Na semana passada, o jornalista e comentarista político, Sílvio Navarro, escreveu brilhante artigo de opinião para a Revista Oeste. Nele, o comunicador foi “certeiro” nas constatações e lembrou ao governador de São Paulo, João Dória (PSDB), que fechar, mais uma vez, estabelecimentos comerciais, adiar o retorno às aulas e estabelecer medidas restritivas não deram certo em muitos lugares onde foram, rigidamente, aplicadas. Inclusive, em São Paulo, que acumula um quarto das mortes no Brasil.
“Retornemos ao Estado de São Paulo e seu governador obcecado em chegar a Brasília (sem escala nas lojas de Miami): por que fechar as ruas, de novo, e justo agora que faz pose em capa de revista como o novo Albert Sabin à brasileira?”, disparou o profissional.
E completou dizendo aquilo que todos os brasileiros já sabem: é impossível sobreviver quando muitas instituições das quais os cidadãos necessitam no seu dia a dia estão fechadas há quase um ano.
“A maioria dos paulistas começa o dia correndo atrás do jantar e com a cabeça a mil pela angústia do desemprego. São milhares de pais e mães que acordam cedo todos os dias preocupados com o que os filhos vão comer depois da creche ou das escolas — fechadas há quase um ano segundo a ciência do milionário gestor de São Paulo.”, afirmou.
O texto de Navarro é atual e cirúrgico.
Confira o artigo na íntegra:
Opinião: mande seus boletos para João Doria pagar
Nesta sexta-feira, 22, o governo de São Paulo anunciou novas medidas restritivas à circulação de pessoas, mandou fechar estabelecimentos comerciais que tentavam respirar depois da catástrofe de 2020, adiou a volta às aulas e repetiu o mantra que ninguém aguenta mais ouvir: #FiqueEmCasa.
Talvez nem seja mais necessário reiterar que regras de isolamento (ou lockdown em alguns casos) não se mostraram eficazes no controle da pandemia de coronavírus. O leitor já sabe até de cor (inclusive porque leu aqui): não deu certo na Argentina, no Peru, em países na Europa e também alguns Estados dos EUA já constataram isso. Mas eis que o gestor da mais importante fronteira de nossa federação decide revisitar o erro. Qual seria o motivo? Politicagem, dizem por aí.
Já na metade do ano passado, a própria ONU (Organização das Nações Unidas) alertava para o perigo de que a fome mataria mais do que o vírus que veio para chacoalhar o planeta — a estimativa era de 270 milhões de pessoas em situação de crise de fome até dezembro. A ONG Oxfam International, que atua no combate à pobreza no mundo, advertiu que o Brasil, um país continental e cheio de desigualdades, corre o risco de retornar ao cenário da desnutrição.
É evidente que a pandemia se degenerou em dias de guerra. Também é fato que não estávamos prontos para lutar contra um inimigo invisível. Aliás, nunca estamos prontos para uma ameaça que nos assalta no meio do dia. Mas também é preciso pontuar que a narrativa da crise promoveu na imprensa muitos redatores de obituários: as manchetes são olímpicas no contador de mortes e, acredite, se depender deles, esse emprego vai durar pelo menos até outubro de 2022.
Retornemos ao Estado de São Paulo e seu governador obcecado em chegar a Brasília (sem escala nas lojas de Miami): por que fechar as ruas, de novo, e justo agora que faz pose em capa de revista como o novo Albert Sabin à brasileira?
A maioria dos paulistas começa o dia correndo atrás do jantar e com a cabeça a mil pela angústia do desemprego. São milhares de pais e mães que acordam cedo todos os dias preocupados com o que os filhos vão comer depois da creche ou das escolas — fechadas há quase um ano segundo a ciência do milionário gestor de São Paulo.
Conforme a premissa de que leis e ordens devem ser cumpridas à risca, os 44 milhões de habitantes de São Paulo devem ficar mais tempo em casa a partir de segunda-feira — e isso inclui comerciantes, por exemplo, que buscaram crédito por aí para pagar seus funcionários parados e tentar sair do sufoco. Ocorre que no mês que vem os boletos vão chegar — quiçá, junto das primeiras vacinas. Agora segue uma sugestão: #FiqueEmCasa e mande seus boletos para João Doria pagar.
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Fonte: Revista Oeste