Declaração de Macron sobre a soja brasileira é alerta para “internacionalização” da Amazônia

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A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) declarou, em nota, “lamentar que o presidente da França, Emmanuel Macron, busque justificar sua decisão de subsidiar os agricultores franceses atacando a soja brasileira”.

“Como bem sabe Macron, a soja produzida no bioma Amazônia no Brasil é livre de desmatamento desde 2008; graças à Moratória da Soja, iniciativa internacionalmente reconhecida, que monitora, identifica e bloqueia a aquisição de soja produzida em área desmatada no bioma, garantindo que existe risco zero do envio de soja de área desmatada (legal ou ilegal) deste bioma para mercados internacionais”, respondeu a associação, em comunicado.

Sem motivo aparente, o presidente da França, Emmanuel Macron, mencionou o “desmatamento da Amazônia” para citar a soja brasileira, relacionando o cultivo do grão ao problema ambiental, nesta terça-feira (12).

“Continuar a depender da soja brasileira seria ser conivente com o desmatamento da Amazônia. Somos coerentes com nossas ambições ecológicas. Vamos lutar para produzir soja na Europa”, afirmou o presidente francês, no Twitter, já anexando um vídeo, no qual comenta a questão em conversa com repórteres; incentivando os europeus a cultivarem a própria soja.
“Nós somos coerentes com nossas ambições ecológicas. Estamos lutando para produzir soja na Europa”, assegurou Macron, que não pretende “depender mais” da soja.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), responsável pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal, rebateu, nesta quarta-feira (13), as afirmações de Macron e, no idioma do dirigente francês, disse que ele “não estava bem”.

“Monsieur Macron ne pas bien! Monsieur Macron desconhece a produção de soja no Brasil. Nossa produção de soja é feita no Sul do país. Na Amazônia, é ínfima. Por outro lado, a nossa capacidade de produção é imbatível. Nossa competição nesse ramo está muito acima dos concorrentes”, alfinetou.

Em termos de problema ambiental, Mourão argumentou que o Brasil tem menos de 8% de território voltado para a agricultura da soja, enquanto a França possui 60%.

“Então, eu acho que ele, nada mais e nada menos, externou interesses protecionistas dos agricultores franceses, e isso faz parte do jogo político. Ele não tem condições de competir com a gente. É a mesma coisa em outros aspectos: a indústria francesa era melhor. Agora, no aspecto da produção agrícola, nós damos de 10 a 0 neles”, disparou.

Esta não é a primeira vez que Emmanuel Macron critica questões ambientais no Brasil e tenta levantar a possibilidade de “internacionalizar” a Amazônia, que equivale a quase 60% do território brasileiro, é rica em fauna, flora e água doce e possui muitas jazidas de minérios preciosos como Níquel e Nióbio.

Em 2019, ao criticar as queimadas em território brasileiro, Macron já tinha manifestado apoio em discutir um status “internacional” pra região.

“É uma questão que se coloca: se um Estado soberano toma, de maneira clara e concreta, medidas que se opõem ao interesse de todo o planeta”, justificou durante a cúpula do G7.

O presidente americano, Donald Trump, também recorreu ao Twitter, na época, para declarar apoio ao presidente Jair Bolsonaro e defender a soberania brasileira em relação à Amazônia.

"Pude conhecer bem o presidente @jairbolsonaro em nossos contatos com o Brasil. Está trabalhando muito duro nos incêndios na Amazônia e, em todos os sentidos, está fazendo um grande trabalho para o povo do Brasil e isso não é fácil! Ele e o seu país têm o apoio completo dos Estados Unidos!", afirmou o presidente americano, em agosto do ano passado, repelindo Macron.

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