O reality show político pode desbancar a audiência do Big Brother Brasil

31/01/2021 às 09:20 Ler na área do assinante

A primeira temporada do Big Brother Brasil (BBB1), estreou em 29 de janeiro de 2002. Inicialmente, apresentado pelo Pedro Bial, na Globo, durante 15 anos.

No BBB 17, Tiago Leifert assumiu o comando. Entre polêmicas e escândalos a fórmula se repete há 20 anos.

Os participantes do reality show ficam em confinamento por no máximo três meses; a cada semana, com a votação do público da internet, um membro é eliminado, O último a ficar na casa, vence a disputa e leva o prêmio de 1,5 milhão.

O "BBB21" começou segunda-feira, 25 de janeiro. O reality conta com dez participantes do grupo Pipoca, composto por anônimos, e outros dez do grupo Camarote, com famosos.

Este é o segundo BBB na pandemia, o confinamento em tempos de confinamento.

Na condição de estudiosa do comportamento humano, assisti com interesse os primeiros BBBs. O comportamento das pessoas dentro da “casa mais vigiada do Brasil,” a reação do público ao identificar ou antipatizar com os participantes. O esforço de cada um para ganhar a simpatia do público, imaginando que “estão dando o melhor de si”, “sendo eles mesmos” ...

Antes de continuar com o meu ponto de vista, quero contar um episódio que me aconteceu quando eu era estudante de psicologia.

Fiz estágio em laboratório, tendo como objeto do meu estudo um rato. O experimento consistia em colocar o ratinho dentro de uma CAIXA DE VIDRO, a “caixa de Skinner”, depois de ter sido privado de água. O pobre do rato tinha que fazer um esforço para pressionar uma barra em forma de “T” para liberar a água, enquanto do lado fora, com uma espécie de mouse eu liberava o “reforço”, água, no tempo programado. Assim, através do condicionamento simples, operante, podíamos usar o animal para aprender sobre o comportamento humano.

Com esse princípio, Skinner passou a modelar diferentes padrões comportamentais em diferentes espécies. Foi observado que os comportamentos do rato, que eram seguidos de um estímulo reforçador (a água) aumentavam de frequência, enquanto outros diminuíam. Semelhante à seleção natural, onde as espécies mais adaptadas sobrevivem e as menos vão se tornando mais raras ou eventualmente desaparecem.

No auge dos meus estudos, por pena do ratinho, perguntei ao meu professor por que não podíamos fazer experimento com o ser humano, já que esse era o objeto do nosso estudo?

Repreendeu-me por pergunta tão boba. Depois, disse não ser possível, e nem ético, colocar seres humanos dentro de UMA CAIXA DE VIDRO e, assim, analisar os seus comportamentos.

Por esse motivo, usávamos os ratinhos, que, uma vez condicionados, não serviam para novos experimentos, eram dados às cobras.

Na minha inocente juventude, não achava justo que o meu ratinho tivesse esse fim.

Algumas décadas depois, ao assistir o primeiro Big Brother Brasil, tive a impressão de que a minha pergunta encontrara uma resposta: o ser humano dentro de uma caixa de vidro (TV), sendo submetido a condicionamentos.

Pergunto então, ao meu querido professor:

- O que é o Big Brother, senão UMA CAIXA DE VIDRO, (TV) onde colocamos PESSOAS (ratos), e as submetemos ao condicionamento e as estimulamos a buscar pelos reforços: fama e dinheiro?
- É ético esse formato de programa?

Pergunto, ainda: as pessoas que estão em busca de fama e dinheiro têm condições de perceber as manipulações da própria mídia?

Será que, após o “experimento”, terão condições psicológicas para lidar com as críticas, o bullying, a fama ou a falta dela?

Ou serão entregues às cobras?

Já fizeram algum um estudo para saber se alguém sobreviveu, psicologicamente, após o Big Brother? O que aprendeu com a experiência?

E os familiares desses jovens? Como reagem ao ver sua filha ou filho dentro desta caixa de vidro (TV), expostos como objetos?

Ou como carne em uma vitrine de açougue?

É óbvio que cada participante de cada BBB foi criteriosamente selecionado para representar nossos parentes próximos: filhos e filhas, irmãos e irmãs, pais, mães, sobrinhos, netos...

De que outra maneira alcançaria audiência?

Qual é o pai que não se orgulha do seu filho “herói”? Menos, não é Pedro Bial?

Essas e inúmeras outras perguntas podem ser levantadas a partir desse fenômeno televisivo. Mas quero deter-me apenas em um ponto: NÃO BASTA TIRAR DO AR O BIG BROTHER BRASIL, não assistir, proibir, censurar. Melhor aprendermos a lidar com essa dura realidade de que as pessoas que lá se encontram não são atores. São nossos filhos e filhas, irmãos e irmãs...

O que eles fazem nos envergonha, muito mais, do que o que fazem com eles. E, porque nos envergonhamos, queremos censurar, tirar do ar.

Uma sociedade fundamentada na ditadura da beleza, faz com que o jovem almeje SER DESEJADO fisicamente. Falta-lhes confiança e valores mais elevados.

Não é por acaso esse formato de programa, em que o público expia pessoas com pouca roupa, intimidades embaixo de um edredom. É um convite ao voyeurismo.

A palavra voyeur (francês) significa "aquele que vê", e por isso descreve uma pessoa que gosta de observar os outros sem participar, e que obtém prazer ao observar atos sexuais ou práticas íntimas de outras pessoas. O voyeurismo é uma maneira de realizar os próprios desejos através de outras pessoas. Em detrimento das relações presenciais, a realização virtual dos desejos humanos ganha cada vez mais adeptos.

A dificuldade de comunicação, “cara a cara”, “ao vivo”, de “pessoa para pessoa” é, cada vez, mais notória. Há o risco de se criar uma legião de voyeurs, pessoas que se contentam em “comer com os olhos”.

Este fenômeno, a meu ver, não se limita ao Big Brother Brasil. A audiência de programas barraqueiros, que expõem pessoas reais, não é uma novidade. Tampouco os programas bons e educativos que clamam por audiência.

Mas, esse ano, o BBB21 encontra o seu maior desafio: concorrer com BBB político!

O "Reality show político" tem desbancado novelas, jornais, filmes de suspense e de terror.

Estamos todos dentro de um MEGA BIG BROTHER BRASIL! CONFINADOS EM CASA, submetidos às regras da suprema corte, onde o povo participa como figurante desse "longa-metragem" de terror.

Mentiras, corrupção, assassinato de reputação, perseguição, tentativa de homicídio, desvios de dinheiro da saúde resultando em milhares de mortes, fazem parte do enredo.

Depois de tamanho desgaste com esse BBB político, não é de se admirar que o “choro” do jovem FIUK do BBB21 tenha chamado à atenção.

Acho que ele fez escola com o Doria. Estava só tentando passar a imagem de bonzinho e empático. É um jogo. Assim como na política.

O brasileiro que não gosta do BBB21 pode desligar a TV e sua vida em nada será afetada.

Já BBB político, é vergonhoso, medonho, desolador, incomparável.

O povo que votou para eleger, pode por no paredão os políticos infiéis. Todos sabem quem são os empacadores da nação!

“Todo poder emana do povo”

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Bernadete Freire Campos

Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com especialidades em psicopedagogia, Avaliação Psicológica, Programação Neurolinguística; Hipnose Clínica; Hipnose Hospitalar ; Hipnose Estratégica; Hipnose Educativa ; Hipnose Ericksoniana; Regressão, etc. Destaque para hipnose para vestibulares e concursos.

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