Um general na Petrobrás para retomar a ordem

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Indicado pelo presidente Bolsonaro para comandar a Petrobrás, o general Joaquim Silva Luna, atual diretor-geral da Itaipu Binacional e ex-ministro da Defesa no governo Temer, vai substituir o ainda presidente da estatal, Roberto Castelo Branco. Desde 1988 que a Petrobrás não tem um presidente militar.

Luna, com 71 anos de idade, é considerado um excelente administrador. Vai deixar Itaipu após uma gestão marcada por medidas austeras de corte de custos e de investimento bilionários em obras de estrutura.

Uma de suas primeiras ações quando tomou posse na Itaipu foi centralizar em Foz do Iguaçu todas as atividades administrativas da hidrelétrica. Logo no início extinguiu o escritório de Curitiba, que tinha 115 funcionários, entre os quais a atual companheira de Lula, Rosângela da Silva, também conhecida como Janja.

Luna centralizou tudo na sede da empresa. Na própria diretoria-geral, cinco superintendências e duas divisões foram extintas, com economia de R$ 7 milhões. A mesma medida foi adotada com o escritório de representação em Brasília. Em seu primeiro ano de gestão a empresa economizou R$ 600 milhões; um sucesso.

Esse é o homem que vai substituir Castello Branco, que imaginava deixar a empresa como um herói. Segundo o consultor da Petrobrás, Assis Pereira, Castello aplicou o “conto do vigário”, pois “o estratosférico lucro de R$ 59,89 bilhões da Petrobrás no quarto trimestre foi montado para satisfazer a maioria de seus acionistas estrangeiros, aqueles detentores das American Depositary receipt (ADR’s, recibos de ações emitidos nos EUA para negociar ações de empresas de fora do país) negociados em Dow Jones, representando, na verdade, o maior conto do vigário da história das empresas de capital aberto no Brasil”.

Em entrevista para a imprensa, Pereira disse que Castello e seu séquito montaram um falacioso resultado positivo utilizando de reversão de “impairment”, que é uma espécie de deterioração de ativos na contabilidade de R$ 31 bilhões, ganhos cambiais de R$ 20 bilhões e reversão arbitrária de gastos passados do plano de saúde dos funcionários ativos e aposentados da Petrobrás (MAS), montados em R$ 13,1 bilhões decorrentes da revisão de obrigações futuras da empresa com seus empregados e pensionistas em seu Plano de Saúde.

Segundo ele, “Boa parte desses R$ 13,1 bilhões será transferida dos contracheques de aposentados e pensionistas da estatal para os investidores institucionais norte americanos, na forma de dividendos, aqueles possuidores das ADR”.

Castello vinha irritando Bolsonaro por conta dos seguidos aumentos nos combustíveis, principalmente o diesel. Quando os caminhoneiros ameaçaram fazer greve contra o aumento do óleo, Castello disse que a insatisfação da categoria é “um problema que não é da Petrobrás”. Para Bolsonaro, ele não estava fazendo uma administração transparente, e só pensava em dar lucros aos acionistas privados.

Realmente, de junho de 2020 à 1ª quinzena de fevereiro, a gasolina subiu 21,7%. Além disso, para o grupo que auxilia Bolsonaro, Castello vem conduzindo a estatal de maneira errática, com sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, além do cometimento de improbidade administrativa por ter “desdenhado” dos caminhoneiros.

Se levarmos em consideração que o principio fundamental que rege a vida militar é a disciplina e hierarquia, e se considerarmos que Bolsonaro é militar da reserva, a mudança na Petrobrás já era esperada.

Nota do editor: No vídeo abaixo, conheça a pessoa do general Silva e Luna, sua origem modesta, uma carreira construída com muito, muito mérito pessoal:

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Foto de Luiz Holanda

Luiz Holanda

Advogado e professor universitário

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