Mais de mil famílias em SP perdem bolsa-aluguel da prefeitura e devem ir para as ruas
02/04/2021 às 07:30 Ler na área do assinanteAproximadamente, mil famílias da zona norte de São Paulo devem perder, até o final de abril, o auxílio-aluguel que vinham recebendo da Prefeitura, desde que foram alvo de uma ação de despejo, em 2019. Eles estão tentando manter o pagamento do benefício, mas a gestão Bruno Covas (PSDB) já sinalizou que não atenderá o pleito. Muitas famílias têm entrado em desespero porque, em virtude da pandemia da Covid-19, eles que trabalham em “bicos”, serviços de domésticas, garçons e pedreiros, não têm como pagar um aluguel.
Na semana passada, a Defensoria Pública do Estado debateu que atitude tomar diante da possibilidade de o benefício de fato deixar de ser pago. Uma ação civil deve ser ajuizada nos próximos dias.
As famílias ocupavam, desde os anos 1990, uma área às margens do Córrego do Bispo. Em 2019, com as obras do Trecho Norte do Rodoanel, ao lado da área, a Prefeitura executou a remoção das famílias, em um acordo feito com a Defensoria Pública do Estado. As famílias passariam a receber uma bolsa aluguel de R$ 400 por 12 meses, prorrogáveis por mais 12 meses.
"Uma parte das pessoas foi para outras ocupações e, assim, não paga aluguel. Mas quem tinha emprego usava o auxílio para complementar a renda e não conseguia alugar casa. Você sabe que, com R$ 400, não dá para alugar nem um quarto de cortiço na cidade", disse a líder comunitária Cremildes Jesus da Silva, de 56 anos.
"Essas pessoas não estão conseguindo mais bicos por causa da pandemia. Não tem bico de garçom, não tem bico na limpeza de bares, não tem de pedreiro, porque está quase tudo parado. Eles batem aqui na porta pedindo ajuda, mas só dá para encaminhar para o CRAS (os abrigos para moradores de rua do Centro de Referência de Assistência Social). Mas, no CRAS, tem de tudo, né? O traficante, o usuário. É muito difícil", afirma a líder comunitária.
As famílias tentam prorrogar o pagamento do auxílio por mais 12 meses ou até que a pandemia termine para evitar que algumas delas sigam para a rua.
A Gestão Covas limitou-se a dizer que o despejo original das famílias foi requisitado pelo Ministério Público e concluiu que não há como prosseguir o pagamento dos benefícios.
"Entendemos que não há amparo legal para a continuidade da concessão de atendimento habitacional provisório para as famílias da Encosta do Córrego do Bispo em vulnerabilidade social".
E o prefeito parece insensível.
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Fonte: R7