Lula chegou à Presidência como uma farsa, mas sua volta seria uma tragédia
22/04/2021 às 12:52 Ler na área do assinanteO pensador mais importante do comunismo, Karl Marx, escreveu no livro “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte” que os fatos da história se repetem duas vezes, a primeira como tragédia e a segunda como farsa.
Conceitualmente, a tese de Marx não poderia estar mais equivocada. Mas ela pode ser aproveitada para observar que, no caso do ex-presidente Lula, a história do Brasil se repetiu de forma inversa: primeiro veio a farsa e depois a tragédia.
A farsa ocorreu durante todo o percurso que Lula percorreu para chegar à Presidência e durante os mandatos do PT. Inicialmente, Lula assumiu uma posição de sindicalista, homem do povo, contrário às elites e ferrenho defensor da ética na política.
O PT foi criado no berço das pastorais católicas, mas nunca teve a mínima influência da democracia cristã. Seu partido era contra tudo, desde a Constituição até o Plano Real, assumindo as posições mais extremas dentre as grandes siglas do país. Mas essa estratégia não o levou à Presidência.
Como sempre foi apaixonado pelo poder, resolveu mudar completamente e criou o personagem “Lulinha paz e amor” para convencer a classe média. Deu certo! Com um empurrãozinho do próprio PSDB e da Globo, Lula chegou à Presidência.
Até então, não havia nenhuma desconfiança do povo quanto àquele “representante dos pobres” que havia chegado ao mais alto cargo da República. Mas a farsa logo foi desmascarada quando o Escândalo do Mensalão mostrou que o partido da moral e da ética era, na verdade, o mais corrupto da história do país (um feito e tanto em um país como o Brasil). Lula, que dizia não saber de nada, foi, na verdade, o maior amigo da banda podre da elite brasileira.
Ainda custando a acreditar que tamanho absurdo pudesse ser verdade, o povo deu mais um mandato a Lula e ainda permitiu que ele elegesse sua sucessora, Dilma Rousseff. Em troca de quatro mandatos do PT, como presente, o país recebeu um escândalo maior ainda, o Petrolão. Aí foi a gota d’água.
As pessoas mais identificadas com os valores patrióticos foram às ruas e conseguiram alcançar o impeachment de Dilma, enquanto a Operação Lava-jato levou Lula e diversos outros corruptos para a cadeia. Parecia que o país estava seguindo um novo caminho em direção às democracias desenvolvidas do primeiro mundo, onde a corrupção é uma exceção.
Findada a farsa, veio a tragédia! O sistema não aceitaria facilmente as mudanças. Engravatados e togados que se locupretaram quando Lula estava no poder fizeram de tudo para anular suas condenações na Lava-jato, e conseguiram. Agora, tentam pavimentar sua volta à Presidência da República.
Lula personificou toda a hipocrisia mal disfarçada de grande parcela do Brasil. Mas não há nada mais trágico do que ver que a guinada do país em direção ao fim da corrupção não passou de uma ilusão. O Brasil continua deitado eternamente em berço esplêndido.
Se a primeira chegada de Lula ao poder revelou uma grande farsa, uma segunda, certamente, seria uma grande tragédia!
Diego Lagedo é historiador e especialista em Gestão Pública.
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