Família, que escravizava mulher, usava a pensão dela para pagar faculdades de Medicina

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A pensão de Madalena Gordiano, 46, mantida presa e escravizada por 38 anos, em Minas Gerais, ajudou a pagar o curso de Medicina e a vida de luxo da Família Milagres Rigueira durante 17 anos, segundo apurado por auditores do Trabalho.

Madalena tem uma renda fixa de R$ 8,4 mil por mês, relativa a um casamento contraído com um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, mas jamais teve controle do dinheiro, que era administrado por Maria das Graças Milagres Rigueira e o filho dela, Dalton César Milagres Rigueira, segundo apontam as investigações.

O caso só veio ao conhecimento público porque a mulher passou a pedir dinheiro emprestado aos vizinhos para comprar itens fundamentais, o que levantou suspeitas de escravidão.

Nos bilhetinhos que ela deixava embaixo das portas, Madalena pedia “R$ 5 emprestados” para comprar pasta de dente e outros produtos básicos.

Levando uma vida de escassez, ela não sabia que tinha direito a uma pensão “polpuda”.

Madalena é casada, desde 2001, com Marino Lopes da Costa, tio de Valdirene Lopes da Costa, esposa de Dalton. A mulher recebe duas pensões desde 2003, quando o marido morreu aos 80 anos de idade, mas nunca viu a “cor do dinheiro”.

Brian Epstein Campos, advogado da Família Milagres Rigueira, disse, em nota, que ainda não teve acesso aos autos do processo. Mas, adiantou que os acusados "estão abalados pelo acontecimento e preferem se manter em silêncio".

O dinheiro da pensão de Madalena pagou a faculdade da filha de Dalton, Vanessa Maria Milagres Rigueira, formada em 2007, pela Faculdade de Medicina de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Além de Vanessa, duas outras filhas foram beneficiadas com a pensão. Uma delas, Raíssa, também é estudante de Medicina, em Uberaba, com mensalidade de R$ 6,8 mil.

Fora o “circo de horrores” descoberto, em depoimento ao Ministério Público do Trabalho (MPT), Dalton declarou ter uma renda de R$ 10 mil como professor universitário e mais R$ 1,3 mil do aluguel de dois imóveis. Mesmo assim, ele fez dois empréstimos consignados no nome de Madalena, com dívida restante de R$ 18,5 mil no Banco do Brasil.

O Ministério do Trabalho concluiu que, sem a renda de Madalena, a família não tinha como ostentar vida de luxo e pagar o financiamento de um apartamento de quatro quartos com parcelas de R$ 1,7 mil por mês. Segundo colegas de sala de Raíssa, por exemplo, ela era frequentemente vista nos melhores restaurantes da cidade e gostava de mostrar o padrão de vida nas redes sociais.

As investigações também apontaram que a família de Dalton recorreu ao auxílio emergencial concedidos pelo Governo Bolsonaro e teve três pedidos acatados. Valdirene e as filhas, Bianca e Raíssa, receberam, ao todo, R$ 3,3 mil, cada uma. O benefício dado contraria aos princípios do programa social, que não prevê liberação a quem tenha renda familiar superior a três salários mínimos (R$ 3,135 mil).

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