Nova delação descreve propina para Renan durante o curso da Lava Jato
29/06/2016 às 04:42 Ler na área do assinanteUma nova delação, que ainda não tinha vindo à tona, descreve detalhadamente o caminho do dinheiro até chegar nas mãos do senador Renan Calheiros e de outros senadores do PMDB, além de ser clara demonstração de absoluta crença na impunidade, vez que relata negócios espúrios ocorridos entre 2013 e 2015, em pleno andamento da operação Lava Jato.
O delator é o economista Nelson José de Melo, ex-diretor da fabricante de produtos de saúde e bem-estar Hypermarcas.
Através de contratos fictícios realizados entre a companhia varejista e diversas empresas, algumas fantasmas, e escritórios de advocacia, foram repassados o montante de R$ 30 milhões para o presidente do senado Renan Calheiros, o líder do PMDB Eunício Oliveira (PMDB-CE), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) e o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Toda a intermediação da negociata era viabilizada por um conhecido lobista, tido nos bastidores brasilienses como o ‘operador do Renan’. Milton Lyra, tão influente que por alguns é tratado pelo ‘apelido’ de ‘senador’.
A relação entre o delator e Milton Lyra teria se iniciado após ambos se conhecerem num jantar na residência do próprio Renan Calheiros.
Na delação, Nelson José de Melo apresenta, inclusive, as notas fiscais frias emitidas para formalização dos negócios espúrios, que davam lastro aos contratos fictícios.
Consulta ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), feita pelos investigadores, demonstra que houve a movimentação financeira correspondente.
Em contrapartida, o ex-executivo da Hypermarcas teria viabilizado uma série de negócios sob a intermediação dos recebedores da propina.
A Hypermarcas alega que o montante de R$ 30 milhões que saíram dos cofres da empresa constituiu-se numa fraude praticada pelo seu ex-diretor, e que, assim que o caso foi detectado, ele foi imediatamente demitido e obrigado a vender as suas ações na empresa para quitar o dano causado.
Milton Lyra, por sua vez, teria confidenciado a interlocutores que ‘se a coisa apertar’, irá ‘esclarecer de uma vez todas as suspeitas relacionadas a ele’.
A mensagem foi interpretada como uma ameaça de delação.
da Redação
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