Quem lê a minha coluna aqui nesse jornal sabe que sou um crítico ferrenho da velha mídia. São vários os meus posicionamentos, sempre de forma contundente, a respeito do desserviço que ela (velha mídia) vem prestando, ao afastar-se da sua função de fazer jornalismo para passar a servir como um ambiente de ativismo político de esquerda, na mais pura acepção do “gramscismo” revolucionário de tomada do poder pela ocupação de espaços na cultura.
Na verdade, já tem algum tempo que não denomino mais a velha mídia de “mainstream”, porque estamos conseguindo, aos poucos, com muito trabalho, quebrar a hegemonia da dominação dos veículos midiáticos de sempre. E exatamente por isso que também não uso mais a expressão “mídia alternativa” para me referir a esse Jornal da Cidade Online, pois, com seus milhões de visualizações mensais, já deixou de ser “alternativo” há muito, fato que deve ser prestigiado e glorificado por todos.
O que quero ressalvar aqui nesse texto de hoje, que me traz aqui à minha coluna, é chamar a atenção dos leitores para a relação da sociedade para com esses veículos da velha mídia.
Com efeito, depois de 2 anos de governo Bolsonaro, já houve a conscientização do povo sobre como funcionava a engrenagem da mídia nacional no Brasil que ficou para trás no dia 31 de dezembro de 2018 (e que espero que nunca mais volte): com a irrigação de dinheiro público – ou melhor: do pagador de impostos – nos veículos midiáticos, para que esses se financiassem, em um círculo vicioso que provocou um dos mais perversos danos culturais ao país.
Graças ao bom Deus, e à escolha da maioria dos eleitores nas urnas, em outubro de 2018, esse ciclo foi interrompido por Jair Bolsonaro, que, como todos sabem, parou de injetar dinheiro no orçamento das empresas de mídia via verba de publicidade.
O resultado já se vê por aí, após 2 anos de governo, repito, com a nítida mudança na estrutura da Rede Globo, que, de império midiático intocável, passou a ser uma empresa com sérios problemas de caixa, que luta para sobreviver financeiramente, reduzindo seus custos, diante da perda da receita bilionária garantida por anos e anos no passado, por conta da injeção de dinheiro via Governos.
Daí, lembro-me aqui, a respeito do assunto, de um trecho de um dos textos constantes do meu livro, Escritos conservadores, chamado “reflexão sobre a mídia brasileira”. Saliento mais uma vez, sem falsa modéstia, que às vezes parece que muito do que lá escrevi foi feito quase como uma profecia.
Confiram o trecho em questão (obra citada, pp. 185/186):
“Tenhamos em mente o seguinte. Durante muitos anos as empresas de mídia “mainstream” brasileiras acostumaram-se a existir no mercado sem precisarem demonstrar, sequer, competência. Não era necessário que elas fizessem nada para terem sucesso econômico e espaço garantido no ramo de atuação delas. Independentemente do conteúdo dos telejornais ou dos jornais impressos, o faturamento gordo dessas empresas estava garantido, em uma situação extremamente confortável para elas.
Esse processo se dava, unicamente, pela associação feita por essas empresas com o Estado: a mídia “mainstream” seria financiada pelas propagandas oficiais de empresas públicas e do próprio governo da ocasião, e os veículos de comunicação se transformariam em 'imprensa chapa-branca', que se afastaria do seu dever jornalístico de prestar informação real, verdadeira, com a apuração dos fatos.
O fenômeno, que já existia desde FHC, mas que aumentou exponencialmente a partir da chegada do PT à Presidência, em 2003, gerou uma perversidade enorme no setor, que, além de fazer com que a meritocracia desaparecesse, transformou os profissionais da mídia em militantes políticos.
Não havia mais, no jornalismo brasileiro, necessidade de prestar um serviço de qualidade para conquistar leitores e espectadores. As empresas midiáticas não precisavam preocupar-se mais com esse tipo de coisa: era apenas 'existir', aguardando a irrigação de dinheiro público, que lhes garantia o financiamento para que continuassem nadando de braçada no setor da comunicação nacional, pagando salários distorcidos para suas estrelas do jornalismo, e mantendo, por exemplo, programas deficitários na grade dos canais de televisão, pois fazem parte da agenda progressista da emissora.
Era de fato uma parceria tenebrosa e vergonhosa entre Estado e mídia, jamais vista em algum país democrático do mundo, que, repito, atingiu o seu ápice com a chegada do PT ao Poder.
Jair Bolsonaro rompeu com isso, ao estancar imediatamente a transferência absurda de dinheiro do pagador de impostos às empresas da mídia 'mainstream'. Agora, o que acontecerá é que elas deverão, utilizando uma expressão que não gosto muito, se ‘reinventar’, descobrindo por si mesmas como sobreviver no livre-mercado, com a competição e meritocracia que impera em um universo fora do serviço público.
Finalmente, graças a Jair Bolsonaro, essas empresas midiáticas se ajustarão à vida normal que qualquer um, qualquer pessoa (física ou jurídica) deve se ajustar, enxergando que prestam um serviço a um consumidor, que, se dele [do serviço] não gostar, não mais o consumirá, já que sempre tem o poder de mudar de canal ou de ler outra coisa.
E, nesse panorama, depois de ser corrigida essa distorção no meio midiático, que deu espaço a profissionais muitas vezes medíocres e despreocupados com o profissionalismo e a competência que deve imperar em uma carreira privada, várias dessas empresas desaparecerão, pois não conseguirão ajustar-se a esses novos tempos, e outras seguirão adiante, após se reformularem e se reciclarem.
É por isso e exatamente por isso que Jair Bolsonaro é tão odiado pela mídia ‘mainstream’: porque ele está fazendo as empresas midiáticas se ajustarem à velha máxima do livre-mercado, de 'demanda x procura', que faz com que produtos bons continuem existindo, e produtos ruins desapareçam. Simples assim.”
Como eu disse àquela ocasião, sigamos em frente, pois temos muito trabalho a fazer. O caminho para equilibrar o jogo, no setor midiático, é longo. Falta muita coisa ainda. Mas o principal já foi implementado pelo governo Bolsonaro: a interrupção de dinheiro público nos impérios de comunicação, obrigando-os a se ajustarem ao mercado por si sós, se quiserem sobreviver.
O vácuo que a velha mídia deixa atualmente vem sendo preenchido pela nova mídia, como esse Jornal da Cidade e outros veículos similares, especialmente diante da demanda reprimida de consumidores, que não possuíam qualquer opção além daqueles antigos propagadores de “notícias” (e, aqui, as aspas são propositais mesmo).
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Guillermo Federico Piacesi Ramos
Advogado e escritor. Autor dos livros “Escritos conservadores” (Ed. Fontenele, 2020) e “O despertar do Brasil Conservador” (Ed. Fontenele, 2021).