Justiça obriga Gentili a indenizar e pedir desculpas a Enfermeiros

19/04/2021 às 16:05 Ler na área do assinante

Foto: Reprodução/Internet

A Justiça do Estado de São Paulo condenou o humorista Danilo Gentili a pagar R$ 41,8 mil de indenização ao Sindicato dos Enfermeiros de São Paulo e ainda publicar um pedido de desculpas em suas redes sociais.

Em dezembro de 2020, Gentili escreveu no Twitter.

"Vocês sabem se existe um asilo especializado onde as enfermeiras ‘batem umas’ pros véios? Essa tem sido uma preocupação minha quando penso no futuro. Existe esse tipo de serviço?", questionou o comediante.

O juiz André Salvador Bezerra, da 42ª Vara Cível de São Paulo, considerou que o humorista "fez uso de sua condição de pessoa pública para ofender toda uma categoria profissional".

O magistrado entendeu que o humorista legitimou "seculares formas de opressão contra as mulheres - inseriu a profissão de enfermeira como uma função a ser ocupada por mulheres para servir sexualmente a ele: o homem branco".

Na sentença, Gentili terá de pedir desculpas à classe profissional e, em caso de desobediência, será aplicada multa diária de R$ 1.000 durante 200 dias. Mas, ainda cabe recurso da decisão.

Gentili alegou à Justiça que não cometeu ato ilícito e que não violou nenhum direito. Ele argumentou que apenas exerceu o direito constitucional à liberdade artística e que a piada fazia referência a uma cena da comédia italiana "Feios, Sujos e Malvados", de Ettore Scola.

"Fazer piada de forma alguma permite concluir que Gentili estivesse incentivando o assédio moral e sexual contra a categoria dos enfermeiros. Ou seja: o responsável pela violência doméstica que existe contra as mulheres desse país", afirmou a defesa do apresentador.

Os defensores afirmam que o processo é uma clara tentativa de censura aberta por adversários políticos; citando o fato de que o Sindicato das Enfermeiras tem relações com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao PT.

"Trata-se de uma absurda e inócua restrição à atividade humorística."

O sindicato negou à Justiça que o processo tenha relação com a política e disse ainda que Gentili não fez uma piada, mas cometeu uma agressão à categoria.