Após a saída, Pazzuelo abre a "caixa preta" sobre corruptos: “Queriam propina e esquemas” (veja o vídeo)
25/03/2021 às 16:39 Ler na área do assinanteEm seu discurso de despedida do Ministério da Saúde, o ex-ministro Eduardo Pazuello, desabafou para os servidores da pasta, nesta quarta (24), toda a podridão do sistema corrupto de Brasília.
Ao lado de seu substituto, o cardiologista Marcelo Queiroga, ele afirmou que sofreu pressões de políticos interessados num “pixulé”. Mas, ao contrário do que pediam, Pazuello levou ao Ministério os atributos militares como “probidade e honestidade” e que descobriu – até mesmo – um grupo de médicos do Ministério disposto a boicotá-lo.
“Esse grupo tentou empurrar uma pseudo-nota técnica que nos colocaria em extrema vulnerabilidade, querendo que aquele medicamento; a partir dali, estava com critérios técnicos do Ministério, e ele (o medicamento) não tinha”, contou Pazuello.
Sem citar nomes, o general do Exército disse ter reunido a equipe dele, no final do mês passado, para informar que sua gestão vinha sendo alvo de diferentes ofensivas e que, por conta disso, poderia ser substituído, em breve.
“Eu reuni toda minha equipe no dia 23 de fevereiro: fiz um quadrinho e mostrei todas as ações orquestradas contra o ministério. Eram oito! Falei que não tinha como nós chegarmos até o dia 20 de março. Marcelo foi consultado já no início de fevereiro”, afirmou Pazuello, ao lado de Queiroga, que ouvia o relato em silêncio.
O ex-ministro relatou que se recusou a atender pedidos de pessoas cujos nomes constavam numa lista enviada ao Ministério por “uma liderança política”.
“Ali começou a crise com a “liderança política que nós temos hoje […]. Aí chegou no final do ano, uma carreata de gente pedindo dinheiro politicamente […]. Foi outra porrada, porque todos queriam o ‘pixulé’ no final do ano”, acusou Pazuello, acrescentando que o caixa do ministério é muito “cobiçado”.
“O Ministério é o foco, o aval das pressões políticas. Por quê? Por causa do dinheiro que é destinado aqui de forma discricionária […]. A operação de grana com fins políticos acontece aqui. Acabamos com 100%? Claro que não: 100% nem Jesus Cristo!! Nós acabamos com muito”, afirma, garantindo que virtudes – próprias dos militares – como “honestidade” e “ética” estavam em falta no Ministério; quando ele assumiu.
“Faltava gestão, liderança, ética, probidade, honestidade, responsabilidade. Trouxemos esses atributos para onde, normalmente, pela própria construção política que se faz, não são atributos que vêm junto. Quais são os atributos que vêm aqui? Relacionamento, normalmente, composição política, direcionamento de politicas não sei do quê. É um cargo político”, analisou.
E completou:
“Quando você vem com atributos como esses, causa um olhar. As pessoas começam a te olhar diferente: ‘poxa, você não tem interesse?’ ‘Não’. ‘Não quer falar com a empresa tal?’ ‘Claro que não’. ‘Você não recebe empresa?’ ‘De jeito nenhum’. ‘Não vai aceitar o cara aqui fazendo lobby?’ ‘Não’. ‘Não vai favorecer o partido A, B ou C?’ ‘Claro que não’. ‘E o operador do fulano, beltrano?’ ‘Não’. Porra, vai dar merda. É assim que funciona”, disparou.
Sobre a situação financeira dos militares em comparação a de políticos, Pazuello revelou:
“Moramos em casas pequenas, quartos de hotel e andamos com carros de classe média”, finalizou.
Confira o vídeo:
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