A Lama Asfáltica, o seu alcance e o desespero de André Puccinelli
11/05/2016 às 07:13 Ler na área do assinanteO Operação Lama Asfáltica, que teve sua 2ª fase denominada ‘Fazendas de Lama’, irá com certeza desencadear profundas modificações no cenário político de Mato Grosso do Sul.
Uma limpeza, uma verdadeira faxina, começou a ser realizada.
O real alcance da ‘Lama Asfáltica’ ainda é imprevisível, mas alguns pontos estão evidenciados:
- Salvo raríssimas exceções, até então, a classe política de Mato Grosso do Sul é imunda, a imprensa é marrom, o Judiciário é um engodo e o Ministério Público é inexistente.
- A organização criminosa comandada por André Puccinelli, possui inúmeras ramificações e já prejudicou enormemente o desenvolvimento do estado. O prejuízo é incalculável.
- O resultado do pleito de 2012 na prefeitura de Campo Grande, foi fundamental para o avanço das investigações.
O grupo de Puccinelli operava com extrema eficiência a muito tempo e detinha o pleno controle de dois grandes cofres. O cofre do governo do estado e o cofre da prefeitura de Campo Grande, além de outros também extremamente rentáveis (Hospital do Câncer, Santa Casa, Proteco, Solurb, etc, etc e etc.).
O cofre da prefeitura era um dos mais lucrativos para a organização. Jorrava dinheiro...
Assim, quando perderam o seu controle, entraram em "parafuso", muita grana, na visão dos bandidos, estava indo para o "ralo", um "prejuízo" de grande monta para as negociatas de André, Amorim e companhia.
O efeito foi "dominó", pois caindo os ganhos da organização, todas as ramificações perdiam. A imprensa marrom, os ‘mensaleiros’ da Câmara e as empresas participantes do esquema.
Diante do quadro sinistro, de maneira orquestrada, mas com certo desespero, iniciaram o tresloucado plano para retomar o cofre da Capital de Mato Grosso do Sul. Para tanto necessitavam cassar o mandato do prefeito, já que o vice estava devidamente cooptado.
Desta forma, na operacionalização do crime, tiveram que gastar dinheiro, alimentar a imprensa marrom e abastecer com propina os vereadores e membros de outros poderes.
A trama maquiavélica deu certo e o objetivo foi alcançado no dia 12 de março de 2014.
Com o sucesso do golpe político, a organização criminosa recuperou o controle do cofre de Campo Grande e, sem qualquer problema, montou o secretariado do pastor marionete, colocando nos postos estratégicos pessoas escolhidas pelos vereadores, pessoal do Judiciário e peemedebistas ligados a André e Nelsinho.
E ai começou uma verdadeira algazarra para recuperar o tempo e o lucro perdido enquanto perdurou a gestão de Alcides Bernal. Cada um dos golpistas buscando tirar a sua lasquinha. A prefeitura virou uma verdadeira "Casa de Mãe Joana", um cenário prostituído, que persistiu até o dia 25 de agosto de 2015, quando o mandato foi restituído ao legítimo prefeito.
A Solurb, por exemplo, uma das empresas utilizadas para solapar o dinheiro público, durante a vigência do golpe, triplicou sua receita espúria, passando de 4,5 para 15 milhões por mês. A alegria estava de volta para o mundo do crime.
Só uma coisa não estava no ‘script’ golpista. A polícia federal vinha acompanhando todos esses movimentos, fazendo filmagens, gravações e colhendo verdadeiras impressões digitais.
Hoje a polícia detém um arsenal de informações que incriminam André, Amorim e demais componentes da organização.
Tanto é verdade, que nesta terça-feira (10), algumas prisões foram efetuadas.
André Puccinelli continua solto. Consta que hoje ele está em Brasília, reunido com Marum, Simone Tebet e outros políticos de seu grupo. André vai lutar para conseguir um cargo que lhe garanta o ‘foro privilegiado’. Ele foi colega de Michel Temer na Câmara, transita bem em Brasília e é um obstinado em busca de seus objetivos.
Vamos aguardar.
José Tolentino
Editor do Jornal da Cidade Online
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José Tolentino
Jornalista. Editor do Jornal da Cidade Online.