São boas as informações que chegam sobre a situação da economia nacional. E isso acontece malgrado a ação de tantos que puxam o país para baixo, pois, para se dar bem, precisam que as coisas vão de mal a pior.
Sabemos todos que, em Economia, as expectativas orientam os investimentos sem os quais não há desenvolvimento. Nesse setor, expectativas favoráveis, promissoras, podem parecer início de namoro, mas não são. Elas envolvem algo que todo investidor leva muito a sério: dinheiro.
O Brasil está a todo o gás? O Wall Street Journal diz que a retomada da economia brasileira surpreende. Chamou a matéria para a capa. De fato, a expectativa de o PIB crescer 5% neste ano reverte o pessimismo e é um número que impressiona em nossa série histórica. Mas a matéria informa, também, que temos problemas e cita a dívida interna. Estão aí as duas faces da moeda: o setor privado é ágil, dinâmico, criativo; o setor público lento, reacionário a mudanças, a reformas, a privatizações. Um pisa no acelerador; o outro, no freio. A base parlamentar do governo é parte desse freio e sinal do divórcio entre o Congresso Nacional e a nação. Não deixa de ser um bom indicativo constatar que o agronegócio, contra o qual tanto agiu e se manifestou a esquerda brasileira, seja a poderosa alavanca de nossa economia.
O Brasil, dizia eu há pouco num vídeo que gravei, é um balão, cheio de gás, querendo alçar voo e realizar nossos sonhos, mas está preso ao chão por amarras que o impedem de se erguer. É um modelo institucional todo errado, um sistema eleitoral errado, uma errada relação entre a sociedade e o Estado, e uma visão também errada sobre o que seja a democracia. Uma usina de sucessivas crises. Tudo isso teria tido solução no processo constituinte de 1988, se houvesse lá uma consciência sobre a transitoriedade dos preceitos numa sociedade em transformação. Nossos constituintes, notadamente os que atuavam pelo lado esquerdo, liderados por Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, estavam decididos a constitucionalizar sua visão de Estado e de sociedade.
Eles são parte das amarras que prendem ao chão esse imenso balão, pronto para voar. Eles andaram juntos nos anos 80, trabalharam juntos na Assembleia Nacional Constituinte, empurraram a Constituição para a esquerda, encenaram um falso antagonismo que durante um quarto de século enganou e removeu da disputa política nacional todo o lado direito do arco ideológico. Eles, agora, resolveram sair do namoro por baixo dos panos e “juntar os trapinhos”.
Aproxima-se a hora, portanto, de receberem das urnas a resposta da sociedade brasileira.
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Percival Puggina
Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.