O cavalo de troia que pode pegar os governadores de calças curtas (e apertadas), sem a blindagem do STF
12/04/2021 às 15:19 Ler na área do assinanteCom os desdobramentos da articulação em torno da CPI, muita gente passou a perguntar sobre a traição do Kajuru. Mas como as conclusões não fechavam na minha cabeça, resolvi esperar mais um pouco para saber melhor o que iria escrever.
O que parecia de início era que a oposição tinha usado o senador, sobre o ônus da cabeça de Moraes, para criar essa CPI de ataque ao governo federal.
A ideia era que o congresso ignorasse o pedido do impeachment de Alexandre, e usasse a CPI para extrair mais cargos e ministérios do governo. Para a oposição também era bom, pois traria desgaste e travaria as pautas, deixando o país parado. O clima de insegurança econômica aumentaria ainda mais a crise, e esse, na minha opinião, era o objetivo.
Porém é preciso voltar algumas casas no jogo, para entender melhor todo o lance.
No dia 16 de Março, a PGR e o MPF mandaram um ofício a todos os estados da União, pedindo explicação sobre o repasse de verbas, e desconstrução dos hospitais de campanha. Apurava também o destino dos equipamentos desses hospitais.
O governo não é bobo, e sabia que com algumas denúncias já feitas sobre desvios de alguns governadores, poderiam chegar a improbidade administrativa deles no repasse da grana. O problema é que houve uma grande articulação de blindagem, na qual o congresso não queria essa investigação. Os partidos não querem impeachment de seus governadores, principalmente os de oposição.
Assim uma carta com desculpas genéricas foi escrita para a mídia trabalhar, e um pedido enviado a Rosa Weber para liberação de mais verba, sem que os GOVERNADORES PRECISASSEM EXPLICAR O DESTINO ANTERIOR DOS REPASSES. Com ela acatando, ficou claro para o governo, que os governadores não seriam responsabilizados pelos problemas da pandemia, pois o supremo iria dar um jeito disso não acontecer.
O que fazer então?
Passado alguns dias, Kajuru vai a Jovem Pan, e diz que o governo não apoiaria a CPI, mas apoiaria o pedido de impeachment de Alexandre. A oposição gostou, pois uma articulação internacional e nacional foi feita no sentido de Bolsonaro ser responsabilizado por omissão na pandemia. A CPI seria o caminho, e você pode ver inclusive, as publicações de Freixo e muitos outros inimigos do presidente, dizendo isso.
Assim, Kajuru e Alessandro levam o pedido até Barroso, que acata de imediato. Na sequência, Bolsonaro no cercadinho diz que a decisão foi monocrática, e que além dos outros pedidos que vinham a frente, ERA PRECISO INCLUIR OS GOVERNADORES na CPI, tornando ela ampla.
O que Kajuru não imaginava é que a pressão pelo possível erro planejado iria aumentar no núcleo bolsonarista, e para acalmar os ânimos, era melhor adiantar parte de algo combinado. Como ele foi parte do plano, era preciso mostrar aos apoiadores do presidente. E por isso, liberou o áudio da conversa. Ele não quer perder esses votos.
Foi ai que a oposição se ligou que foi pega em uma armação das mais bem feitas.
A CPI, que na verdade serviria de ferramenta para um desgaste a Bolsonaro, acabou sendo um gigantesco cavalo de Tróia para INCLUIR UMA INVESTIGAÇÃO PLENA SOBRE A CONDUTA DOS GOVERNADORES, SEM BLINDAGEM DO SUPREMO.
Por isso Fabio Faria dizia que seria bom para o presidente, e por isso o presidente não disse nada sobre o áudio divulgado por Kajuru, na qual o próprio deputado disse que Bolsonaro estava ciente da liberação. Alessandro, já sabendo que Kajuru incluiria a investigação dos governadores, pediu adiamento para ele mesmo incluir. A merda ja estava feita, e era melhor passar a imagem de idôneo no pedido feito, para não categorizar uma explícita perseguição exclusiva ao governo federal.
Fux provavelmente enviará a decisão a plenário, e Barroso deve estar puto por ter sido feito de bobo.
O áudio caiu como uma bomba, e os congressistas estão criando meios para esvaziar a CPI; ou tirando assinaturas ou fechando a mesa para um resultado medíocre. A base também articula com outras instituições para incluir os governadores na comissão. Para eles, é melhor Bolsonaro vencer mais uma, que governadores e seus partidos perderem suas gestões. Nesse cenário temos duas possibilidades: ou a CPI anda, e tudo é realmente apurado, ou não dá em nada.
Creio na segunda opção.
Em qualquer caso desses, Bolsonaro sai por cima, tanto na caçada aos governadores, quanto na isenção internacional de qualquer responsabilidade por omissão. Com a CPI não dando em nada, o motivo principal pelo qual o impeachment do presidente aconteceria, iria para o ralo, junto com a narrativa usada por todos os seus oponentes, no Brasil ou mesmo no mundo.
Claro que eu posso estar errado, afinal de contas, tudo isso é suposição baseado nos últimos acontecimentos. Mas a cada dia que passa, o que eu vejo é que Bolsonaro é um ponto fora da curva.
E que se existe alguém capaz de frustrar os planos do inimigo, esse cara é o presidente.
Victor Vonn Serran
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da Redação