Presidente de entidade de magistrados chora miséria e diz que “a magistratura está empobrecida”
20/03/2021 às 12:01 Ler na área do assinanteEm entrevista ao jornal Bahia Notícias, a presidente da Associação dos Magistrados da Bahia (Amab), Nartir Weber, deu uma declaração “bombástica”, dizendo que “a magistratura está empobrecida”. O motivo, de acordo com ela, é que a entidade vem pleiteando benefícios para os magistrados há alguns anos, sem êxito.
Nartir diz que os juízes “sofrem” com defasagem salarial acumulada e a falta de reajustes. Ela reforçou que os juízes não criam benefícios para si próprios e que tais pagamentos estão amparados por leis.
“Nós reconhecemos que ganhamos bem sim, dentro da estrutura da sociedade. Mas observe que, do nosso salário, recolhemos 27,5% do imposto de renda e 15% do Funprev. Ficamos, muitas vezes, com um salário líquido de aproximadamente R$ 15 mil. E ainda tem plano de saúde para pagar. É um salário bom sim. Mas tem casos de juízes, em que a esposa largou o trabalho para acompanhar ele para o interior do estado, que tem filhos na faculdade. Por exemplo, uma faculdade de medicina gira em torno de R$ 10 mil por mês. A magistratura está empobrecida mesmo. Não dá para pensar que nós, juízes, somos classe média alta. Nós somos classe média baixa”, acredita Nartir, acrescentando que a própria sociedade exige do juiz “essa exteriorização de poder econômico”.
Segundo pesquisa divulgada, no início de 2020, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um - em cada cinco trabalhadores brasileiros - recebia menos da metade do salário mínimo, em 2019. A situação é pior entre aqueles que têm os menores rendimentos do trabalho porque ganham apenas R$ 471.
Os magistrados brasileiros estão entre a fatia de 1% de trabalhadores mais bem remunerados (R$ 28.659), em 2019, enquanto que os 10% trabalhadores com remunerações mais baixas ganhavam, em média, apenas R$ 267 mensais. Já a média nacional, a renda do trabalho foi de R$ 2.308, em 2019.
Por outro lado, o comentário da juíza sobre a defasagem dos rendimentos contrasta com os dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Pois, de acordo com a entidade, mesmo em meio a uma crise econômica mundial causada pela pandemia da Covid-19; os “extras” do Judiciário, em 2020, fizeram um rombo de R$ 1,4 bilhão aos já sofridos cofres públicos.
Isso porque, ela não falou, mas o CNJ aponta que os magistrados têm direito, além do salário, auxílio-saúde, auxílio-alimentação, indenização por férias não tiradas, ajudas de custo e gratificação pelo exercício cumulativo de atividades. Todas essas “coisinhas engordam”, significativamente, os “supersalários” do judiciário.
Pra se ter uma ideia de como os valores são extratoféricos, tem rendimento anual líquido de juiz no Brasil que chega a ser mais de 1 milhão de reais. Porque, ao salário de, aproximadamente, 33 mil reais somam-se os “extras” que, inacreditavelmente, totalizaram 700 mil reais.
Enfim, a juíza Nartir não sabe, mas o Brasil é o país dos “contraditórios”.
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da Redação