Na cova dos leões: Os insultos motivaram a prisão, mas, o alvo é o presidente

21/02/2021 às 06:40 Ler na área do assinante

A prisão do deputado federal Daniel Silveira ocorreu nessa terça feira (16) de carnaval, após publicar um vídeo criticando a atuação do Supremo Tribunal Federal, e também por conter ofensas nominais a vários de seus ministros.

Essa prisão precisa ser compreendida nas entrelinhas. São múltiplos os fatores que levaram ao desfecho catastrófico da inédita prisão em flagrante (com mandado), sendo validada posteriormente, por unanimidade, pelo plenário da Corte, ou seja, pelos mesmos membros que foram objeto das ofensas.

Essa unanimidade é burra?

Não. Com toda certeza essa é uma unanimidade muito esperta, astuta, comprometida em usar todos os ingredientes oferecidos de bandeja por essa direita conservadora, que inadvertidamente mede forças com o maior (senão o único) poder vigente no nosso país. Onde estava o seu juízo, Daniel Silveira? Na imunidade parlamentar?

Podemos levantar centena de hipóteses, mas todos sabem que a questão é política.

O alvo não é Daniel, tampouco Sara, Eustáquio e outros, que figuraram lá no início das manifestações em apoio ao presidente.

Quem se lembra daqueles anônimos que foram presos por Moraes?

Lembram-se das inúmeras tentativas para enquadrar o presidente na lei de segurança nacional?

E dos incontáveis pedidos de impeachment?

Então. Não sendo possível atacar o pastor, ataca-se a ovelha. Essa é a lógica.

Daniel caiu na cova dos leões. E a decisão dos graúdos do Supremo em mantê-lo no xilindró contém alerta "educativo". Alerta que se estendeu para a Câmara dos Deputados.

O que se viu na sessão "histórica" foi o julgamento da pessoa do parlamentar, cujas provas incluem desde imaginação, pensamentos e palavras do réu, desviando totalmente do real objetivo: avaliar SE ESSA PRISÃO É JUSTA!

Decisão ocorreu nesta sexta-feira (19). Foram 364 votos a favor da manutenção da prisão, 130 contra e 3 abstenções.

A esperança de salvação para o parlamentar reside no Senado? Aguardemos.

Mas o que motivou a fúria dos togados que culminou na prisão tão polêmica?

Assisti ao vídeo nos primeiros minutos de postagem. A fala sobre o STF não foi novidade; muitas outras pessoas, inclusive de esquerda, já tinham falado algo similar ou até de teor mais grave.

O que chamou a atenção foram os xingamentos e palavras de baixo calão, fazendo alusão à sexualidade de alguns dos ministros.

Muito provavelmente esse foi o gatilho para a decisão unânime e justificaria a retirada imediata do famigerado e vergonhoso vídeo do YouTube.

O próprio deputado disse que confiou na imunidade parlamentar, achou que estaria protegido e admitiu que exagerou quando fez ataques pessoais aos ministros, anulando assim a sua justa indignação a respeito da instituição STF.

É verdade que a maioria da população está insatisfeita com o Supremo Tribunal, que se colocou na condição de oposição do governo, quando deveria funcionar como pilar de apoio e sustentação, ainda muito mais em tempo de pandemia, quando o povo ameaçado por um vírus, vulnerável como nunca, é obrigado a assistir às intrigas do mais alto poder do país, que usou dos seus cargos, para vingar-se de uma pessoa que lhes faltou com o respeito, usando meios ilegais (prisão indevida) sob pretexto de defesa da democracia.

Pretexto explicado em pronunciamento em vídeo, em que o ministro Moraes, justifica, ponto a ponto, a interpretação que foi dada às leis vigentes, que tornou possível “o mandado de prisão em flagrante”, “crime inafiançável” e o enquadramento do “criminoso” na lei de segurança nacional.

A última semana foi um desafio para os nervos dos conservadores. A prisão do rapaz foi comemorada como se fosse final de copa do mundo. Uma previsível euforia tomou conta dos nossos representantes políticos oposicionistas e de seus seguidores, usaram as mídias sociais para "cancelar" o deputado Daniel, com acusações de criminoso, miliciano, fascista, etc. Não o bastante, os mais sinceros desejos de que "apodreça na cadeia" além de perder o mandato.

Quero saber se já podemos enviar um "mandado de prisão em flagrante" na casa dessa galera criminosa?

Foi um dia triste para a história do nosso país. A sensação é de orfandade. Estamos órfãos de pai e mãe. Nenhuma autoridade consegue oferecer a segurança emocional tão necessária em tempos tão sombrios.

Nenhuma autoridade que julgou o deputado em questão está isenta de pecados.

Coloquem a mão na consciência. Muitos de vossas excelências, dada a idade, já estão no final da jornada terrena. O que pretendem deixar como legado?

Já é mais do que tempo de amadurecer, de parar com essas picuinhas.

Não é com prisões de inocentes que alcançarão o respeito do povo.

Respeito se conquista com educação.

E vale lembrar: SÓ EDUCA QUEM É EDUCADO.

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Bernadete Freire Campos

Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com especialidades em psicopedagogia, Avaliação Psicológica, Programação Neurolinguística; Hipnose Clínica; Hipnose Hospitalar ; Hipnose Estratégica; Hipnose Educativa ; Hipnose Ericksoniana; Regressão, etc. Destaque para hipnose para vestibulares e concursos.

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