Produtor de queijos premiados é algemado após reagir à apreensão de mais de 3 mil reais do produto (veja o vídeo)

14/06/2021 às 07:56 Ler na área do assinante

Um vídeo gravado por populares, na última quinta-feira (10), mostra o momento em que um produtor rural do município de Caçador, no interior de Santa Catarina, é algemado pela polícia militar, enquanto dizia a frase “algema o agricultor ... eu sou ladrão”.

O senhor no vídeo é o produtor de queijos artesanais, Luiz Petrykowski, de 63 anos, que participava da tradicional Feira do Produtor Rural do município.

Conhecido na cidade, ele é figura constante na feira, onde tem uma grande freguesia, e o motivo da prisão foi por ter reagido à apreensão de cerca de R$ 3 mil reais em produtos feitos pela esposa, durante uma inspeção municipal.

O produtor explicou mais tarde, já mais tranquilo, que ficou realmente muito nervoso e que não se conformava com o recolhimento dos queijos, devido à falta de um selo exigido pelas autoridades de vigilância sanitária, e que tudo poderia ter sido contornado, pois seus produtos eram reconhecidos, bem como todo o processo de produção, dentro dos padrões de higiene e protocolos exigidos.

Os queijos, de Luiz Petrykowsky e da esposa, aliás, são conhecidos em muitas partes do Brasil e colecionam alguns prêmios.

“Nós não somos indústria, somos produtores artesanais e se os órgãos competentes não possuem uma pessoa com formação adequada para promover esta fiscalização, que o façam, pois não podemos continuar sendo tratados desta forma. As autoridades e órgãos competentes precisam achar uma solução para nos ajudar e não olhar somente pela indústria”, explicou Petrykowski, cobrando ainda que se valorize ainda mais a produção rural das famílias no campo, pois é a forma que encontram para se sustentar.

O caso chamou a atenção do deputado estadual Valdir Cobalchini, que se manifestou em sua página de Facebook, lamentando o ocorrido.

“Como agente público, entendo o importante papel da Vigilância Sanitária na garantia da higiene e qualidade de produtos alimentícios. Por outro lado, venho de família de agricultores. E ainda hoje mantenho meu sítio. E como caçadorense, conheço a qualidade dos produtos feitos pelos nossos agricultores. Vou além: o bom senso deve imperar sempre. Não podemos tratar trabalhadores, cidadãos de bem, como se fossem bandidos”.

A união dos fatos, com as cenas da prisão, a fala do produtor rural e ainda a análise do deputado, que representa os interesses da população, fazendo a ponte com o poder público, mostram uma realidade que ocorre em todo o país e não apenas em pequenos municípios, e que precisa ser analisada por diversos prismas.

A polícia militar, no vídeo, aparentemente não age com violência e apenas cumpre o seu papel de conduzir alguém que desacatou autoridade pública, mas talvez, considerando o fato de se tratar de um senhor, trabalhador, conhecido no local, poderia ser mais tranquila e sem a utilização de algemas (ressaltando que não sabemos exatamente qual era o grau de “irritação” do Sr. Petrykowski).

Do ponto de vista do produtor rural, por não ser um novato na produção de queijos, a ponto de ter seu produto conhecido e premiado nacionalmente, por mais humilde que possa ser, talvez pudesse ter mais interesse em buscar saber sobre as minúcias da lei, considerando que vive em um país carregado de burocracias e entraves para qualquer tipo de produção e comércio que não sejam os tradicionais.

E por outro lado, o poder público, no caso o órgão de fiscalização, talvez esteja cometendo falhas ao não prestar um serviço adequado de esclarecimento aos produtores rurais, pois bastaria a visita com alguma frequência ao local de produção ou mesmo à comunidade onde esses produtores vivem, para “passar a régua nas regras” e garantir que todos estejam dentro das exigências que mudam de tempos em tempos.

Cabe, finalmente, ao deputado, ao vereador, ao representante eleito, cobrar que todos dialoguem para buscar as soluções para que cenas como esta, da prisão do produtor de queijos, honesto e trabalhador não se repita e principalmente para que o campo produza mais e com maior segurança jurídica.

Veja o vídeo:

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