Filho de deputado acusado de estuprar criança constrói novo andar em duplex de luxo e revolta vizinhos

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A construção de um novo pavimento no duplex do deputado estadual Gustavo Sefer (PSD), em uma luxuosa cobertura do Edifício Aquarius, que fica no elitista bairro do Umarizal, centro de Belém, está causando polêmica. Os vizinhos do parlamentar temem que a construção afete a estrutura do prédio.

Para tentar embargar a continuação da obra, os condôminos acionaram o Ministério Público do Pará (MPPA), que solicitou à Secretaria de Urbanismo de Belém (Seurb), em até dez dias, vistoria técnica e análise de segurança no prédio. A Seurb já adiantou que a obra está sendo realizada sem alvará.

No duplex, além de Gustavo, reside também o pai dele, o ex-deputado estadual, Luiz Afonso Sefer (PP), que é dono de hospitais na região. O edifício é um dos mais caros da capital e “abriga” público de alto nível. São cinco suítes em apartamentos de 444 m². Todas as unidades avaliadas em R$ 2,6 milhões possuem piscina privativa.

O empresário Mauro Mutran, que mora no prédio, disse que a obra coloca em risco a vida dos moradores e de todas as pessoas que circulam pelo entorno.

“Nós, condôminos, contratamos um advogado e, em primeira análise, ele já constatou que nada poderia ser construído acima daquela que é a última laje do edifício. Querem transformar o duplex em tríplex”, desabafa.

Fotos exclusivas, divulgadas pela jornalista Franssinete Florenzano, mostraram que a obra está sem a rede de proteção obrigatória. Além disso, o pedido de alvará encaminhado à Prefeitura de Belém, em outubro de 2020, detalha o uso de 380 metros cúbicos de estruturas metálicas e concretos na obra. A estrutura de um terceiro piso seria pesada demais para o prédio, que já tem várias piscinas particulares, aguentar.

O promotor de Justiça Raimundo de Jesus Coelho de Moraes, da 3ª Promotoria de Meio Ambiente, Patrimônio Cultural, Habitação e Urbanismo, já pediu manifestação técnica sobre a segurança estrutural e possíveis riscos causados pela obra.

A promotoria acionou também o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil, o Conselho Regional de Arquitetura e Agronomia (Crea) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) para que vistoriem o local.

“A estrutura não inclui mais um andar em seu projeto e já estaria no limite e com sua capacidade de carga esgotada, em razão de problema anterior de cálculo causado pelas piscinas construídas em cada pavimento”, explicou o promotor, acrescentando que “caso não haja autorização, a prefeitura precisa embargar a obra”.

O advogado da construtora Síntese Engenharia, Evandro Antunes Costa, defendeu a ampliação da unidade e disse que “os elementos são compatíveis com a estrutura do prédio, conforme laudos de engenharia.”

Caso Luiz Sefer

Em 2010, o então deputado, Luiz Sefer foi condenado pela juíza Maria das Graças Alfaia a 21 anos de prisão por estupro de vulnerável: uma menina de 9 anos que residia com ele – que era solteiro na época – e estava sob os cuidados do parlamentar. A garota teria sofrido abusos sexuais até os 13 anos, quando fez a denúncia.

Gustavo Sefer também foi citado no processo porque a criança revelou que o pai chegou a obrigar o filho a fazer sexo com ela.

Por 2 votos a 1, em julgamento de recurso, ele foi absolvido no Tribunal de Justiça do Pará, um ano depois. O caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, em 2018, restabeleceu a condenação. Em abril de 2019, porém, o TJ voltou a analisar o caso e anulou o processo desde a investigação criminal. Há novo recurso ainda pendente de julgamento. Sefer sempre negou as acusações contra ele.

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Fonte: Estadão

da Redação Ler comentários e comentar