A Velha Mídia noticiou que houve uma reunião na casa da ministra Carmen Lúcia, do STF, para tratar da eleição do próximo presidente do Senado, na qual participaram o deputado Rodrigo Maia (DEM) e Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte, para costurarem apoio ao nome do Senador Rodrigo Pacheco à presidência da Casa.
Em primeiro lugar, se a notícia saiu na velha mídia é porque é verdade, não é assim que as coisas funcionam? Então, partamos do princípio que a reunião de fato aconteceu.
Isso é caso para aplicação da lei penal ou no mínimo de crime de responsabilidade, com instauração imediata do processo de impeachment, em cima da ministra "Carminha".
Chega de tentar tapar o sol com a peneira e fingir que existe um ambiente de normalidade democrática no Brasil, em prol do funcionamento de instituições carcomidas e putrefatas, que alimentam-se do sangue e suor dos brasileiros de bem. Chega de ser tolerantes e moderados com aqueles que temos que ser intolerantes e imoderados.
Qualquer pessoa que tenha no mínimo 2 neurônios consegue perceber a diferença do Brasil real do Brasil da oligarquia que controla o Estado.
Uma juíza de 1ª instância (Ludmila Lins Grilo) está sendo MASSACRADA apenas porque tomou um sorvete para burlar a obrigatoriedade draconiana e distópica de uso de máscara dentro de um shopping. A questão já foi parar no CNJ, e ela provavelmente sofrerá sanção disciplinar.
Enquanto isso, um ministro do STF disponibiliza a sua residência para uma reunião entre políticos, na qual foi selado um acordo de apoio ao nome de um senador para a Presidência da Casa Legislativa, onde devem ter sido tratados vários assuntos no mínimo conspiratórios, como compromisso de não mexer em questões "delicadas" ao sistema (impeachment de ministros do Supremo e aprovação de pautas conservadoras no Senado), além de uma aliança partidária de apoio a futuras eleições.
Por que a dita reunião não foi realizada em um outro local?
Por que justamente na residência de um ministro do Supremo Tribunal Federal?
Qual o interesse da "Carminha" se o presidente do Senado vai ser "A" ou "B"?
Por qual razão a Constituição estabelece, no seu artigo 2º, que os poderes da União (Legislativo, Executivo e Judiciário) são independentes e harmônicos entre si?
Aqueles que acham que nos enganam, diriam que não há problema algum na dita reunião, pois "Carminha" é mineira, terra do senador que quer presidir o Senado, e que teria servido apenas de anfitriã à visita do outro mineiro, Kalil, prefeito de Belo Horizonte, ou outra desculpa esfarrapada.
Para esses sacripantas que nos tomam por tolos, eu pergunto, parafraseando a Catilinária de Cícero: até quando abusarão de nossa paciência?
Há que se fazer urgentemente alguma coisa para se interromper essa promiscuidade institucional que ocorre a céu aberto, na cara de todos os que têm olhos para enxergar, com essa interferência dos ministros do STF nos rumos do país, que provoca desarmonia e quebra da independência entre os Poderes (principalmente o Executivo, que sofre uma perseguição, com escrutínio de atos, jamais vista antes na história do País).
Lembremos aqui que o Governo acabou perdendo, recentemente, um ministro de estado apenas porque ele falou uma frase, em uma reunião ministerial cujo conteúdo jamais poderia ter sido divulgado, e que se tornou bastante reveladora:
“Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”.
Se falar as coisas e emitir opinião dá problemas correicionais em juízes de primeira instância, e provoca demissão no alto escalão do Governo, então um ministro do STF emprestar a residência para políticos tratarem de acordos em eleição para Presidência do Senado, gera qual consequência?
Esse é um texto sério, e não gostaria de fazer ironia ou piada. Mas não consigo pensar em uma frase mais apropriada para o momento do que aquela magnífica criada por Stanislaw Ponte Preta:
"Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos".
Ora, se um ministro do STF pode fazer um "bundalelê" imoral, sem que seja acusado de atentar contra a democracia, então todos os demais cidadãos podem... A começar pelo próprio Presidente da República, e a terminar por nós, os seus apoiadores, passando ainda pelas "tias do zap", pelos "influencers", e por todos os que vêm sendo acusados de praticarem "atos anti-democráticos" contra o STF.
Desde que me entendo por gente que escuto que o Brasil é o país do futuro. Acho que está na hora de mudarmos esse slogan para "o Brasil é o país da hipocrisia".
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Guillermo Federico Piacesi Ramos
Advogado e escritor. Autor dos livros “Escritos conservadores” (Ed. Fontenele, 2020) e “O despertar do Brasil Conservador” (Ed. Fontenele, 2021).