Infertilidade silenciosa, queda da masculinidade e o “suicídio” populacional

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Muitos estão familiarizados com a série “The Handmaid's Tale”, baseada no livro “O conto de Aia” (1985), em que acompanhamos uma distopia na qual as taxas de fertilidade caem vertiginosamente, especialmente em virtude da poluição e de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

No entanto, se alguém considera que “The Handmaid's Tale” constitui mera ficção, é preciso repensar, especialmente a partir da leitura de um livro recém lançado, “Countdown” (2021), de Shanna Swan, uma das mais importantes e influentes pesquisadoras na área da reprodução humana, professora de medicina e saúde pública, bem como investigadora dos efeitos de químicos (tais quais o Bisfenol A) sobre o sistema reprodutivo masculino/feminino e sobre o neurodesenvolvimento de crianças.

Eu já havia abordado esse tema a partir de outras obras aqui:

https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/20952/masculinidade-em-vertigem-uma-verdade-inconveniente-silenciada-pela-ideologia

Agora, diante do recém lançado livro da Dra. Swan, outros dados e informações não apenas corroboram o que escrevi no texto acima citado, como também nos alertam para a crescente gravidade do problema.

Primeiramente, eu gostaria apenas de observar que, desde o início do século XX, uma elite econômica está descomedidamente preocupada com o crescimento populacional. Assim, na primeira metade do século XX muitos grupos fomentaram fortemente a eugenia, isto é, uma espécie de seleção artificial daqueles que deveriam ser expurgados em virtude de sua suposta “inferioridade”.

Fundações globalistas, como ‘Fundação Rockefeller’, ‘Fundação Ford’, ‘Carnegie Institution for Science’, etc, foram pioneiras na tentativa de reduzir drasticamente populações consideradas, segundo eles, “desimportantes”.

Aliás, nesse mesmo ínterim surgiram outras instituições, frequentemente subsidiadas pelas grandes fundações globalistas, como a ‘Planned Parenthood’, fundada por Margaret Sanger, a qual iniciou suas atividades em defesa da eugenia participando de grupos como Ku Klux Klan, o que nos permite compreender o porquê de mais de 80% das clínicas da ‘Planned Parenthood’ estarem situadas próximas a bairros negros e hispânicos, cujas populações eram denominadas, por Sanger, de “ervas daninhas”.

Além disso, outras medidas, além do aborto, foram engendradas e impulsionadas desde então, via cultura, como sexo não reprodutivo, suicídio assistido (ou eutanásia) de idosos e doentes ou terminais ou com deficiências graves, etc.

Houve, poder-se-ia dizer, uma corrupção de nosso tecido social moral para que tais medidas se tornassem “normais” e, mesmo, consideradas necessárias para enfrentarmos, por exemplo, a escassez de alimentos, uma tese que, embora equivocada, sempre retorna desde que Thomas Malthus a propôs em 1798.

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Mas são diversas as intervenções culturais que causaram, intencionalmente ou não, aquilo que a Shannon Swan chama de “estilos de vida que podem sabotar a fertilidade”, como, por exemplo, a “revolução sexual”, a qual promoveu as mais degradantes formas de promiscuidade sexual e seus efeitos deletérios, dentre os quais encontramos banalização das DSTs.

Aliás, é interessante observar que uma das muitas razões evolutivas para a consolidação da monogamia está justamente relacionada com o problema das DSTs, como podemos depreender de um artigo seminal de Chris Bauch e Richard McElreath, publicado na ‘Nature Communications’ (“Disease dynamics and costly punishment can foster socially imposed monogamy”, 2016), no qual lemos, dentre outras coisas, que “infecções causadas por bactérias sexualmente transmitidas (DSTs) fomentaram o surgimento da monogamia socialmente imposta (...)”, uma vez que DSTs “podem causar índices altíssimos de infertilidade e, pois, imensos impactos demográficos”. “Em grupos grandes, DSTs tornam-se endêmicas (...) e têm impacto sobre a fertilidade”.

