A “compaixão” pelo suicídio de Elias Maluco e o absurdo questionamento ao governo sobre as condições do encarceramento
27/09/2020 às 10:47 Ler na área do assinanteNotícia nacional: O perigosíssimo traficante Elias Pereira da Silva cometeu suicídio.
O chefe do tráfico "Elias Maluco" cumpria pena de 28 anos e seis meses pela morte do jornalista Tim Lopes, além de outras condenações.
Tim Lopes pretendia denunciar a exploração sexual de menores no tráfico e no consumo de drogas, mas foi descoberto por integrantes da quadrilha, levado até um local remoto, torturado de forma brutal, e morto com golpes de espada.
Após tudo isso, seu corpo ainda foi desmembrado e queimado em um tonel com óleo combustível.
O mandante de todo esse horror: Elias Maluco.
Na maioria dos países ditos “desenvolvidos”, o culpado por tal crime seria sentenciado à pena de morte. No Brasil, não. Aqui ele tem a pena de restrição de liberdade, onde fica detido às custas do governo, ou melhor dizendo, do contribuinte.
Esse homem, que ganhou a vida e a fama destruindo a vida de outras pessoas, agora deve ser o alvo de nossa compaixão, pois resolveu tirar a própria vida. Assim pensam instituições como a ONG Anjos da Liberdade.
Mas e a vida de quantos outros ele tirou no seu caminho do crime, até a prisão? E mesmo lá dentro?
Pois sabemos que, na maioria dos casos, eles continuam “gerenciando seus negócios” de dentro da cadeia, como é o caso de outro traficante preso, Marco Antônio Pereira Firmino da Silva – conhecido como My Thor – que ordenou, de dentro do presídio, o assassinato de uma ex-namorada, a estudante Ruth Tentuge, de 19 anos, por acreditar que ela o traia.
Assim, o resultado da última ação de Elias Maluco – o suicídio – para o Instituto Anjos da Liberdade é digno de compaixão.
E também o questionamento ao governo brasileiro, por parte da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), sobre as condições de encarceramento no presídio onde este e outros três traficantes condenados por crimes hediondos cumprem suas penas.
A CIDH classificou como “tortura e pena cruel” o modo que Elias Maluco era mantido, assim como Márcio dos Santos Nepomuceno (o Marcinho VP), Marco Antônio Pereira da Silva (o My Thor) e Márcio José Guimarães (o Tchaca).
Vale lembrar que vários dos países signatários da Convenção Americana dos Direitos Humanos aplicam a pena de morte para crimes hediondos. É uma situação, no mínimo, irônica.
E como apoio ao questionamento da CIDH, a presidente da ONG Anjos da Liberdade, que já tentou reverter as condições carcerárias desses criminosos, ao fazer uma declaração sobre o suicídio de Elias Maluco, disse: “Infelizmente, mais uma morte causada por este sistema perverso que desumaniza seres humanos”.
A pergunta que fica ao sabermos do posicionamento de tais entidades é: até quando, em nome do politicamente correto, organizações que visam proteger os Direitos Humanos irão se preocupar apenas com os criminosos, e nunca com as vítimas e suas famílias?
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