MEDO! “O horror, o horror”

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“O horror, o horror”. (Palavras finais do livro “O Coração das Trevas” - Jósef Corand)

Em Kafka vemos o medo através do livro “O Processo”. Em Edgar Allan Poe o medo surge através do poema “O Corvo”. Em Jósef Corand, no livro “O Coração das Trevas”, o medo acontece pela narração do protagonista Marlow, que conta a história de Kurtz. No Brasil atual o medo vem do STF e seus 11 juízes que entenderam que o Brasil pertence a eles. Os três primeiros exemplos são literários, o último é real.

No livro “O Processo”, Franz Kafka nos conta a história de K. que era um bom cidadão, bom funcionário e trabalhava num banco. No dia de seu aniversário Josef K. foi detido em seu quarto por dois guardas. Começa assim o pesadelo de Josef K., que é processado sem saber o crime que havia cometido. Ele não sabe quem o acusou, nem o motivo. Desesperado luta com todas as forças e meios para descobrir do que estava sendo implicado, quem o culpava e com fundamento em que lei o denunciavam de forma tão absurda.

Em “O Corvo”, de Edgar Allan Poe, o medo acontece à meia-noite, numa espécie de pânico angustiante. Um homem, cujo o nome não sabemos, em uma noite sombria de dezembro, lê "curiosos tomos de ciências ancestrais". Quer esquecer a morte de sua amada Lenore. Uma batida na porta do quarto chama sua atenção. Novamente a batida, agora um pouco mais alta, e ele percebe que está vindo de sua janela. Quando ele vai investigar, um corvo voa para dentro de seu quarto. E pousa sobre um busto de Minerva acima da porta.

O relato de o “Coração das trevas”, de Jósef Corand, nos conta e condena a ocupação belga da região que hoje corresponde à República Democrática do Congo, na África. Marlow, o narrador, descreve as atrocidades e explorações sem tamanho contra a população local.

“Os fins justificariam tudo isso, porém o fim único vai se mostrando cada vez mais claro como simplesmente engordar as contas bancárias da Europa. No meio disso tudo, vemos a degradação moral dos europeus metidos em solo africano, cada vez mais compulsivos na exploração da área e embriagados pelo poder”.

No Brasil atual, governado por Jair Bolsonaro, que foi eleito democraticamente, quebrando um esquema de 23 anos de domínio socialista-comunista dos partidos PSDB/PT, o medo vem de onde deveria vir a justiça.

O escritor Rodrigo Constantino acredita que o Supremo não é uma corte constitucional e garante que na situação atual do país ele tem medo até mesmo de falar o que pensa do ministro Gilmar Mendes.

“Eu já disse antes e repito hoje: o STF, nessa composição, representa a maior ameaça que temos à nossa democracia. Basta ver o seguinte: de quem temos medo? De quem temos medo de criticar, de atacar, mostra de onde vem o verdadeiro perigo!
Ninguém tem medo de atacar da forma mais virulenta possível o presidente Bolsonaro, então não é de lá que vem nenhuma ameaça às liberdades e à democracia.
Já os ministros do Supremo, todo mundo tem medo, e por motivos óbvios. É um poder que é político, vem sendo usado de forma muito abusiva e arbitrária e já culminou em prisão de jornalista, prisão de deputado, e por aí vai”, afirmou.

No final do livro “O Processo”, Josef K. se encontrava sem ânimo para prosseguir lutando contra um procedimento desconhecido por ele, indolente, indiferente, sem ânimo, sem forças e sem motivos para continuar. Desiste de sua vida ou do inferno em vida que estava padecendo. Em desespero, infere-se que ele combina com os dois desconhecidos que o atormentam que o matem:

“(…) as mãos de um dos senhores seguraram a garganta de K. enquanto o outro lhe enterrava profundamente no coração a faca e depois a revolvia ali duas vezes.” (O Processo - Kafka, p. 254).

No poema de Poe, o narrador faz diversas perguntas ao corvo e não se admira que a ave fale, e o corvo responde sempre: “Nunca mais”. Ao final ele fica irritado e manda que o pássaro regresse ao lugar de onde veio. Mas o pássaro negro não se move. Então o narrador desiste e percebe, desolado, que sua alma está presa a sombra do corvo e nunca mais se erguerá.

“Deixa-me só neste ermo agreste! Alça teu vôo dessa porta!
Retira a garra que me corta o peito e vai-te dessa porta!"

E o Corvo disse:

"Nunca mais!"
"E lá ficou! Hirto, sombrio, ainda hoje o vejo, horas a fio,
sobre o alvo busto de Minerva, inerte, sempre em meus umbrais.
No seu olhar medonho e enorme o anjo do mal, em sonhos, dorme,
e a luz da lâmpada, disforme, atira ao chão a sua sombra.
Nela, que ondula sobre a alfombra, está minha alma; e, presa à sombra, não há de erguer-se, aí! “Nunca mais”!”

Ao final da leitura de “O Coração das Trevas” compreendemos que o bem surge como um disfarce do mal e que se não tivermos prudência, as paixões, desejos primitivos, apetites, afloram e nos dominam e acorrentam o espirito divino que nos move. Sofremos uma perda de identidade. O poder nos corrompe. É como se uma entidade maléfica nos dominasse e justificasse as ações mais vis. “A obra nos permite um processo de reflexão sobre a natureza humana, sobre a corrupção moral e, sobretudo, sobre o que o homem pode se tornar quando não encontra limites para suas ações”. Inspirado no livro, Copolla fez o filme “Apocalipse Now” e essa é a última fala do coronel Kurtz:

“Meu sonho é este: uma lesma andar sobre o fio de uma navalha e sobreviver”.

No país de Macunaíma, onde tudo é malandragem, corremos o risco, invertemos tudo e caminhamos sobre o fio de uma navalha.

O Presidente, que qualquer um se acha no direito de criticar, chamar de golpista, pedir sua morte, como fazem jornalistas da Folha e de outros jornais; é esfaqueado e ninguém descobre o mandante; é chamado de genocida sem que os que o chamam saibam o significado da palavra; é sabotado, todos os dias em suas ações e por último, até em cargos de confiança é contestado. Jamais mandou prender alguém. Nunca fechou nada. Nunca proibiu nada. Mostra a todos o que é ser democrata e o que é a liberdade individual. E que todos são livres para se expressaram da forma que bem entenderem.

No entanto, seus opositores, que foram alijados do poder, mas dominam o judiciário, a câmara, o senado e a mídia querem fazer crer aos brasileiros que o perigo para a democracia é Jair Bolsonaro, de quem ninguém tem medo.

E invertendo a realidade todos os dias conspiram, prendem, atiçam, adulam, lisonjeiam, incitam os militares dar um golpe, fazem artigos nos jornais pedindo a morte do Presidente. Com esses atos e essas posturas afirmam que eles, os que perderam o poder é que são democratas, são limpos, honestos. Querem o poder a qualquer preço. Deles ninguém fala e nem pode falar. Deles provém o medo. A prisão. O terror. A dor. “O horror, o horror”!

Como o corvo de Allan Poe, respondemos: “Nunca Mais!”

Obs.: Para maiores informações cito os sites: homoliteratus e planocritico e a leitura das obras citadas: “O Coração das Trevas”, “O Processo”, e o “O corvo”. Entre as dezenas de traduções que existem da obra de Allan Poe, ative-me a tradução de Oscar Mendes e Milton Amado, por ser mais poética e aproximar-se mais do original. A entrevista de Rodrigo Constantino foi dada a Jovem Pan.

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Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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