FHC recebe prêmio e fala mal do país no exterior
14/05/2015 às 06:16 Ler na área do assinanteDurante a entrega do prêmio Person of the Year, promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos e realizado na noite de terça-feira (12), no The Waldorf Astoria, em Nova York, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teceu críticas ao Brasil em seu discurso, afirmando que teme que os avanços conquistados a partir da Constituição de 1988 possam “desfazer-se no ar”.
O evento, que contava com uma plateia de 1.200 pessoas, entre empresários, diplomatas e a alta cúpula do PSDB, e cujos ingressos variavam entre US$ 10 mil a US$ 18 mil dólares (na mesa), e US$ 1.000 (assento individual).
Ao ser premiado, FHC fez uma alusão ao bordão usado pelo ex-presidente Lula e disse que essa “construção” de décadas foi feita por gerações e não permite que se diga “nunca neste País antes de mim fez-se tal e tal coisa”; “Um país não se constrói senão pondo tijolo sobre tijolo, obra de gerações.”
Acompanhado por uma comitiva que incluiu os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, além do ex-senador José Sarney (PMDB), FHC também fez críticas à política econômica adotada após a crise mundial de 2008.
“O governo interpretou o que era política de conjuntura como um sinal para fazer marcha à ré”, observou. “Paulatinamente fomos voltando à expansão sem freios do setor estatal, ao descaso com as contas públicas, aos projetos megalômanos que já haviam caracterizado e inviabilizado o êxito de alguns governos do passado.”
O evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos acontece desde os anos 1970. Neste período, foram homenageados os brasileiros Rubens Ometto Silveira Mello, Luciano Coutinho, André Esteves, Fábio C. Barbosa, Henrique Meirelles, José Sérgio Gabrielli, Yolanda Vidal Queiroz, Manoel Felix Cintra Neto, Roger Agnelli, Jorge Gerdau Johannpeter, Luiz Fernando Furlan, Maurilio Biagi Filho, Pedro Moreira Salles, Luiz Felipe Lampreia, Mauricio Novis Botelho, Ivo Pitanguy, Paulo Tarso Flecha de Lima, Leo Kryss, José Ermirio de Moraes Filho, João Havelange, Erling S. Lorentzen, Carlos Guilherme Fischer, Roberto Civita, Sérgio Coimbra, Paulo Fontainha Geyer, José Luis Cutrale, Ozires Silva, Luis Eulálio de Bueno Vidigal Filho, Angelo Calmon de Sá, Mário Garnero, Ernane Galvêas, Luiz Eduardo Campello, Leonídio Ribeiro Filho, Roberto Marinho, Paulo D. Villares, Hélio Beltrão, Jorge Wolney Atalla, José Papa, Jr., João Paulo dos Reis Velloso, Augusto Trajano de Azevedo Antunes, Caio de Alcântara Machado, Horário Sabino Coimbra, Mário Gibson A. Barbosa, Antonio Delfim Netto.
Em todos estes anos, os discursos feitos pelos homenageados brasileiros destacavam a importância do país, enfatizavam suas conquistas e avanços. Este foi a primeira vez em que se faz uma homenagem a um homem da oposição, que em seu discurso critica seu país.