O PT e entidades associadas conseguiram reunir uma multidão na Avenida Paulista. Cerca de 100 mil segundo o Data Folha. Bem menos que os 500 mil, segundo o mesmo instituto, no domingo dia 13. Muito mais segundo os organizadores.
É certo que muitos foram com a condução contratada pela CUT e outros movimentos sociais. Receberam o seu lanche, de pão com mortadela e uma ajuda de custo. Mas se enganam os que acham que só esses estavam presentes na Avenida Paulista. Teve muita classe média que foi voluntariamente.
O contingente dos mais pobres é massa de manobra. São seduzidos pelos discursos do Lula. Para eles é o São Lula, não um homem comum. Atualmente perseguido, como foi Jesus.
Evidentemente a mobilização deles à Avenida Paulista, é subsidiada, porque eles não tem recursos próprios nem para a condução. E o lanche é necessário para aguentar as várias horas de movimentação até a Avenida e lá permanecer. Além disso foi uma grande oportunidade para conhecer a cidade.
Uma outra parte, dos manifestantes era de classe média, chegando à Avenida por meios próprios. Muitos de carro, deixando-o nas imediações e seguindo a pé. Pela movimentação segundo os horários, seria maioria. A ocupação da avenida foi maior por volta das 18 hs.
A classe média está dividida, com um grande divisor de águas: a corrupção.
A parte maior dá prioridade absoluta ao combate à corrupção, inaceitando-a nem mesmo como meio para alcançar objetivos nobres. Colocam-se contra todas as autoridade suspeitas de corrupção, mas o principal foco é o Governo Federal, o PT e agora Lula, tido como o chefe-mor da quadrilha que delapidou a Petrobras.
Não conta com uma liderança política, mas uma figura simbólica: o Juiz Sérgio Moro.
A outra parte prioriza a ação social, a redução da desigualdade econômica e social e, na defesa dessa é leniente com a corrupção. Diante das evidências que a obriga reconhecer a sua existência, racionalizam a sua aceitação, "por que todo mundo faz", principalmente os governos tucanos, tomados como o grande adversário ou inimigo.
Essa classe média de esquerda, sempre existiu, é minoritária dentro do segmento, mas é bastante ampla, significativa e disposta a "mostrar a sua cara", quando provocada ou ameaçada. Foi o que demonstrou ontem, dia 18 de março na Avenida Paulista, em São Paulo e em diversas outras cidades.
Na comparação com a classe média oponente, perderam. Mas não feio, de goleada. Não foi de 7 x 1, mas de 4 x 2, ou 4 x 3.
As perspectivas ou tendência é que ela perca, mas vão vender caro a derrota. Não vai ser de graça.
Vão resistir, vão mobilizar a sua massa de manobra, como o fizeram ontem. Mas acabaram por evidenciar que são minoria.
Não tem posições consistentes, o que facilita as defecções.
A principal palavra de ordem é "não vai ter golpe" para resistir contra os movimentos para retirar Dilma da Presidência, mas tem que justificar que a manobra para colocar Lula, formalmente, como Ministro chefe da Casa Civil, mas realmente, como chefe do Governo não é golpe.
Mas continua sendo uma parcela significativa da classe média, disposta a resistir. Passando para o ataque se necessário.
As circunstâncias de ontem indicam que Dilma, Lula, o PT e seus correligionários tendem a perder as próximas batalhas e Dilma "vai cair". Mas não significa que vão perder a guerra. Vão levar a batalha decisiva para 2018.
Lula cometeu um grave erro estratégico e não contou com a reação estratégica de Sérgio Moro. Extravasou a sua reação pessoal em relação ao que considera injusta perseguição a ele. E se indispôs com três grandes corporações: o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal.
Com as regravações das explosões verbais de Lula nas mãos, sob o risco de perdê-las o Juiz as trouxe a público. Com efeito jurídico duvidoso. Mas de efeito político devastador.
O destino de Lula está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, cujos ministros Lula os disse que são frouxos e covardes. E essas grosserias típicas de Lula vieram a público, deixando os Ministros com "saia justa".
Perante a opinião publicada, mesmo que decidam, com a sua consciência e interpretação jurídica, a favor de Lula, serão vistos como "vendidos".
Eles são influenciados pela pressão da opinião publicada, não pela opinião pública. Não estão sujeitos ao voto popular, mas às campanhas da mídia e do seu meio social.
Podem adiar o processo fazendo com que as decisões finais ocorram paralelamente ao processo de impeachment da Presidente. Haverá uma forte interação entre os dois processos e a tendência é de derrota do Governo e do PT.
O que irá deflagrar várias conturbações sociais. Mas não chegará a uma conflagração.
Jorge Hori
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Jorge Hori
Articulista