Fracassos e sucessos da estratégia de ‘campeãs nacionais’
28/06/2016 às 07:36 Ler na área do assinanteCom a crise da Oi, reemerge o tema ‘campeãs nacionais’ com severas críticas ao que teria sido a estratégia desenvolvida pelos governos do PT. Embora a Oi, tenha tido origem ainda no governo FHC, no bojo da privatização das telecomunicações brasileiras.
A ideia das ‘campeãs nacionais’ foi ampliada e distorcida. E foi usada para fins escusos.
Não foram só fracassos. Há sucessos. Nem tudo são espinhos. Há flores, mas o que machuca são os espinhos. Mas algumas das belas flores cheiram mal.
Uma empresa nacional bem sucedida no exterior foi a Construtora Norberto Odebrecht, transformada num grande grupo multinacional, com inúmeros contratos no exterior. Contratando equipamentos e serviços brasileiros. A Operação Lava-Jato demonstrou que esse sucesso foi alcançado com amplo apoio governamental, dentro de uma parceria nada republicana. É a campeã nacional da corrupção.
A maior distorção, no entanto, foi a política de apoio governamental a grupos nacionais para enfrentar, no mercado nacional, as multinacionais.
Essa foi a concepção dos tecnocratas tucanos ao promover a criação de uma empresa nacional de telecomunicações para evitar o total domínio do setor por multinacionais. Com amplo apoio do BNDES.
O modelo foi herdado e desenvolvido pelos governos petistas, com sucessivas distorções o que resultou no colapso da Oi.
Anteriormente o grupo Eike Batista tinha fracassado na pretensão de criar um grande grupo nacional no setor de infraestrutura, ancorada por uma petroleira privada brasileira.
A estratégia original das campeãs nacionais era de promover a globalização da empresa nacional e, nesse sentido, nem tudo é fracasso.
A Embraer é a mais visível e admirada. A Vale é um grande sucesso, ainda que empanada pelo desastre de Mariana. Sadia e Perdigão são sucesso mundial, hoje reunidas na BRF.
O maior sucesso da estratégia de campeãs nacionais, que acabou sendo colocada em prática, pelos governos petistas, é a JBF, conhecida no Brasil pela marca Friboi. Mas com uma ampla rede de empresas na cadeia produtiva da carne bovina, sendo o maior grupo mundial do setor. É porém um sucesso suspeito, com várias ligações políticas ainda sob críticas e investigações.
Outro grande sucesso, embora não mais reconhecido como da estratégia de campeãs nacionais é a AMBEV. O casamento da Brahma com a Antarctica foi abençoado e patrocinado pelo Governo, então de FHC, com recursos do BNDES.
Jorge Hori
Jorge Hori
Articulista