E assim, os dias foram se desenhando de maneira sombria, como se almas penadas acompanhassem de perto através da sintonia que une os seres afins.
Tropeços em pedregulhos, suores noturnos, esconderijos em pesadelos, o gosto amargo do fel descendo garganta abaixo, enfim.... Todos os ingredientes obrigatórios de uma derrocada histórica.
A ganância arrastou intocáveis ao mar de lama, fulminou diretrizes estapafúrdias, culminou com a desmoralização de pessoas públicas e entidades parceiras que tinham um discurso inflamado, repleto de pura egolatria.
De tanto cobiçar horizontes mirabolantes, de desejar com avidez o almejado pote de ouro no fim do arco-íris, essas pobres almas que hoje vagam com o olhar perdido e desorientadas, se esqueceram do ponto principal que está por trás de toda e qualquer ação: o ser humano.
Não há lugar no mundo que em determinado momento de qualquer processo, seja de qualquer natureza, que não se apresente a figura humana.
O homem é parte intrínseca de qualquer movimento, é parte integrante, é condição sine qua non, ingrediente indispensável para qualquer empreitada, seja ela na singeleza ou grandiosidade a que se propõe.
Sendo assim, estes agora desacreditados, tropeçaram no óbvio, cegos que estavam diante das “maravilhas” advindas deste acordo entre partes suspeitas desde a raiz dos cabelos, utilizando o mote conservacionista para cativar a população.
E seguiram em frente, ávidos que estavam, fazendo conchavos, ludibriando entidades, falando meias verdades, teatralizando a morte da natureza junto às crianças, ou seja, usando de todo e qualquer tipo de conduta para atrair mais e mais simpatizantes à “causa verde”.
Mas espera aí, essa tal causa verde é mesmo a intenção em conservar o meio ambiente ou na realidade, é a vantagem financeira que se obtém com tais falcatruas?
Atualmente as mentalidades começam a se expandir, aprendem a ler nas entrelinhas em busca de explicações mais convincentes; não há como a vilania continuar o jogo sujo da patifaria, pensando serem indivíduos acima da lei, monstros sagrados de reputação ilibada cujo ego erroneamente os classifica.
Antes fossem todos! Assim, não haveria necessidade em descortinar abusos de poder, mandos e desmandos, conspirações em altas madrugadas; seríamos enfim, um modelo a ser seguido! Seria bom, seria o correto, seria.... Não é.
O que de fato existe é tudo o que está descrito acima e muito mais! Vários episódios escusos ainda serão descobertos, pois não há limites quando a usura transtorna os sentidos e embaça a visão.
O intento era louvável, certamente que sim. No entanto, o modo de ação foi extremamente amador e inconsequente, demonstrando que a transparência de propósito, a serenidade nas atitudes, a disposição ao diálogo em nenhum momento fez parte do “cardápio” oferecido.
Lastimável a postura dos proponentes, lastimável a postura dos parceiros de tal empreita.
A visão quadridimensional de toda essa situação que se impôs, nos leva a crer que todas as coisas têm o seu porquê, a sua razão de ser, talvez por termos chegado em um estado emergencial tanto na parte prática em tudo o que nos cerca, quanto na parte moral que rege a todos nós.
Olhando por este viés, chegamos ao denominador comum que estes tempos são próprios para uma reviravolta através do burilamento individual e coletivo, ou seja, é um mal necessário que nos faz despertar para a verdadeira vocação de todos nós, de toda a humanidade: a evolução.
Luciana Brandalize
Luciana Brandalize
Articulista e redatora que transforma sentimentos em palavras.