Impressionado com aquela chuva de riscos luminosos que explodiam como fogos de artifício nos céus de Israel, liguei o som da TV. Logo apareceu uma jovem brasileira falando desde lá e descrevendo abrigos antiaéreos e a muralha antimíssil que blinda Israel de ataques externos a seu território. Israel investe na proteção de sua população.
A mocinha explicou que, tendo o Hamas percebido a eficiência da proteção antimíssil israelense, lançava artefatos simultaneamente, em grande quantidade, para atrapalhar os radares do sistema de defesa e, com isso, possibilitar que um ou outro atingisse o território alvo.
Imediatamente, passei a ouvir os porta-vozes nacionais da justiça igualitária a contar mortos e a falar sobre uma “guerra desproporcional”. Morria mais gente entre palestinos do que entre judeus. Trata-se de uma contabilidade desconexa, em tudo semelhante à que é aplicada às ações policiais nos morros. Elas seria mais equitativas se mais policiais morressem...
No entanto, suponha que Israel buscasse um justo equilíbrio atacando o Hamas com tantos mísseis quantos este lança sobre seu território. Não seria uma resposta inquestionavelmente simétrica? Imagine-se, contudo, o dano em vidas humanas que uma resposta dessas proporções produziria.
Note-se que o Hamas, a exemplo do que fazem os traficantes nos morros cariocas, usa as populações palestinas como escudo exatamente para sofrear as reações israelenses quando atacadas. Elas, porém, não podem ficar sem resposta. Se o Hamas, em vez de investir em armamento para ataque, investisse em proteção, tudo seria diferente. Muitas vidas seriam poupadas!
Israel é um país cercado de inimigos, consciente de que se extingue quando perder a primeira guerra.
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Percival Puggina
Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.