Para aumentar os empregos industriais só existe uma saída viável e não artificial a curto prazo: as exportações pelas multinacionais.
A crise da indústria brasileira, contaminando a economia como um todo, decorre da opção da sua orientação para o mercado interno.
As multinacionais aproveitaram a abertura da economia para instalar montadoras para abastecer o mercado interno, mesclando insumos nacionais e importados.
A visão estratégica equivocada das políticas públicas enfatiza a substituição de insumos importados por produtos nacionais. O estratégico não é reduzir as importações, mas aumentar as exportações de produtos industriais.
E quem tem melhores condições de exportar são as multinacionais, cuja marca já é conhecida no exterior, já tem rede de comercialização e mecanismos financeiros.
Não depende de todo um esforço de conquista de mercados externos, mas de decisões das respectivas alta administração, sediada no exterior de destinar produção brasileira para o exterior.
Apesar da crise que já é prolongada, mesmo as multinacionais resistiram em mudar a sua orientação, seja por estarem viciadas com o paradigma do mercado interno, como pela visão governamental de subsidiar a produção nacional.
Já em 2015 começaram a surgir ações isoladas, de reposicionamento estratégico das multinacionais automobilísticas, mas não vinculadas ao emprego.
A manchete de uma notícia em páginas internas do Caderno de Economia do Estadão (24 de maio de 2016, B7) chama atenção "GM vai contratar 200 pessoas em São José".
É uma quantidade pequena, diante de 1.800 demitidos na mesma fábrica desde 2013. Mas pode ser um sinal de reversão.
E porque vai contratar se o mercado continua ruim, com as vendas em queda? A resposta vem no subtítulo "Empresa quer ampliar a produção da picape S10 para exportação ..." Aqui entra o fator Macri, na Argentina, mas não é só.
Para conter as demissões e acalmar os sindicatos, o Governo criou o PPE - Programa de Proteção ao Emprego e outras medidas pontuais e temporárias que não foram suficientes e se esgotaram com a continuidade da crise.
Desde o segundo semestre de 2015 temos defendido o "exportar para empregar" como a saída para a retomada dos empregos. E que os sindicatos deveriam incluir nas pautas das negociações a obrigação dos empregadores aumentar as exportações dentro da sua carteira de vendas. E que deveriam negociar programas de melhoria da produtividade.
"Não colou". Talvez agora com a mudança de Governo, ainda que temporária, as multinacionais se animem mais a exportar e, com isso, empregar. E os sindicatos percebam que essa é a única saída emergencial e de curto prazo. Porque os prazos das medidas paliativas já venceram ou estão vencendo.
Jorge Hori
Jorge Hori
Articulista