Muito nojo é o que sentimos neste momento conturbado de nossa política em que uma presidente da República acusada de crime de responsabilidade está temporariamente afastada do cargo.
Ontem foram as delações bombásticas do ex-senador Delcídio do Amaral, que sacudiram a poeira podre de nossa política. Hoje, igualmente estarrecedor, é o áudio do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o qual escancara as manobras conspiradoras contra as instituições da República, envolvendo o alto clero político e partidário, e que já resultou na exoneração de dois ministros do recém-governo interino.
Perderam a vergonha, o pudor, a ética e a moralidade, respeitadas as poucas exceções, os políticos nacionais. No linguajar popular, se gritar pega ladrão, no Congresso Nacional, quase todos correm tal é a consciência pesada de cada um.
Lamentavelmente, não temos dúvida e nem receio de afirmar que o nosso Parlamento é composto de políticos mais sujos que pau de galinheiro. E são esses políticos que nos representam e se sentam na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ), para analisar preliminarmente os temas propostos, bem como no Conselho de Ética, para julgar o comportamento disciplinar de parlamentares.
Pobre Parlamento Federal suspeitíssimo, o qual a cada delação premiada os seus inquilinos tremem na base. E não é por menos que hoje temos, vergonhosamente, os dois presidentes do Legislativo Federal indiciados em irregularidades.
E se não bastasse todo esse cenário escandaloso e sombrio, quarta-feira (25), no primeiro dia de continuidade do julgamento de impeachment de Dilma Rousseff, no Senado Federal, desavergonhadamente como se estivesse no picadeiro de circo, o senador Lindberg Farias (PT-RJ) veio propor a suspensão do processo em face da participação do ex-ministro e senador Romero Jucá (PMDB-RR) em gravação do delator Sérgio Machado, na qual insinuava a troca de governo para estancar as investigações da Lava-Jato, configurando assim, segundo Lindbergh, a caracterização do golpe. Trata-se como se observa de manobra quixotesca e procrastinatória do senador carioca, completamente fora de contexto.
A presidente afastada Dilma Rousseff, Eduardo Cardozo, os parlamentares Lindberg Farias, Gleisi Hoffmann, Vanessa Grazziotin, Humberto Costa, Telmário Mota, Fátima Bezerra, José Pimentel, Jorge Viana, Jandira Feghali, José Guimarães, Paulo Pimenta, Paulo Teixeira, Maria do Rosário, Sílvio Costa, Erika kokay e outros deveriam ser processados por propagar de forma desrespeitosa, inclusive no exterior, a existência de golpe no país. Aqui, ao contrário do que propalam as carpideiras “dilmistas”, há um claro respeito pelas instituições, e os Três Poderes da República funcionam normalmente.
Assim, o trágico-cômico contorcionismo da trupe petista e da base de apoio não impedirá a exorcização daquela que tanto malefício causou ao país.
Júlio César Cardoso
Júlio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor (federal) aposentado.