Mesmo após 6 meses da discussão sobre o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 ter tomado as principais manchetes do mundo, a eficácia do medicamento na cura de pacientes com coronavírus continua sendo ignorada por grupos políticos, organizações e parte da ciência.
Se por um lado, a cloroquina, ou hidroxicloroquina, carece ainda de estudos científicos mais precisos e de tal forma demorados, podemos observar um considerável número de pacientes recuperados após o uso já ministrados por médicos que decidiram adotar o tratamento em seus pacientes positivados com o vírus nas primeiras semanas.
Mas por que existiria tanta má vontade em desburocratizar um medicamento que cada vez mais vem dando resultados satisfatórios?
Levantamos algumas hipóteses que justificariam a vista grossa em tornar a cloroquina o fármaco principal no combate ao novo coronavírus:
1 - A politização da cloroquina
Em março de 2020, o microbiologista e infectologista francês Didier Raoult descobriu que o princípio ativo de um remédio usado no tratamento da malária poderia ser usado no tratamento da Covid19, reforçando o sistema imunológico dos pacientes. Desde então, Chefes de Estado têm se dividido contra e a favor do procedimento.
O uso da cloroquina, foi proibido pelo governo francês desde então, mesmo após o presidente Emmanuel Macron visitar e conhecer as pesquisas de Dr. Raoul no seu laboratório, em Marselha.
"Não tenho o direito de usar o único tratamento que até agora se mostrou bem sucedido. Estou convencido de que, no final, todos usarão esse tratamento... Quando você tem um tratamento que funciona contra zero outro tratamento disponível, esse tratamento deve se tornar a referência", disse o renomado infectologista Didier Raoult ao Jornal Le Parisien em 22 de Março de 2020.
(Artigo original da entrevista de Raoult a Le Parisien - https://is.gd/4Yt3h6)
Essa disputa se acirrou ainda mais quando líderes conservadores adotaram a cloroquina como um trunfo na sua resposta à pandemia.
O primeiro-ministro Boris Johnson no Reino Unido, Donald Trump nos Estados Unidos e Jair Bolsonaro no Brasil se destacaram entre os líderes mundiais que defenderam o uso do medicamento para o tratamento, até mesmo os próprios usaram tanto no tratamento (Johnson e Bolsonaro contraíram o vírus), como na profilaxia (Trump usou como prevenção).
A Organização Mundial de Saúde, que desde o princípio da pandemia parece desencontrada em suas ações, no primeiro momento desaconselhou o uso, justamente pela carência de exames científicos mais apurados, com protocolos tradicionais que, para os defensores do medicamento, seria incoerente devido ao fato do crescimento da letalidade provocado pelo vírus, que não espera resoluções formais.
Não muito tempo depois voltou atrás, após as falhas nos estudos científicos sobre o uso da cloroquina publicado pela revista The Lancet - publicação onde a OMS sustentava sua posição - terem sido reveladas.
Sendo assim, a esquerda se encostou em todos os mínimos e frágeis argumentos que contestavam a decisão de governos de direita para usar o assunto como bandeira política.
Para o Virologista e Professor da USP, Paolo Zanotto, a cloroquina sofreu uma politização no Brasil pelos opositores do Presidente Jair Bolsonaro, que demonizaram o medicamento para a opinião pública:
“Até começar essa bagunça toda, você comprava a hidroxicloroquina nas farmácias sem receita, (…) Que grande favor esses governadores que sequestraram esse remédio estão fazendo para o povo, além de estarem potencializando a mortalidade em massa? Que país nós estamos vivendo? Como é possível que jornalistas, ‘heróis da web’, um bando de desinformados, ativistas políticos começarem a gritar por uma coisa que os parentes deles tomam há décadas?”, desabafou Dr. Zanotto em entrevista para a TV Jornal da Cidade Online, que foi ao ar em 23 de maio de 2020.
Confira:
Governadores e Prefeitos brasileiros, amparados por um dispositivo jurídico chancelado de forma inédita e absurda pelo STF, quando minou a autonomia do Poder Executivo na condução dos procedimentos ao combate ao vírus, travaram uma verdadeira batalha com o Presidente da República nas ações em seus respectivos Estados e Municípios.
Flávio Dino, Governador do Maranhão, Wilson Witzel do Rio de Janeiro e João Dória de São Paulo foram os principais, sendo Dória o articulador desse movimento que usou de um momento delicado para fazer oposição ao Presidente, em um claro intuito político.
David Uip, que coordenava o Centro de Contingência do Coronavírus no Estado de Paulo, contraiu o coronavírus e se tratou com a cloroquina, sendo ele proibido de comentar qual medicamento usou. Sua receita médica vazou publicamente e colocou mais um indício que o debate sobre a cloroquina teria se tornado uma disputa política no Brasil.
O renomado pediatra e toxicologista Dr. Anthony Wong, também fez graves denúncias sobre as atitudes dos governantes:
“As informações que nós temos, tanto do Ministério da Saúde, como de órgãos distribuidores... estamos tendo um excesso de suprimento de hidroxicloroquina. Está sendo escondido por governantes mal intencionados. Isso é crime contra a humanidade. Tem até prefeitos e governadores, como se fossem médicos, proibindo os médicos de prescrever remédio, onde já se viu isso? Não conheço ninguém que morreu por causa de hidroxicloroquina para prevenção de malária, por que agora?”, revelou Dr. Wong com exclusividade ao Jornal da Cidade Online.
