Não comparem Michel Temer a Eduardo Cunha - o ódio não vencerá a sabedoria
19/04/2016 às 12:53 Ler na área do assinanteEntão, temos que ocorreu a tão esperada votação do impeachment e a Câmara dos Deputados confirmou o que vimos nas ruas: ninguém aguenta mais a chata da Dilma!! Tudo bem que você possa achar que a Dilma é uma técnica, que não manja nada de política, que é vítima do petismo ladrão, mas enfim, Dilma vai cair e o Brasil vai continuar seu caminho.
Neste enredo que ocorreu o impeachment, sobraram algumas conclusões óbvias: o PT não sobrevive sem iludir as massas!!! Após a eleição de 1998, o PT deu uma guinada para a direita, adotou um discurso pós-moderno de que só queria o ‘bem social’ e não discursava mais a luta de classe e o ódio sempre presente em sua intelectualidade de ‘boteco’ e seus políticos de chavões. A receita trouxe-lhe a vitória seguidas vezes em vários mandatos, o “Lulinha paz e amor” encantava.
A chegada ao poder e o amor ao poder fez do PT um partido eleitoreiro, sendo deixadas de lado as ideologias de mudanças e justiça social, que tanto pregaram como bandeiras de luta.
Após repetidas eleições ‘marketadas’, chegaram a ocupar quase 1/5 da Câmara dos Deputados, e, a ter como aliados 4/5 do Congresso. Era o Lulinha ‘paz e amor’ surfando com os ‘300 picaretas com anel de doutor’, como ele mesmo um dia falou.
Apesar de terem a maioria do Congresso, centralizaram mais a arrecadação dos tributos para a União Federal, não realizaram a reforma tributária necessária para dar sobrevida aos municípios, tão dependentes de Brasília e carentes de dinheiro, o que torna o interior do Brasil um grotão de pobreza e fadado ao domínio de políticos sem escrúpulos.
Mesmo tendo maioria no Congresso, não conseguiu realizar uma reforma política onde equilibrasse a força do voto e despertasse o interesse da população pela política, atividade esta sempre relevada pelas camadas pobres por acreditarem que nunca terão chances de serem ouvidas. No entanto, as reformas ocorridas foram somente para acomodar os interesses dos políticos profissionais, e ficou esquecido o ‘voto distrital’, tão necessário como o fortalecimento dos partidos políticos.
Acreditando que ficaria no poder para sempre, os políticos do PT e ligados a ele, atacaram sem dó nem piedade as empresas estatais e a máquina pública, sendo que a mais afetada e descoberta as roubalheiras até agora é a Petrobras, levando muitos políticos insignificantes a odiarem a Lula e sua turma, como aquele filho rejeitado pelo pai, que dá dinheiro ao filho querido, escondido dos demais irmãos, gerando a inveja (alguns roubaram milhões e a maioria apoiava por migalhas).
A revolta foi generalizada, e assim o PT perdeu seu discurso de que queria um ‘estado melhor’, ficando evidente que não passava de um ‘partidinho’ eleitoreiro e oportunista, apesar de alguns fanáticos acreditarem na boa-fé de seus dirigentes (hoje em sua maioria presos e denunciados por crime de corrupção).
Assim chegou-se ao Impeachment, com o país em sua mais grave crise econômica, com os cérebros do PT presos por roubar dinheiro da Petrobrás (Zé Dirceu e João Santana), e Lula querendo mostrar que era um político hábil, indo a Brasília para ‘negociar’ contra a cassação de Dilma, saindo derrotado e humilhado, perdendo a coroa de ‘político hábil’ que foi colocada em sua cabeça pelos bajuladores, pois, na realidade, sempre foi um falastrão de palanque, um inepto para qualquer ato da vida pública, eis a razão de viajar tanto quando exerceu a presidência.
O que restou foi o ódio dos petistas doutrinados e enganados por uma falsa ideologia que o partido nunca pregou e nunca exercitou, pois jamais foram favoráveis a justiça social, bastando fazer um balanço das reformas do PT no poder que só levaram os trabalhadores ao prejuízo. A última, a da Previdência no ano passado, retirou conquistas de décadas como a "pensão a viúva" e estendeu o prazo para aposentadoria, na contramão do estado de justiça social.
Não restando outro discurso aos petistas e lulistas (a horda que acompanha os discursos furados e ultrapassados de esquerda: PCdo B, PSOL, etc), já sabendo que iria sofrer o impeachment na Câmara, os ‘esquerdas de cartão corporativo’, passaram a atacar Eduardo Cunha e Michel Temer, como se os dois fossem uma coisa só, uma só trajetória.
Engano crasso dos petistas acreditarem neste discurso de ódio contra Michel Temer, pois o seu curriculum é invejável. Formado aos 23 anos em direito na USP, a melhor universidade de direito na época, alçou o diploma de ‘doutor em direito’ pela PUC de São Paulo dez anos depois. É autor de livros consagrados na área jurídica, tendo várias obras em repetidas reedições. Foi nomeado através de concurso procurador do Estado de São Paulo com 30 anos, foi procurador-geral do estado de São Paulo no governo Franco Montoro, posteriormente Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, depois foi novamente Secretário de Segurança no governo Luiz Antonio Fleury, e desde 1986 foi eleito ou ficou na suplência assumindo como deputado federal por seis legislaturas, até ser convidado a fazer parte da chapa de Dilma em 2010 e 2014. Assim as trajetórias entre Cunha e Temer são muito diferentes, que não cabe aqui explicar nestas linhas.
Pressinto que o discurso da ‘esquerda de cartão corporativo’ tende a radicalizar com o provável afastamento de Dilma do poder, como o discurso tacanho contra Michel Temer, sem fundamento e querendo que o ódio sobreponha a inteligência, o que levará o PT e seus agregados a voltarem a ser um partido nanico, dado que o povo brasileiro não aceita o discurso do ódio e da divisão. Quem viver verá!!!
Sergio Maidana
Advogado em Campo Grande (MS)