"Bomba" da inadimplência do "Minha Casa Minha Vida" está prestes a estourar
A queda na renda do trabalhador brasileiro e o aumento do desemprego já se refletem na elevação da inadimplência
01/06/2015 às 05:55 Ler na área do assinanteO aumento dos atrasos no pagamento de financiamentos imobiliários do Programa Minha Casa, Minha Vida começa a preocupar a Caixa Econômica Federal, que já estuda como atuar para diminuir a inadimplência no âmbito do programa. Na faixa 2 e 3, a inadimplência estava, em agosto, em 2%. Em dezembro de 2012, o percentual de atrasos acima de 90 dias estava em 1,3%, nível considerado pela instituição ideal, pois se aproxima das operações com recursos da poupança. Os atrasos nessas faixas são assumidos pelas instituições financeiras, corroendo parte do lucro.
A queda na renda do trabalhador brasileiro e o aumento do desemprego já se refletem na elevação da inadimplência no Minha Casa Minha Vida, maior programa habitacional do país.
O rombo no programa habitacional dos participantes com renda mensal mais baixa, de até 1.600 reais, categoria de renda mais baixa, o atraso nos pagamentos é dez vezes maior que média dos financiamentos imobiliários do Brasil e 4% superior até ao dos créditos podres que provocaram a crise nos EUA em 2007, quando chegou ao patamar de 16% de atrasos, detonando o gatilho da crise que desencadeou a pior recessão desde o fim da II Guerra Mundial, e se alastrou pelo mundo.
Números do Ministério das Cidades mostram que os atrasos acima de 90 dias, período a partir do qual o cliente é considerado inadimplente pelo sistema bancário, atingiram em março 21,8% dos financiamentos concedidos na faixa 1 do programa, destinada às famílias com renda mensal de até R$ 1.600.
Esse grupo paga prestações mensais entre R$ 25 e R$ 80 por um período de dez anos, o que corresponde apenas a cerca de 5% do valor do imóvel que vão receber.
Nesse caso, o valor não pago pelo mutuário é bancado pelo Tesouro Nacional.
Nas faixas 2 e 3 do programa, que inclui famílias com renda de até R$ 5.000, a inadimplência também subiu, de 1,9% para 2,2% nesse intervalo. Apesar de bem inferior ao da faixa 1, o dado está acima da média do mercado, que no mesmo período caiu de 1,8% para 1,7%.
As perdas nessas faixas são assumidas pelo banco que concedeu o empréstimo ao mutuário, como em qualquer financiamento imobiliário.
O aumento dos atrasos entre esses mutuários também levou a Caixa a suspender, em fevereiro, o programa Minha Casa Melhor. Tratava-se de uma linha para compra de móveis e eletrodomésticos com prestações de pouco mais de R$ 100.