Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Imagine-se como um patrocinador involuntário de uma orquestra de circo, e daquelas bem ruins em que cada vez que você fosse assistir a um concerto, visse um espetáculo deprimente.
Como seria isso? Dez palhaços como músicos que não sabem tocar nada, e um maestro que também não sabe sequer para que serve a batuta.
O maestro, que chamaremos de Fucs (nome fictício), é fraco, figurativo, e como regente mostra que é mesmo só palhaço e mais nada. Sequer sabe que música tem que ser tocada, se é que sabe o que é música.
O concerto seria de uma sinfonia chamada CONSTITUIÇÃO, composta em 1988 e caberia aos músicos apenas tocarem as notas que estão na partitura, que por sinal é conhecida de todos. Mas o tal maestro não consegue fazer com que seus atrapalhados "músicos" toquem uma única nota que está escrita. É toda uma encenação ruim capaz apenas de fazer as crianças rirem e os adultos chorarem.
"Músicos" a postos, inicia-se o concerto. O Maestro Fucs levanta a batuta e dá a ordem para começarem a tocar. É nessa hora que a coisa desanda. Cada um toca a sua própria música, com o instrumento que bem entende, na ordem que quer, no tom que acha melhor, no compasso que interessa, no andamento que mais agrada, e na sequência que lhe satisfaz e nenhuma consegue chegar sequer a um mínimo de afinação.
A tal da sinfonia chamada “Constituição”? Esquece. Foi pro lixo. A plateia nem mesmo é capaz de identificar que se trata de música.
Como cada músico faz seu próprio andamento e na música que bem entende ou inventa, ele pode executá-la em "prestíssimo" (extremamente rápido) caso esteja tocando para ajudar um amigo ou prejudicar um inimigo, ou "gravíssimo" (extremamente lento) quando se trata de uma plateia comum. Como não seguem a partitura oficial, não há uma regra definida e quem dita a velocidade da música é o interesse e a vontade de quem toca.
O barulho se torna algo ensurdecedor. O que era pra ser uma sinfonia não consegue ser mais que um ruído estranho, desagradável, que incomoda e vira uma verdadeira festa de hospício.
Sabe qual é a má notícia? Essa orquestra existe e é exatamente assim que ela toca. Mas lembra do que eu disse no início? Que triste... Você é sim um dos patrocinadores dela, que por sinal é a mais cara do país. Cada apresentação ruim e abaixo do medíocre custa uma fortuna aos cofres públicos, que são suportados pelos nossos impostos.
O nome dessa orquestra? Você sabe...
Haja ouvidos, não é?
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Marcelo Rates Quaranta
Articulista