Em resumo, uma das razões evolutivas para o surgimento da monogamia seria evitar, em grandes populações, que DSTs se tornassem endêmicas e causassem prejuízo à fertilidade, uma vez que um dos ímpetos evolutivos é justamente reproduzir e espraiar os genes.

Desse modo, a monogamia não foi, como diria unicamente uma mentalidade obtusa, uma “criação da burguesia”: ela é muito mais antiga e se consolidou, espontaneamente, também por razões evolutivas.

Nesse sentido, bem como em outros que não vou expor aqui, a chamada “revolução sexual” foi não apenas “artificial”, não espontânea, mas estúpida, pois dela advieram diversos problemas, inclusive de ordem evolutiva.

Mas vamos a outro exemplo de “estilo de vida que pode sabotar a fertilidade”, esse esclarecido pela Dra. Swan, a saber, o ciclismo, tão na moda atualmente. Nas palavras de Swan, “certos estilos de vida podem também danificar o DNA no esperma, bem como comprometer sua mobilidade, sua concentração e morfologia” (“Countdown”, p. 92).

Assim, ainda segundo a autora, “homens que reportam pedalar por noventa minutos ou mais por semana têm uma concentração de esperma 34% menor do que aqueles que não pedalam”. Uma teoria que surge nas pesquisas se relaciona ao fato de que “o calor e o desconforto escrotal causam efeitos prejudiciais à produção de esperma, enquanto alguns outros sugerem que a compressão do assento contra as partes íntimas do homem pode afetar o fluxo de sangue para os testículos” (“Countdown”, p. 93).

De qualquer forma, esses são apenas exemplos de como aspectos culturais podem causar danos severos à saúde, particularmente à fertilidade (foco de estudo da Dra. Swan). Muitos desses hábitos, instigados culturalmente, podem parecer algo “bom” para a saúde, como o pedalar, que, obviamente, pode ter efeitos benéficos sob outras perspectivas, mas que leva à queda da fertilidade e de sua qualidade, constituindo, talvez, um caso em que o “remédio é pior do que a doença”.

De qualquer maneira, tais mudanças são fundamentalmente culturais, ou, em muitos casos, morais. Elas adentram a cultura, ou por acidente ou muitas vezes intencionalmente, “sabotando” a fertilidade e causando a redução populacional, propósito escancarado de fundações como as acima citadas e diversas outras surgidas nas últimas décadas, como ‘Bill & Melinda Gates Foundation’, ‘Open Society’, etc.

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Todavia, a Dra. Swan não está interessada apenas nos costumes contrários à fertilidade, mas, sobretudo, nos chamados disruptores endócrinos, isto é, naquelas substâncias que, embora externas ao nosso organismo, atuam como hormônios no sistema endócrino, causando alterações na função fisiológica de nossos hormônios (no texto cujo link postei acima ofereço exemplos).

Desse modo, tem sido crescente nossa exposição a esses disruptores, os quais podem ser encontrados em plásticos, eletrônicos, embalagens de alimentos, produtos cosméticos, etc. Tais substâncias atuam sobre nossas funções hormonais naturais, inclusive sobre os hormônios masculinos e femininos (testosterona e estrogênio). E sua atuação não se restringe aos já nascidos, mas sabe-se que eles penetram a placenta e causam alterações no desenvolvimento de meninas e meninos, por exemplo, em suas funções cerebrais e em seu sistema imunológico.

Desse modo, dentre as descobertas da Dra. Swan está que, nos países ocidentais, a contagem de esperma declinou 59% entre 1973 e 2011. Não apenas isso, a qualidade do esperma produzido também caiu, tornando mais difícil a fertilização do óvulo, assim como o DNA levado pelos espermatozoides tem se mostrado mais danificado. Além disso, a testosterona tem caído radicalmente: “os níveis de testosterona têm caído em torno de 1% ao ano desde 1982, de acordo com pesquisas dos USA e de diversos países europeus” (“Countdown”, p. 30). E o problema reprodutivo não se restringe aos homens, mas se estende à mulher, uma vez que a perda de gestações cresceu 1% por ano ao longo dos últimos 20 anos.

