A renúncia de Blatter é a clara demonstração de que o mundo do futebol está "podre"
Blatter convocou novas eleições ao comando da entidade e informou que não concorrerá neste novo pleito.
02/06/2015 às 16:58 Ler na área do assinanteO presidente da Fifa, Joseph Blatter, surpreendeu o mundo do futebol ao entregar seu cargo nesta terça-feira. A Fifa terá nova eleição. É o fim de uma era.
Joseph Blatter, aos 79 anos, era presidente da Fifa desde 1998, quando substituiu o brasileiro João Havelange no cargo.
Apesar de ter sido reeleito na sexta passada até 2019, o cartola suíço não resistiu à pressão colocada por investigações de autoridades americanas e desistiu do cargo
"Apesar de ter recebido um mandato dos membros da Fifa, eu não sinto que tenho um mandato de todo o mundo do futebol – dos fãs, dos jogadores, dos clubes e das pessoas que vivem respiram e amam o futebol tanto quanto nós todos amamos a Fifa. Portanto, eu decidi submeter meu mandato a um novo e extraordinário congresso eletivo. Eu vou continuar a exercer minhas funções como presidente da Fifa até as eleições", afirmou Blatter.
A renúncia de Blatter sucede a acusação de autoridades americanas de que Jérôme Valcke, secretário-geral da associação e braço direito do cartola suíço, esteve ciente do pagamento de US$ 10 milhões em propinas para Jack Warner, ex-presidente da Concacaf, em favor da África do Sul na Copa do Mundo de 2010. O The New York Times revelou a acusação na manhã desta terça, e a Fifa alegou em seguida que o responsável pelo pagamento teria sido Julio Grondona, falecido dirigente argentino. O Daily Mail, em seguida, desmentiu a entidade ao publicar carta da Associação Sul-Africana endereçada a Valcke na qual cobrava o repasse dos US$ 10 milhões.
Blatter convocou novas eleições ao comando da entidade e informou que não concorrerá neste novo pleito. Até lá, porém, seguirá no cargo, para o qual foi reeleito na semana passada - superou Ali Bin Al-Hussein, príncipe da Jordânia, por 133 votos a 73.
As novas eleições serão entre dezembro deste ano e março de 2016, de acordo com Domenico Scala, do Comitê de Auditoria da Fifa. Ele é o homem que coordenará o processo da nova eleição - terá, portanto, muito poder.
Blatter, enquanto isso, diz que respeitará os regimentos da entidade e que tentará criar novos mecanismos internos no órgão, que vive a pior crise de sua história.
Na semana passada, sete dirigentes da entidade, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, foram presos em Zurique, suspeitos de participar de um esquema de corrupção. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirmou que Blatter é um dos investigados, mas que não houve indícios contra ele.
da Redação