Senadora Kátia Abreu abre fogo e “exige” demissão de Salles, mas esconde interesses inconfessáveis

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Em política brasileira, temos visto que, aqueles que mais apontam os dedos para criticar os adversários são sempre os primeiros a cometer os crimes que denunciam. Assim é com a senadora Kátia Abreu (PP-AL) que, em recente pronunciamento no Senado Federal, cobrou dos Congressistas a demissão imediata do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, medidas duras por parte da Casa para o que chamou de uma “bússola doida nos levando para o caos”.

“O que o Senado Federal vai fazer? Vamos ficar esperando de braços cruzados se o presidente Jair Bolsonaro vai demiti-lo ou não? Sei que é prerrogativa dele, mas não podemos mais aceitar”, ameaçou a senadora acusada de tráfico de influência pelo ex-Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante a defesa da compra do 5G, tecnologia chinesa, pelo Governo Federal
"Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado", denunciou Araújo.

Kátia Abreu continua perseguindo a saída de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente e disse que o procedimento normal seria que ele fosse afastado do cargo, enquanto as investigações sobre susposto tráfico de madeira não terminam.

“O ministro foi acusado de tráfico de madeira, de proteger empresas, o sigilo telefônico e bancário foi quebrado e ele está com o telefone entregue à PF”, alegou.

E acrescentou que a temática do meio ambiente é uma das mais sensíveis para o Brasil no exterior.

“Por muito menos, nós tiramos, ajudamos e apoiamos a retirada de um chanceler (Ernesto Araújo) que estava afundando o Brasil em cima de um iceberg. Nós estamos com outro ministro que também é uma bússola doida, igual uma biruta de aeroporto, nos levando para o caos”, acusou.

O discurso da ex-Ministra da Agricultura do Governo Dilma Roussef (PT) seria muito convincente, se não fosse contraditório. É que Kátia, em 2009, foi eleita “Miss Desmatadora” pelo Greenpeace, cujo legado, inclusive, tem passado de mãe para filho. O senador Irajá Silvestre (PSD-TO) que é o filho mais velho da senadora, foi o campeão de desmatamento na Câmara dos Deputados, em 2018, quando era deputado.

O Ruralômetro cruzou dados com base em informações do Ibama e comprovou que, dos 513 deputados federais eleitos em 2014, cinco foram autuados e multados por infrações ambientais. Irajá foi o “campeão” do ranking, destruindo a maior área.

Irajá, já tinha sido autuado pelo Ibama, em 2010, por desmatar vegetação de preservação permanente, sem permissão ou licença ambiental, em área equivalente a 75 campos de futebol. O crime ambiental aconteceu na Fazenda Aliança, que herdou da mãe, e que se dedica ao cultivo de eucalipto, no interior de Tocantins.

A família de Kátia Abreu tem um interesse “especial” no Ministério do Meio Ambiente, já que, para consolidar as plantações de eucalipto que produzem, é necessário devastar grandes áreas de vegetação. Por isso, o filho mais velho da senadora, assim que tomou posse como deputado, em 2015, elaborou projeto que atendia explicitamente aos seus problemas como empresário rural que pratica crimes ambientais. O Projeto de Lei 2163/2011, de sua autoria, propõe o fim dos estudos de impacto e do licenciamento ambiental para empreendimentos agropecuários, florestais ou relacionados ao reflorestamento.

Agora, sim, é possível entender por que motivo Kátia Abreu deseja tanto ver Ricardo Salles fora do Ministério.

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Fonte: IstoÉ

da Redação Ler comentários e comentar