Do ponto de vista masculino, dentre os mais nocivos elementos químicos estão os ftalatos, substâncias que tornam mais maleáveis os plásticos e que também são encontrados em cosméticos e em incontáveis outros produtos. E o problema é que eles causam uma queda no nível de testosterona e na contagem de esperma. Nas mulheres, por sua vez, eles causam menopausa precoce e cistos nos ovários.

Outro químico utilizado abundantemente é o Bisfenol A, o qual está presente em plásticos (mamadeiras, potes de alimentos, etc), eletrônicos e diversos outros produtos, o qual, além de causar problemas à masculinidade, pode provocar abortos espontâneos nas mulheres.

Mas, dentre os dados assustadores revelados pela Dra. Swan em seu livro, está que “a fertilidade mundial caiu 50% entre 1960 e 2015, e em alguns países o declínio foi ainda maior” (“Countdown”, p. 37). E esse problema está associado a males adicionais também danosos à reprodução, como, por exemplo, disfunção erétil.

Mas esse problema não está restrito aos homens. Como diz Swan: “em algumas partes do mundo, a mulher com aproximadamente vinte e poucos anos de hoje é menos fértil do que sua avó era aos 35 anos” (“Countdown”, p.18).

Além disso, para aqueles que não estão preocupados em ter sua fertilidade reduzida, há uma preocupante colateralidade da infertilidade: ela não afeta unicamente a capacidade de um homem reproduzir, mas aumenta a probabilidade de que ele venha a óbito. De acordo com um estudo da Stanford University (Eisenberg, M. Et al. “Semen quality, infertility and mortality in the USA”. Human Reproduction, Volume 29, Issue 7, July 2014), homens inférteis morrem mais jovens do que homens férteis. Ainda segundo esse estudo, a infertilidade (ou fertilidade pobre) está associada maiores índices de cânceres e problemas cardíacos.

Além disso, a Dra. Swan também demonstra que os disruptores endócrinos não afetam apenas seres humanos, mas atingem, inclusive, demais animais encontrados na natureza (algo que expus no texto cujo link postei acima), como crocodilos, visons, panteras, rãs, tartarugas, pássaros, etc, nos quais foram identificadas anormalidades genitais e dificuldades reprodutivas em virtude de sua exposição a disruptores endócrinos (mediante dejetos jogados na natureza – algo descrito, por exemplo, no livro “O Futuro Roubado”, de 1996).

Mas quanto a nós, humanos, as causas de infertilidade se estendem, como vimos, para além de causas meramente químicas, abarcando os já citados elementos culturais, morais, dos quais se destacam, também, de acordo com o estudo da Dra. Swan, o tabagismo (por exemplo, se uma mulher fuma durante a gestação a contagem de esperma de seu filho cairá em torno de 40% - e se ele ainda for exposto a disruptores endócrinos ele pode ser tornar totalmente infértil), o alcoolismo, o stress, etc. Tais situações são altamente prejudiciais tanto à produção de esperma quanto à sua qualidade.

Diante disso, por certo há medidas a serem adotadas. Algumas delas se relacionam a mudanças culturais, morais e de hábitos, resgatando, por exemplo, os fundamentos conservadores de nosso tecido social moral e cultural. Carecemos de uma espécie de “contra-revolução”, para que voltemos aos comportamentos e hábitos que passaram pela consagração pelo uso e fomentaram o bem comum.

Não apenas isso, devemos, é claro, reconhecer que há diferenças fundamentais entre homens e mulheres, bem como aspectos peculiares referentes à nossa sexualidade, de tal forma que certos “hábitos” e elementos químicos atuam de forma diferente sobre nossos organismos.

Por fim, precisamos adotar medidas necessárias para a preservação da masculinidade e da fertilidade, como o banimento de elementos tais quais Ftalatos e Bisfenol A.

Tal banimento, aliado ao fomento de uma cultura “fértil” e afeita às diferenças entre homens e mulheres, assegurará que não seguiremos nesse evidente “suicídio populacional” e, mesmo, civilizacional.

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