A realidade é mais eloquente que a demagogia: Boulos, usando dinheiro público, ainda saiu devendo...

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Existe um tipo humano que age na presunção da própria superioridade moral e se sente dispensado de ter respeito quando, em sua opinião, os outros são moralmente inferiores. Só que, às vezes, esse tipo acaba levando o troco: sim, "A banca paga e a banca recebe..."

O socialista Guilherme Boulos, com sua calculada agressividade, candidato do PSOL derrotado na disputa pela prefeitura de São Paulo, teve de bancar a ironia do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).

Ocorre que Boulos está pedindo doações para "pagar contas pendentes de campanha". E Kataguiri não deixou passar:

"Usando dinheiro público ele ainda conseguiu ficar devendo. Imagina o que ia fazer com a prefeitura?".

Ao ser o candidato do PSOL, Boulos foi escalado como ponta de lança de um programa partidário que visa à "superação da ordem capitalista" e à construção de uma "sociedade radicalmente diferente".

PSOL, PT, PCdoB e congêneres são explícitos em seus programas: têm por meta implantar uma ditadura socialista no Brasil. Está tudo escrito.

O plano desses partidos, todos de corte revolucionário, é usar os mecanismos da democracia para chegar ao poder.

E, quando conseguem, implantam um Estado autoritário e atrasado: a tragédia da Venezuela e o que está ocorrendo na Argentina são os exemplos mais próximos.

Os socialistas chamam isso de "fazer a revolução por dentro".

Desde sempre e com toda razão, Kataguiri criticou a candidatura Boulos, que (de olho no Brasil!) planejava submeter São Paulo a um programa revolucionário a ser entregue à sanha dos ditos "movimentos sociais".

Agora Boulos está numa enrascada: há "contas pendentes de campanha" e a maioria de seus eleitores não trabalha nem tem renda além da mesada do papai. Será que algum milionário excêntrico vai sair em seu socorro?

Ora, a psicopatia ideológica é mesmo curiosa: apesar de ser notório inimigo da propriedade privada e do empreendedorismo, e de combater o enriquecimento (dos outros!), Boulos poderá ser, como o foi na campanha, ajudado por gente rica com motivação hermética...

Em 2020, embora rotulados como maiores inimigos do socialismo, alguns ricos ajudaram a financiar extremistas do naipe de Guilherme Boulos.

Entre os colaboradores estão Marília Furtado de Andrade (herdeira de Gabriel Donato de Andrade, um dos fundadores da empreiteira Andrade Gutierrez), Arminio Fraga (homem de confiança de George Soros no Brasil e ex-presidente do Banco Central no governo FHC), Beatriz Sawaia Bracher (da família do banqueiro Fernão Bracher, fundador do BBA e ex-presidente do Banco Central) e Walther Moreira Salles Junior e João Moreira Salles (membros do Conselho de Administração no Grupo Itaú Unibanco).

Terão eles se deixado engrupir pelo discurso populista? Serão míopes de não enxergar o lobo sob a pele do cordeiro? Ou terão outras motivações?

Em 2018, falando a "companheiros" sobre o ministro Gilmar Mendes (do STF), o então deputado petista Wadih Damous assim se referiu: "O Gilmar hoje é nosso aliado, amanhã volta a ser o nosso inimigo, mas hoje ele é nosso aliado."

Poucas vezes se viu assim de modo tão explícito o relativismo moral, o cinismo e a truculência da esquerda confessional.

Não é crível que os tais colaboradores sejam ingênuos, que desconheçam a natureza do socialismo e que esperem lealdade dos revolucionários.

O eleitorado rejeitou Boulos. E repeliu o populismo de uma esquerda habituada a insuflar o ressentimento e o desânimo para, depois, oferecer soluções mágicas que, em lugar algum, jamais deram certo: a destroçada Argentina de hoje é um grito para o Brasil não afundar no mesmo abismo.

Pois que reflexionem os adultos, isto é, os que têm responsabilidade: o que ganhariam os tais ricos com a argentinização do Brasil?

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Renato Sant'Ana

Advogado e psicólogo. E-mail do autor: sentinela.rs@uol.com.br

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