São dois governos bem diferentes, com composição e qualificações distintas:
· De uma parte Temer montou uma equipe técnica e altamente competente para a condução da política monetária, financeira e fiscal, a fim de ‘arrumar a casa’ que está com um ‘rombo’ incalculável;
· De outro montou uma equipe política, que não está interessada na arrumação, mas é essencial para aprovar as medidas para tal.
A equipe da ‘arrumação’ será comandada por Henrique Meirelles e seu ‘dream team’ (na visão do mercado financeiro) com apoio de José Serra, na política de comércio exterior e dois notáveis no BNDES e na Petrobras. Só falta um na Eletrobras.
Temer percebeu o fracasso da tentativa de Dilma com Joaquim Levy. Este não só não tinha autonomia, enfrentava o ‘fogo amigo’, como não tinha apoio no Congresso. Com Dilma confrontando com Eduardo Cunha.
Nada se aprova na Câmara dos Deputados sem os votos do baixo clero. Incluindo o baixo clero do PMDB, que o alto clero, ora no poder não domina.
É ingenuidade achar que os congressistas (incluindo os senadores) vão votar pelo Brasil e aceitar as proposta de cortes para os ajustes fiscais a reforma da previdência e outras medidas. Muitas das quais contrariam os seus interesses eleitorais.
O que prevalecerá, como não citará o latinista Temer, mas o praticará é o "do ut des", na versão fisiológica: é dando que se recebe. Dará cargos e benesses para ter a aprovação do pacote Meirelles. Amplamente e minuciosamente negociado.
Alguns do baixo clero poderão não receber o que querem, mas dirão que - pela primeira ou segunda vez - foram chamados e ouvidos. Dilma tentou a primeira vez, mas já era tarde.
O jogo é inteiramente fisiológico e de baixo nível, mas, sem o qual, as medidas de alto nível não serão aprovadas.
Pode-se lamentar ter que aceitar essa situação, mas é a realidade.
O que deve ser considerado é o que virá depois. O marco do depois é 2018.
Jorge Hori
Jorge Hori
Articulista