A falsa neutralidade jornalística: Não há ética e nem moralidade onde as coisas não são claramente nomeadas

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Há um equívoco muito comum entre leigos, levando-os a confundir proteção da criminalidade com "neutralidade jornalística". Nessa visão distorcida, um veículo que evita chamar as coisas pelos seus verdadeiros nomes, optando por eufemismos ou pura novilíngua, estaria fazendo um jornalismo "neutro", e, portanto, "ético".

Ocorre que não há neutralidade possível. A suposta neutralidade é, na verdade, uma tomada de posição: a defesa do que não presta.

Exemplo já clássico no Brasil são os programas de "debate", onde de um lado temos um "especialista" defendendo o crime - por exemplo, defendendo a "inocência" do Lula - e do outro alguém defendendo a vida honesta; e quando o lado honesto se exalta e chama o defensor de bandidos por nome mais próximo da realidade, é repreendido pelo mediador. Afinal, é preciso manter a neutralidade...

É assustador que milhões de brasileiros tomem esse circo, e tantos outros semelhantes, como sinônimo de jornalismo.

Não há ética e nem moralidade onde as coisas não são claramente nomeadas. A única ética real é a busca da verdade; e ela passa, necessariamente, pelo uso correto das palavras e pela decisão de não compactuar com o crime, nem mesmo no campo da linguagem.

Marco Frenette. Jornalista e escritor.

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