Vetusto e solerte
No discurso do medo há mais que a hipocrisia
01/04/2016 às 17:47 Ler na área do assinanteO ex-presidente, reconheço, é resiliente. Não se deixa derrubar facilmente. Apesar de toda sorte de afecções que adoecem seu corpo político, alma política e mente politica segue montado no discurso vetusto porque deteriorado pelo tempo, solerte porque ardiloso e finório, e hipócrita porque finge bondades e apregoa falsas opiniões supostamente apreciáveis.
Essas virtudes, as quais alguns apreciam sobejamente humildes e outros, “sincera fide”, por oposição parecem ser verdadeiramente desvios, sinais de uma índole perversa, afirmações do tipo substancioso de um caráter abundante de ideais e doutrinas.
No conforto do manto que ainda o protege – e, na sinecura que o abriga no emprego público de oportunismo – tenta aspergir sobre seus sectários gotas de esperanças revolucionárias; falácias pela própria natureza do politiqueiro.
O povo, em parte, reage e assume postura induzida por suas palavras e gestos, endossados pelos discursos virulentos que, a um só tempo, disparados por políticos, líderes comunitários e sindicais, e tendo ao que se segue tal qual locomotiva engatada à outra, Dilma faz do Palácio do Planalto a sede da ralé para, sem disfarces, transformá-lo em palanque de comícios enquanto o país patina no desgoverno e o povo agoniza pela falta de tudo e pela sobra de nada.
E para que não me atribuam – antes da aquisição do saber – a pecha de peniafóbico, chamo ralé todos aqueles que – independentemente de qual estrato social emirjam – se movem com o apetite do sentimento do ódio, com a energia, disposição e vontade do confronto como se fossem outra raça ou espécie pronta para destroçar a sua presa – nós contra eles.
É do homem político; não exclusivo de Lula. E no fato estão todos, pois defender suas posições em momento tão tormentoso da vida política no Brasil é questão de autossobrevivência, menos de honestidade. E o país fadiga.
“Em qualquer discurso, por mais extravagante que seja a imaginação, se ficar aparente a deficiência de discrição, o discurso inteiro será considerado como sinal de falta de inteligência, o que jamais acontece quando a discrição é manifesta, por banal que seja a imaginação”.
“(...) Se à prudência se acrescenta o uso de meios injustos ou desonestos, a que os homens são geralmente induzidos pelo medo ou pela carência, tem-se aquela sabedoria tortuosa chamada SOLÉRCIA, sinal de pusilanimidade”.[1]
E no homem brota o bem e o mal.
“Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes.”[2]
Faço as citações porque o que vejo é doença que se espalha entre os homens e lhes retira a sanidade e o equilíbrio.
Ao ponto a que chegamos bem pode não ser o fim, mas o início de maior malefício, uma pandemia do mal, intolerância mútua que, decerto trará ruína e sofrimento.
Quem está disposto à desagregação nefasta de uma sociedade civilizada e harmônica que não tem esse histórico? Quantos “brasis” querem? Esqueceram-se de ponderar as consequências?
Uma boa reflexão:
“A Justiça, pois, que começou por dizer: “tudo pode ser pago e deve ser pago” é a mesma que, por fim, fecha os olhos e não cobra as suas dívidas e se equilibra a si mesma como todas as coisas boas deste mundo. Esta autoigualação da justiça chama-se ‘graça’, e é privilégio dos mais poderosos, dos que estão além da justiça. ”[3]
A crítica destacada acima fora lançada por Nietzsche em 1887. Seu ensaio vai contra todo tipo de razão lógica e científica aplicados sobre a moral. Sua pretensão foi responder aos questionamentos que impôs a si próprio, como: Em quais condições o homem inventou os juízos de valor expressos nas palavras ‘bem’ e ‘mal’ e que valor possuem tais juízos? Estimularam ou barraram o desenvolvimento? São signos de indigência, de empobrecimento, de degeneração da vida?
Dentre as conclusões, todas tão atuais, destaco uma por prescindível justificação: “Os débeis escolheram tal condição: assim ocultam sua impotência com a máscara do mérito. Deste modo imperam a falsificação, a vingança dos impotentes contra os nobres. Transformam a impotência em bondade, a baixeza em humildade, a covardia em paciência. (...).”
É dado o momento para fazer fluir a razão, abandonar as paixões e revelar o bom senso para o bem único possível: “A unidade nacional”.
JM Almeida
[1] Hobbes, Thomas – Leviathan ; Ed. Tessitura : Belo Horizonte | 2011 : p. 127
[2] Mateus 9:12 | Bíblia Sagrada
[3] Nietzsche, F. – A genealogia da moral / Friedrich Wilhelm Nietzsche : Dissertação Segunda: A “falta”, “a má consciência” – 3 ed. | Editora Vozes
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JM Almeida
João Maurino de Almeida Filho. Bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Jurídicas.