Em busca de 'sobrevivência', comerciantes ignoram decreto absurdo de “DitaDoria”
27/12/2020 às 16:02 Ler na área do assinanteAs lojas e o comércio paulistas abriram, normalmente, as portas nesse segundo dia de quarentena em São Paulo. Os estabelecimentos não obedeceram mais uma fase vermelha imposta pelo governador, João Dória (PSDB), em face do combate à pandemia do coronavírus. No sábado (26), em regiões como a Lapa, na Zona Oeste e Santo Amaro, na Zona Sul, o fluxo de pessoas era intenso, mesmo nos dias em que o governo havia dedicado apenas para funcionamento de “serviços essenciais”.
Na rua 12 de Outubro, na Lapa, onde há várias lojas, o movimento era grande. Na sapataria Calçados Pontal, por exemplo, o gerente, Marcelo Arena, admitiu a “irregularidade”, mas questionou o decreto estadual.
"Nós precisamos trabalhar. Estamos correndo risco de multa, mas não temos opção. Todos os funcionários são comissionados. Se a loja não abrir, eles não ganham. De que adianta uma fase vermelha de apenas um dia? O Natal, dia 25, e o domingo, dia 27, não contam para o comércio", diz o gerente de 54 anos.
E completa:
"As vendas de 2020 já são 40% menores que as de 2019. Abrir a loja é uma necessidade", argumenta.
Apesar de terem trabalhado em dia proibido pela gestão “Ditadória”, os lojistas estavam tensos e preocupados com a fiscalização imposta pelo governo estadual e as altas multas. Algumas lojas levantavam as portas apenas, parcialmente, e os clientes tinham de se agachar para entrar. Em outros locais, os funcionários permaneciam do lado de fora, prontos para baixar as porteiras de vez, como forma de burlar as restrições estaduais.
No Largo 13 de Maio, em Santo Amaro, na zona sul, o clima era igual. Temendo as multas, mas necessitando trabalhar, algumas lojas tiveram a ideia de permitir o acesso do cliente pela porta dos funcionários. Era só se aproximar e perguntar sobre o funcionamento para ser conduzido ao interior da loja.
"Eu precisava comprar roupas para o final de ano. Só tinha o dia de hoje", justificou a empregada doméstica Carla Rodrigues, de 35 anos, saindo de uma dessas portinhas.
A coragem das regiões mais suburbanas não contagiou o centro da capital paulista. Por lá, praticamente, nenhuma loja abriu. Também pudera, a fiscalização ostensiva nos principais pontos de comércio popular espantou os comerciantes. Na famosa rua 25 de março e a região do Brás, todas as lojas estavam fechadas. Além disso, a prefeitura bloqueou o acesso de vias inteiras, impedindo o acesso da população.
As equipes de fiscalização da Subprefeitura da Lapa foram ao local inspecionar a rua 12 de Outubro. Encontraram os lojistas abertos e os pressionaram a obedecer aos decretos municipais. Caso insistissem em manter as portas abertas, seriam multados.
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Fonte: R7