Henry Borel não foi a única criança agredida por Dr. Jairinho. Vereador é investigado em três casos
17/04/2021 às 12:26 Ler na área do assinanteCom o depoimento de Débora Melo Saraiva, ex-namorada de Dr. Jairinho, já são três os casos investigados pela polícia sobre crianças, supostamente agredidas pelo parlamentar. Ele nega as acusações.
Jairinho e Monique Medeiros, mãe do menino morto, Henry Borel, estão presos desde o dia 8 de abril por suspeita de homicídio duplamente qualificado contra o filho dela de apenas 4 anos de idade.
O menino foi levado para o hospital, no dia 8 de março, quando foi decretada a morte da criança. Henry estava na companhia da mãe e do padrasto, quando veio à óbito.
Perícia feita no corpo de Henry constatou que a criança tinha hematomas no abdômen, nos membros superiores; infiltração hemorrágica na cabeça; contusão no rim à direita; trauma com contusão pulmonar; laceração no fígado, entre outros sinais de contusões. Ao todo, foram 23 lesões por “ação violenta”.
Após o caso do menino vir à tona, a polícia descobriu outros relatos de agressão contra crianças praticados pelo Dr. Jairinho.
Dr. Jairinho e Débora começaram a se relacionar no final de 2014 e ficaram juntos 6 anos. À princípio, a ex-namorada havia negado episódios de agressão no relacionamento, apesar de confirmar que ele era conturbado. Na sexta-feira (16), no entanto, ela prestou outro depoimento no qual narrou ocasiões em que o acusado foi violento contra o filho dela e ainda afirmou que "foram tantas agressões sofridas por ela que sequer consegue lembrar quantas vezes ela apanhou do vereador".
Em certa ocasião, ela disse que o filho (à época, com 3 anos de idade) narrou que Dr. Jairinho colocou um papel e um pano na boca dele e disse que ele não poderia engolir. O menino disse que o parlamentar o deitou no sofá da sala e que ficou em pé no móvel e apoiou todo o peso do corpo no menino com o pé.
Em outro momento, Jairinho teria colocado um saco plástico na cabeça da crianças e dado voltas com o carro.
Débora lembrou ainda de outra agressão, em 2015, na qual o médico insistiu para levar o menino em uma casa de festas. Tempos depois, ele ligou para a namorada, informando que Enzo havia “torcido o joelho”. Ele levou a criança para um centro médico, foi feito raio-x, que constatou fêmur quebrado. A mulher diz que estranhou o fato de Enzo não chorar em nenhum momento, diante de uma lesão tão grave e que ficou apenas "amuadinho".
Outra ex-namorada do vereador, mãe de uma menina, hoje com 13 anos, também denunciou agressões à filha cometidas pelo vereador. Ela prestou depoimento, em março, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav).
"O Jairinho que eu conheço, que a minha filha descreve, que fez o que fez com ela, eu hoje oro a Deus pelo livramento de não ter sido ela (que morreu). Porque ele podia ter matado a minha filha", declarou, em entrevista ao programa “Fantástico”.
A mulher, que não quis ser identificada, afirmou que passava por situações semelhantes as que foram vividas por Henry.
“Eu falava que ele estava vindo, aí ela passava mal, vomitava, me agarrava. Ou então pedia à minha mãe: 'Posso ficar com você, vó? Eu não quero ir, quero ficar aqui'.
O Diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC), Antenor Lopes, disse que a prisão do padrasto e da mãe de Henry foi muito importante porque permitiu com que novas testemunhas “tomassem coragem” para depor.
“Foi muito importante o pedido de prisão temporária feito pela delegado Henrique Damasceno à Justiça, porque, após as prisões do casal, as testemunhas vêm comparecendo e apresentando, sim, novas versões; trazendo temores e corrigindo seus depoimentos. E, agora, desta vez, trazendo fatos que comprovam aquela linha de homicídio duplamente qualificado”, disse Antenor.
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Fonte: G1
da Redação