralizados à vista da população.
Cada vez que notórios delinquentes são soltos, eximidos de seus crimes ou resgatados à plena cidadania por quem deveria, justo, proteger a sociedade de suas graves e contumazes ações delituosas.
Enfim, cada vez que famigerados hipócritas da “república”, individualmente ou em conjunto, ascendem à ribalta com a explícita intenção de difamar e derrubar, sem legitimidade, a qualquer preço, o seu elegido e preposto antagonista, em irrestrita antinomia à majoritária vontade popular, fica então explicitamente demonstrado para todos que o tradicional “mecanismo” – o portentoso esquema de corrupção e bandidagem que se infiltrou nos escaninhos do poder – continua vivo e operante, em busca da retomada plena do controle do Estado para fins espúrios, nos licenciosos moldes do passado.
São os mesmos personagens que, não obstante os degenerados intentos, a contragosto de suas escusas e delituosas motivações, num contrabando reverso ao próprio desejo, tornam-se, por ironia – e na razão direta da própria incoerência –, os principais propulsores do prestígio do oponente que açoitam, conferindo-lhe ainda mais robustez e popularidade enquanto única alternativa restante ao crime, por eles, organizado.
Sim, os principais eleitores de Jair Bolsonaro, tal-qualmente no passado, continuam sendo os Lulas, os Dirceus, os Ciros, os Dórias, os Renans, os Ozires, os Randolfes, os Rodrigos, os Alcolumbres, os Gilmares, os Alexandres, os Barrosos et caterva – toda a máfia que já não mais consegue se esconder sob as desgastadas máscaras pretéritas, há muito desveladas em seus costumeiros, cediços e já surrados disfarces de rotina.
São esses que, em suas repulsivas e incongruentes atitudes, acabarão por reeleger, para o seu irremediável desgosto, em contradição aos respectivos anseios, o “tosco” e “mal-ajeitado” capitão. Justo aqueles que, sem se aperceberem, traídos pelo próprio ego, em sua persistente presunção e absoluta indignidade, oferecem, gratuitamente, regra e compasso ao adversário comum, municiando-o de razões suficientes para acusá-los e rechaçá-los perante o eleitor, graças às suas gritantes e indisfarçáveis incoerências e sabidas improbidades.
Não percebem, “Suas Excelências”, que a “mitificação” de Bolsonaro, contra a qual inutilmente se debatem, é resultado paradoxal de suas próprias incongruências e, por tabela, da rejeição generalizada ao status quo vigente – do qual são artífices e avalistas. Repousa nessa premissa, antes de mais nada, as raízes sociológicas “mito”; já que este não é construído ao acaso, nem decorre de simples dotes pessoais de seu portador, conquanto fruto exclusivo de um sentimento popular e de um imaginário social que, circunstancialmente, o alicerça e alimenta – e sem o que o fenômeno não se explica.
Bolsonaro e o bolsonarismo, assim posto, são, na medida exata, contrabando e consequência de todos os desmandos e depravação da infame cleptocracia reinante, contra a qual se rebelam os cidadãos mais atentos e honrados da lesionada (e lesada) pátria tupiniquim, à cata de alternativas menos tóxicas e viciadas no cardápio político sob oferta. É isso que os meliantes de toga e de colarinho branco – traidores da república e da democracia – se abstém de reconhecer, compreender e processar – recaindo reiteradamente no mesmo lapso de origem e, por conseguinte, colhendo os “frutos indigestos” ao seu suspeitoso paladar.
“Bater” em Bolsonaro, dessa feita, é “bater” naquilo que ele representa e simboliza. Um tiro no pé. Pois se aquilo que ele representa continua imanente, pulsante e mobilizador no seio da sociedade vivente, toda reação em contrário será uma luta frustrante e inglória, de vez que combustível propício para alastrar os sentimentos de revolta e injustiça que, há muito, incendeiam os corações e mentes dos subjugados cidadãos comuns – imperceptível aos déspotas inconfidentes, usurpadores da soberania popular.
Não é sem causa, portanto, o crescimento das inúmeras carreatas, das gigantescas motociatas, de todas as mobilizações de rua que, contradizendo as fraudulentas pesquisas de opinião, só fazem testemunhar o óbvio e ululante: quanto mais os agentes do “mecanismo” se insurgem contra o Presidente, é contra a vontade majoritária da sociedade, nele simbolizada, que se opõem – impulsionando a correspondente reação das massas, no mesmo tom e proporcionalidade.
Eis, assim, revelados, no apropriado diapasão, os verdadeiros “eleitores” de Bolsonaro! Os genuínos algozes da república e da ordem democrática, hoje notoriamente reconhecidos, de norte a sul do país, em sua anojosa e sórdida devassidão. É contra esses sicários de plantão que o povo se indispõe! Contra tanta sujeira, pirataria, cilada e hipocrisia, encravadas nos estertores mais fétidos do pavimento nacional – definitivamente emergidos na superfície mais visível das inconfessáveis esparrelas, para azar dos habituais safardanas.
Talvez por isso que só reste, a essa altura, um último recurso aos presunçosos “donos do poder”, em sua irrefreável sanha pela restauração integral da pervertida e abjeta cleptocracia resistente: a fraude eleitoral.
No mínimo, é uma hipótese plausível a considerar, nesse iniludível pântano de patifarias e veleidades.
Quem duvida?!
Alex Fiúza de Mello. Professor Titular (aposentado) de Ciência Política da Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Ciência Política (UFMG) e Doutor em Ciências Sociais (UNICAMP), com Pós-doutorado em Paris (EHESS) e em Madrid (Cátedra UNESCO/Universidade Politécnica). Reitor da UFPA (2001-2009), membro do Conselho Nacional de Educação (2004-2008) e Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Pará (2011-2018).
Querem nos calar!
O Jornal da Cidade Online está sofrendo ataques escancarados das “velhas raposas” da política, através da malfadada CPI, comandada por figuras nefastas como Aziz, Renan e Randolfe.
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