Confira:
A Dra Raíssa Soares, Médica Clínica Geral em Porto Seguro, na Bahia, também revela que sofreu perseguição por ter defendido o uso do medicamento no seu estado:
“Quando eu fiz o vídeo para Bolsonaro [pedindo que enviasse o remédio para Porto Seguro], em 24 horas eu fui desligada do hospital estadual. Mas eu entendi que foi uma benção para mim, foi um recado muito claro que o estado era contra o que eu estava fazendo, mas foi um presente para mim, que não estava dando conta de atender em tantos lugares. É uma crise ética, de ataques entre colegas médicos, de destrato entre colegas médicos. Eu convoco os conselhos regionais de medicina, eles precisam atuar em prol da ética médica”, ressaltou a doutora em entrevista para a TV Jornal da Cidade Online.
Confira:
2 - Guerra Farmacêutica
Com o número oficial de 920.847 mortes no mundo causados pela Covid19 [número registrado até 13 de setembro deste ano] e sem nenhuma resposta ou previsão de uma ação eficaz para conter a pandemia, a indústria da “Big Pharma” se viu diante de um desafio, porém muito vantajoso economicamente, já que o mundo inteiro precisava de medicamentos, assim como vacinas que prevenissem o contágio do novo e letal vírus.
Especulações não faltaram, quando a corrida das vacinas se iniciou. A Sinovac, laboratório da China, país onde o vírus se originou, foi uma das primeiras a declarar que teriam obtido sucesso na produção de suas vacinas. Este laboratório por sinal é o que, em acordo entre o Governo de São Paulo e a China, em agosto de 2019, seria o responsável pela produção de vacinas para doenças contagiosas a serem usadas no Estado Brasileiro comandado por Dória. O curioso é que o acordo foi fechado 3 meses antes do primeiro caso do novo coronavírus registrado no mundo.
A Rússia também largou na frente ao oficializar o que Vladimir Putin disse ser a primeira vacina contra Covid19 aprovada no mundo. Apesar das críticas pelo curto tempo de testes realizados na pesquisa - especialistas contestam que a vacina teria sido aplicada antes mesmo da fase 3 - o governo russo já fechou acordo com o governo da Bahia para o fornecimento de 50 milhões de doses da vacina Sputnik V.
A Universidade de Oxford, na Inglaterra, seria a responsável pela produção da vacina de mais “confiança” entre a população mundial e especialistas, com estudos iniciados em humanos no mês de abril deste ano.
Oxford chegou a distribuir a produção da vacina para outros países, incluindo o Brasil, através da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, em um acordo mediado pelo então Ministro da Saúde do Brasil, Nelson Teich. Nas últimas semanas, a vacina ChAdOx1 nCoV-19, produzida pelo laboratório AztraZeneca juntamente com a Universidade, provocou efeitos colaterais em uma voluntária no Reino Unido. No Brasil, os testes foram suspensos enquanto o caso era investigado, mas a ANVISA já notificou a retomada. A Fiocruz também está pesquisando o uso da vacina contra BCG como alternativa a prevenção do Coronavírus, o estudo ainda se encontra em fase inicial.
Além dessas vacinas, as corporações farmacêuticas têm investido seu capital na produção de suas próprias vacinas, como é o caso da Johnson & Johnson , que junto com a Sinovac tem visto suas ações crescerem abruptamente durante a pandemia:
E o que a Cloroquina teria a ver com isso?
Fato é que a cloroquina tem mostrado resultado na prática. Prova disso é o estudo realizado pela Prevent Sênior que relata que 300 pacientes de coronavírus já foram curados pelo medicamento.
“Já temos 500 pacientes tratados com hidroxicloroquina mais azitromicina no início da doença dos que precisaram de internação. Desses, 300 já receberam alta hospitalar e estão em casa”, disse o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior em entrevista à revista Exame em Abril de 2020
(https://exame.com/negocios/tudo-o-que-se-sabe-sobre-a-pesquisa-da-prevent-senior-com-cloroquina/)
Já Dra Raissa Soares mostrou números oficiais do hospital onde tratou os pacientes fazendo o tratamento precoce com a hidroxicloroquina, na cidade de Porto Seguro, Bahia. De abril a julho, em um hospital privado da cidade, foram atendidas mais de 1.000 pessoas, e ninguém que tomou o remédio precocemente morreu, confira a entrevista completa da médica:
Com isso, sendo a cloroquina comprovadamente eficaz no tratamento da Covid19, significa que o uso das vacinas pode não ser necessário, assim como não precisamos tomar vacinas toda vez que contraímos gripe ou para prevenir, apenas em casos de doenças novas que ainda não existe medicação indicada.
Com o “mercado das vacinas” e o chamado “nacionalismo das vacinas” em alta, os lucros que a produção, destruição e acordos que esses produtos têm gerado para países e grandes corporações declinariam.
Até então são especulações, porém, é inegável que há uma guerra de narrativas e, seja ela tanto de origem política ou corporativa, quem só perde diante disso é a população mundial, que refém da ignorância e agredida por máquinas poderosas de desinformação, continua sofrendo, morrendo e impedida de buscar o melhor para sua própria saúde.
Luís Cacio
Repórter da equipe A Verdade