No Pará, professores fazem grupo para "cancelar" colégio as vésperas do Enem (veja o vídeo)
22/11/2020 às 10:20 Ler na área do assinanteEm Belém, uma confusão generalizada, entre os três sócios de uma das escolas mais elitizadas da capital paraense, está dando o que falar.
Na última terça-feira (17), um comunicado feito aos pais e responsáveis dos alunos pegou a todos de surpresa. O Sistema de Ensino Equipe, que conta com unidades em Belém, Ananindeua e Canaã dos Carajás, estava desligando do quadro de funcionários a diretora-executiva, Karla Cancela, Franci Thomas (direção administrativa), Lenes Mascarenhas (Recursos Humanos), Fernanda Rendeiro (Núcleo de Saúde), Rita Leão (Contabilidade), Dóris Carvalho (Financeiro), Walter Cancela Jr (Engenharia, Manutenção e Infraestrutura) e José Cohen (Jurídico, Internacional e High School).
Nem é preciso dizer que, por conta do número volumoso de funcionários de alto escalão saindo da escola, um burburinho começou a tomar conta da cidade em torno do motivo que levou os colaboradores a pedir demissão “em massa”, próximo das provas do Enem.
Como é de conhecimento geral, o Equipe conquista os primeiros lugares nos cursos mais concorridos das universidades públicas e particulares, desde a sua fundação, em 2003, pelo professores Nonato Reis, Hélio Castanheira e Walter Cancela (marido de Karla) e a “debandada” geral não caiu bem para um final de ano letivo conturbado como foi o de 2020 com a pandemia.
Mas, tudo não demorou a ser esclarecido, quando a própria ex-diretora, em vídeo postado no Instagram, informou que o motivo da saída dela era um processo que corre em segredo de justiça há algum tempo. Em redes sociais, um grupo de professores saiu em defesa de Karla e se colocou à disposição para lecionar na nova instituição que ela pretender inaugurar já em 2021: O Integrado. No dia seguinte, alguns professores escancaradamente “chamavam” os alunos para o novo empreendimento da concorrente.
Claro que nem todos concordaram com a atitude rápida e controversa dos “mestres”. Muitos funcionários do Equipe, que foram surpreendidos com a notícia, criticavam a atitude dos colegas de “falar mal da casa que tanto os ajudou”. Coro feito, inclusive, pelos alunos que se sentiram abandonados pela "debandada" e questionaram nas redes sociais.
Isso porque muitos dos professores que, hoje, fazem campanha na cidade para “cancelar” o Equipe, são jovens e iniciaram, profissionalmente, na escola. O Equipe ficou conhecido por exigir que seus professores fossem exclusivos do colégio e, para isso, os recompensava muito bem.
Nota dos alunos do Equipe:
Esta não é a primeira vez que Karla Cancela está envolvida em uma polêmica. Em 2015, ela sofreu retaliações na internet depois que a filha dela, Bruna Karla Barata Cancela, foi aprovada no curso de Medicina, da Universidade do Estado do Pará (UEPA), por meio de bolsa dos cotistas.
Filha do professor Walter Cancela, um dos sócios do gigantesco Sistema Equipe, Karla informou que a filha era bolsista integral da escola, mas não disse que o pai era o dono.
Essas cotas são destinadas a alunos de origem pobre, que não podem pagar a mensalidade ou que pagam uma parte dela.
"Ela é bolsista desde os três anos de idade, quando começou a estudar, porque o pai dela é professor sindicalizado. Então, antes de sermos donos da escola, ele é professor. E a situação dela é regular, pois a cota da UEPA diz somente se o aluno veio de escola pública ou foi bolsista integral em escola particular, o caso dela", explicou a mãe.
A promotora de justiça de educação do Ministério Público do Pará, Maria da Graça Cunha, na época, se manifestou concluindo que a aprovação da estudantes seguiu as normas do edital do processo seletivo da instituição e que não havia como impedir a matrícula dela na instituição.
"Para este vestibular, o que deve prevalecer é o Edital nº 039/2014. Do ponto de vista legal, todos os que se inscreveram e comprovaram a condição de bolsistas na rede privada de ensino estão aptos a assumirem as vagas", escreveu a promotora.
Já a pró-reitora de graduação da UEPA, Ana Conceição Oliveira, disse que a universidade, depois de ter tomado conhecimento dos fatos, iria adotar medidas mais rígidas para o ingresso de alunos cotistas nos anos seguintes.
"A UEPA pode fazer uma reflexão sobre suas cotas, mas, para o edital de 2015, está consolidado (a matrícula de Bruna Karla)", explicou, dando o aval para a família Cancela.
Confira o vídeo no link abaixo:
https://globoplay.globo.com/v/3891036/
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da Redação