Itália inicia o maior julgamento em 30 anos: 350 mafiosos são arrolados pela Justiça

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Começou, nesta quarta-feira (13), na região Sul da Calábria, o maior julgamento da máfia italiana em mais de 30 anos. Trezentos e cinquenta integrantes da temível quadrilha ‘Ndrangheta', especializada em tráfico de drogas, estarão no banco dos réus.

Para receber os “ilustres” indiciados, a justiça italiana construiu um luxuoso tribunal com mais de 3 mil m², em uma localidade, extremamente, pobre do país. O edifício foi, totalmente, arquitetado para acolher figuras-chave da organização criminosa.

“Hoje é um dia muito importante, porque vamos processar a ‘Ndrangheta, uma máfia que deixou de ser um grupo de pessoas que sequestravam para se tornar uma holding do crime”, explicou o juiz do caso, Nicola Gratteri.

A justiça italiana espera ouvir 900 testemunhas e 400 advogados. Cinquenta e oito testemunhas de acusação já concordaram em “quebrar o silêncio”, na chamada “omertà”, que seria um código de honra dos mafiosos.

Muitos delitos e segredos do poderoso “Clã Mancuso” e associados, que remontam a década de 90, serão julgados. Na lista de crimes, estão: assassinatos, tráfico de drogas, extorsão, lavagem de dinheiro e abuso de poder.

Segundo as investigações de Gratteri, iniciadas quatro anos atrás, o julgamento “é a pedra angular na construção de um muro contra as máfias na Itália”. O magistrado de 62 anos, disse que se inspirou nos famosos juízes antimáfia, Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, para presidir as audiências.

Falcone e Borsellino foram assassinados por ordem da máfia, na década de 80, por estarem à frente do primeiro grande julgamento contra mafiosos da Sicília.

O julgamento, que Gratteri comanda, vai durar mais de dois anos, os principais intermediários do tráfico de cocaína entre Europa e América Latina são acusados de enriquecer e expandir, graças ao comércio de entorpecentes, infiltrando-se no mundo corporativo com empresas de fachada e usando “laranjas” para “lavar” os lucros ilegais da organização.

A ‘Ndrangheta, na Calábria, é composta por cerca de 150 famílias ou clãs, que têm 6 mil membros e afiliados, sem contar parceiros e aliados pelo mundo. Eles movimentam uma economia ilegal de € 50 bilhões (cerca de R$ 322 bilhões) por ano e, por isso, são considerados facção mais rica do mundo.

Entre os “associados” ao crime organizado, estão: políticos, maçons, empresários, advogados, funcionários públicos e policiais corruptos.

“Os aparatos do Estado estavam, literalmente, à disposição do clã”, garantiu Gratteri.

Federico Varese, criminólogo da Universidade de Oxford, declarou que a ‘Ndrangheta determina todas as atividades econômicas da região.

“Se você quer abrir uma loja, se quer construir algo, tem de passar por eles. Porque eles são a autoridade”, acrescentou o promotor antimáfia.

Nicola Gratteri, comentou que a “guerra” contra a organização criminosa é um assunto pessoal desde sua infância.

"Conheço a máfia desde minha infância, porque pegava carona para ir à escola e muitas vezes via cadáveres na estrada", disse à Agência France-Presse poucas horas antes da abertura do processo histórico.
"Então disse a mim mesmo: quando for mais velho, farei algo para que isso não volte a acontecer", contou o magistrado, que vive ameaçado e sob escolta há três décadas.

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Fonte: Estadão

da Redação Ler comentários e comentar