A CPI da COVID é um verdadeiro circo eleitoral com objetivos bem definidos. Além de dar palanque a senadores outrora desconhecidos, seu funcionamento justifica-se a partir do momento em que a oposição busca derrubar o governo Bolsonaro na canetada – e não nas urnas, pois falta apoio popular para isso.
Ou vocês acreditam que ela está realmente engajada em apurar as ditas ações e omissões de todas as instâncias do Poder Executivo?
A negativa do G7 – nata oposicionista na CPI – em convocar o sr. Carlos Garbas tirou qualquer dúvida ainda existente a respeito do interesse politiqueiro da coisa. Para quem não sabe, o sr. Gabas é o cabeça do Consórcio Nordeste e foi responsável por uma compra milionária de respiradores que nunca foram entregues.
Muitas figuras abjetas resolveram roubar a cena na CPI circense, mas dois obtiveram maior êxito em comparação com os demais: os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL). Eles exemplificaram o nível dos nossos parlamentares ao protagonizarem inúmeros papelões durante os trabalhos da comissão, além de darem mostras inequívocas de sua parcialidade.
Omar Aziz é o representante perfeito da classe política brasileira. Carrega consigo uma incultura que salta aos olhos, mas não perde a oportunidade de bancar o paladino da ética e do conhecimento respeitável diante das câmeras. Como todo e qualquer político medíocre, os holofotes proporcionados por participações em programas da grande mídia é o máximo que sua mente consegue conceber em matéria de excelência. É de dar dó.
Suas peripécias no comando da CPI são bem conhecidas, mas uma delas chamou bastante atenção: um projeto de lei que criminalizava a recomendação do uso de remédios ‘’sem comprovação científica’’.
Como diabos isso funcionaria na prática? Quem iria definir quais medicamentos possuem ou não comprovação científica?
É óbvio que o sr. Aziz não se deu o trabalho de pensar nessas questões, uma vez que o PL tem na mira os médicos defensores do tratamento precoce. Coibir uma iniciativa que pode salvar vidas para não dar razão ao presidente Bolsonaro é de uma baixeza moral sem tamanho. O sr. Aziz vai na onda dos que seguem exatamente tal cartilha macabra.
Quanto a Renan Calheiros, não há tanto a acrescentar. A ficha corrida desse cidadão já diz tudo: réu em inúmeros inquéritos no STF, crítico ferrenho da Lava Jato – pelos motivos errados – e político profissional apegado exclusivamente às vantagens que Brasília proporciona.
Renan já foi líder do governo Collor, ministro da Justiça de FHC e ‘homem de confiança’ de Lula e Dilma. Foi aliado de governos com orientações ideológicas totalmente divergentes, pois o importante mesmo é a sobrevivência política acima de qualquer causa.
Não resta dúvida nenhuma acerca do uso da CPI como palanque político por parte do sr. Renan.
Ele, que investiga o governo federal, já declarou que em 2018 elegeu-se o que há de pior – uma clara referência ao bolsonarismo. Sua condução dos trabalhos como relator é sintomática: quando o convidado da vez diz coisas elogiosas ao presidente Bolsonaro, ele destrata e acusa-o de mentir. Quando se trata de algum crítico a Bolsonaro, o tratamento é totalmente oposto.
Com Wilson Witzel, teve até um questionamento sobre possível constrangimento com a presença do senador Flávio Bolsonaro (PATRIOTA-RJ). Já com Fábio Wajngarten, ameaça de prisão. Um é desafeto do presidente, o outro é seu fiel escudeiro. Sensível diferença que explica o tratamento de Renan Calheiros.
Omar Aziz e Renan Calheiros podem tentar o quanto quiserem, mas não enganam ninguém. O povo brasileiro não é idiota para não notar o tom político dessa CPI. Fazer palanque eleitoral antes do tempo com uma pandemia que levou a vida de milhares de brasileiros revela bem com que tipo de gente estamos lidando. Esses farão qualquer coisa para tirar o presidente Bolsonaro do poder, e se possível criminalizarão o conservadorismo na tentativa de bani-lo da vida pública.
Temos no Congresso uma CPMI para supostamente investigar a difusão de fake news – uma verdadeira palhaçada que quer perseguir o jornalismo independente e censurar os que estão um pouquinho à direita. A Lei da Mordaça já foi aprovada pelo Senado. Pipocam iniciativas semelhantes também no Judiciário. Sufocar as vozes dissidentes é a tarefa número um do establishment.
Agora temos a CPI da COVID, um circo deprimente. Que o povo não esqueça dos oportunistas e dê nas urnas a devida resposta aos que contribuíram com esse palanque antecipado. A desmoralização já é uma realidade, o ostracismo político será mera consequência.
Omar Aziz e Renan Calheiros são os donos da bola no momento, mas não tardará muito para que ambos sejam varridos da vida pública. Afinal, nenhum dos dois engana nem a si próprio.
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Carlos Júnior
Jornalista