Desemprego não é fenômeno autônomo

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Diante do grande números de pessoas sem trabalho, o desemprego passa a ser a maior preocupação da sociedade.

De um lado os milhões de desempregados já enfrentam dificuldades para viver. Alguns até mesmo para sobreviver. De outro os empregados estão preocupado com a possibilidade de vir a perder o seu emprego e engrossar o exército dos desempregados.

Os sindicatos, as entidades de classe, os partidos todos reclamam contra o desemprego e pedem medidas para combatê-lo. Mas, com poucas medidas efetivas. Quando muito medidas paliativas, de curto alcance. Não há propostas de medidas estruturais.

Decorre de visões equivocadas sob o fenômeno. Esse é consequência, não causa.

Trabalhador não é o sujeito ativo do processo. É o passivo, é a vítima. Trabalhador não gera emprego. Quem gera emprego é o empregador. 

Pode até ser um trabalhador bem sucedido como empreendedor e passa a ser empregador. Mas nesse caso, tende a ser também capitalista e busca objetivos lucrativos.

E empreendedor emprega, quando empregar lhe gera perspectiva de lucro. O seu objetivo é lucro, acumulação de capital e não empregar. Empregar é meio para lucrar. 

As esquerdas querem que os empreendedores empreguem sem lucrar. São a favor do emprego e contra o lucro. Querem um sistema econômico em que o empresário troque o lucro por emprego. Não será no Brasil.

Empresário não emprega porque quer ou gosta de empregar, ou para combater o desemprego. Ele emprega para produzir e lucrar. E desemprega se a produção cair.

Para diminuir o nível de desemprego, para aumentar os empregos, ele precisa produzir mais, com a perspectiva de vender o que produz ou irá produzir. Sem mercado ele não irá produzir mais. E sem produção ele não vai empregar.

Portanto, como colocação ou conclusão básica é que não se combate ao desemprego de forma direta. O combate é à fase anterior: a falta de produção. É preciso ir à fonte mais imediata do desemprego: à produção.

E porque a economia brasileira está produzindo menos? O que é preciso fazer para ela produzir mais? Precisa de mais mercado. 

Ai se entra no círculo vicioso: para ter mais mercado é preciso ter mais consumo das pessoas. Para se ter mais consumo as pessoas precisam ter renda e para ter renda precisam ter trabalho. 

Um diagnóstico sobre esse processo é que mesmo as pessoas com alguma renda, com medo do futuro, de um desemprego, consomem menos. E consumindo menos, dão origem ao circuito negativo. Como compram menos, o comércio vende menos. Reduz as compras da indústria e essa com menos encomenda, reduz a produção. Reduzindo a produção, desempregam e reduzem a renda dos trabalhadores que consomem menos, completando o giro negativo.

Presume-se que há um fator psicológico nesse processo: a falta de confiança no futuro. E gera a profecia auto-realizada. Como as pessoas acham que o futuro será pior, adotam medidas cautelosas ou de defesa que fazem com que o futuro seja, efetivamente, pior. 

O problema todo estaria na falta de confiança dos agentes econômicos, principalmente dos consumidores. Entendem os economistas, com a adesão da sociedade que, restabelecida a confiança, a economia volta a girar positivamente.

Essa confiança poderia voltar com a mudança do Governo e geração de melhores expectativas.

A outra alternativa estaria no mercado externo. Em vez de ficar persistindo no mercado interno, as empresas, principalmente as industriais, poderiam buscar os mercados externos, aumentar as suas exportações e produzir mais. 

Produzindo mais, poderiam empregar mais e dar partida para o círculo virtuoso. 

Dá mais trabalho do que vender para o mercado interno. Se dá mais trabalho, já seria bom: pode empregar mais.

Poder não gerar lucro imediato, mas abre perspectivas para lucro futuro. 

O Governo Dilma, desde o primeiro mandato tem insistindo na tecla de que a responsabilidade pelos problemas brasileiros é a crise internacional. Ainda que a grave crise internacional de 2007/08 tenha sido superada, ainda que guarde algumas sequelas. 

O problema econômico internacional é a desaceleração do crescimento da China, que não irá repetir os acelerados crescimentos, mas ficará em torno de 7% ao ano. O mundo crescerá entre 3 a 4%. O Brasil está decrescendo a taxas iguais, porém negativas.

Embora não seja verdade que há uma crise econômica internacional, gerou-se no Brasil a sensação de que o mercado externo não é a solução para superar a crise brasileira.

A condição básica de natureza psicológica, de restabelecimento de confiança, está na percepção de que o mercado externo não é problema é solução.  

Jorge Hori

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Jorge Hori

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